No último dia 14, a Prefeitura de Teresina determinou a flexibilização do uso de máscaras ao ar livre, indo contra as recomendações do Governo do Estado, no qual o Comitê de Operações Emergenciais (COE) obriga o uso da máscara em todos os municípios do Piauí, inclusive na capital. O que chama atenção é que, segundo os dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi), a semana passada teve uma alta de novos casos confirmados.
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Segundo os boletins, de 14 a 18 de março, foram confirmados, em média, 128 novos casos por dia. Os altos números, segundo o professor Emídio Matos, pesquisador da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e integrante do COE do Governo do Estado, estão relacionados com alguns fatores.
“Durante o feriado do Carnaval as pessoas viajaram. Também tivemos a volta às aulas presenciais na rede pública de Ensino e uma maior flexibilização dos eventos, aumentando para 80% ao ar livre e 70% em ambiente fechado. Tudo isso pode impactar no número de casos”, explica.
Emídio Matos pontua que é preciso aguardar mais uma semana para avaliar se a flexibilização do uso da máscara terá prejuízos, como o aumento de novos casos confirmados, internações e óbitos. Na próxima semana, o COE deve se reunir para avaliar os dados epidemiológicos e deliberar sobre a flexibilização ou não do uso de máscara no Estado.
Professor Emídio Matos, pesquisador da UFPI e integrante do COE Estadual (Foto: Assis Fernandes/ODIA)
“Nossa precaução é esperar duas semanas epidemiológicas, para verificarmos se esse conjunto de ações vai impactar no número de casos. Na semana que vem faremos uma análise em relação à máscara. Entendemos que é uma medida segura e eficaz, não há dúvida sobre isso. Uma pesquisa apontou que 80% da população é favorável ao uso de máscaras. A gente não entende qual é a necessidade de se acelerar essa retirada de máscara", frisa.
Para o pesquisador, flexibilizar o uso obrigatório de máscaras é uma atitude prematura, especialmente para os municípios que estão com as doses de reforço com percentual baixo. Ele cita a cidade de São Raimundo Nonato, que está com a vacinação da terceira dose acima de 75% e é um exemplo na campanha de imunização. Em contrapartida, alguns municípios estão com a terceira dose abaixo de 20%, ou seja, a população está suscetível à contaminação da variante Ômicron em sua forma mais grave.
“Estamos em um novo cenário de pandemia, com redução consistente de número de casos, óbito e redução de ocupação de leitos hospitalares, o que é muito bom, mas isso não significa que a pandemia tenha acabado. Preferimos ser conservadores e recomendar a permanência do uso de máscara porque há uma heterogeneidade muito grande na vacinação na dose de reforço, e vários estudos mostram que a dose de reforço é fundamental para proteger contra o adoecimento grave das pessoas infectadas com a variante Ômicron”, complementa Emídio Matos.