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"Não há motivo para alarde", diz climatologista sobre onda de calor no Piauí

No Piauí, a época mais quente do ano já começou. Neste período, no famoso BRO-Bró, é comum que as temperaturas atinjam números mais altos e o clima fique mais abafado. No entanto, existe uma tendência de crescimento das ondas de calor em que as temperaturas no Estado podem ultrapassar 40º C. 

Jailson Soares/ODIA
Temperaturas no Piauí podem ultrapassar 40º C

Nesta segunda (18), o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) já emitiu três alertas para o Piauí: um aviso para possibilidade de vendaval, com ventos variando entre 40 km/h e 60 km/h; e outros dois para umidade relativa do ar, que pode cair para 20% em todo o Estado e para 12% nas regiões sul e sudoeste piauienses. A baixa umidade do ar gera preocupação uma vez que pode causar danos como ressecamento das mucosas das vias aéreas, além de maior dispersão de gases poluentes. 

Confira aqui os alertas

Reprodução/INMET
INMET emite três alertas para o Piauí nesta segunda (18)

As altas temperaturas devem atingir não somente a região piauiense, como todo o Brasil. Conforme aponta o monitoramento do MetSul Meteorologia, grande parte do país está em alerta para episódios de calor fora do normal nos próximos dias. O levantamento informa que, por conta de uma massa de ar extremamente quente que vai cobrir o território nacional, as temperaturas esperadas devem superar os valores médios históricos de temperaturas já registrados em todas as regiões do país. 

Vários estados, além do Piauí, deverão passar por momentos de calor intenso. Dentre eles estão: Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Rondônia, Amazonas, Pará, Tocantins, Bahia e Maranhão. 

De acordo com o MetSul Meteorologia, o epicentro da onda de calor está localizado entre o Paraguai, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, formando uma “doma" ou "bolha de calor”, um fenômeno atmosférico que ocorre quando áreas de alta pressao permanecem no mesmo local, comprindo o ar e elevando as temperaturas. Um calor extremo deve atingir a maioria das cidades dessa região, que podem registrar temperaturas entre 43 ºC e 45 ºC.

Reprodução/MetSul
Entenda o que é a "bolha de calor"

O nível de calor esperado para os próximos dias pode trazer risco à saúde. A MetSul Meteorologia adverte que existe maior risco de vida à população vulnerável, como enfermos e idosos. Sobre o assunto, o climatologista Werton Costa orienta que as pessoas evitem exposição direta ao sol e mantenham-se hidratadas. 

“A orientação é que as pessoas não descuiden do cuidado com crianças, idosos e consigo mesmo. Que cumpram o princípio da autoproteção, façam a hidratação regular, evitem a exposição desnecessária aos horários de insolação de alta incidência radiativa e mantenham uma rotina de atividade física compatível com a sua condição física, sob orientação médica, evitando esforços desnecessários".

Werton CostaClimatologista
Assis Fernandes / O DIA
Werton Costa orienta que pessoas mantenham hidratação durante período quente

O climatologista lembra que a Defesa Civil está monitorando a repercussão do fenômeno El Niño no Piauí, que altera a circulação atmosférica e amplia a condição de calor e baixa umidade. Werton Costa diz que não há motivo para alarde com o alerta da onda de calor. A Defesa Civil Estadual e a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semar) seguirão emitindo boletins para manter a população informada sobre a situação.

Aumento do calor é reflexo das mudanças climáticas

Nos últimos anos, as ondas de calor ao redor do mundo têm aumentado de intensidade, duração e frequência, tendo em vista ações humanas que levam ao desequilíbrio ambiental, como a queima de combustíveis fósseis, produção acelerada de bens de consumo e uso inconsciente dos recursos naturais.

Um estudo realizado em junho de 2021 pelo programa World Weather Attribution descobriu que as altas temperaturas diárias observadas em uma área que abrange grande parte do Oeste de Oregon, Washington e Colúmbia Britânica teriam sido “praticamente impossíveis sem as mudanças climáticas causadas pelo homem”.

Para o pesquisador Sérgio Margulis, do Instituto Internacional para a Sustentabilidade e da WayCarboniante, a população mundial acabou se adaptando à essa problemática ao invés de adotar uma posição de mudança, ou seja, tornar menos agressivo aos impactos no meio ambiente.