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No Piauí, apenas 14% das empresas incentivam contratação de mulheres LGBTQIAP+

Diariamente ouvimos discursos sobre a valorização da diversidade nas empresas. No entanto, quando se trata da inclusão de pessoas LGBTQIAP+ no mercado de trabalho, os números revelam uma realidade ainda preocupante: no Piauí, apenas 14,4% das empresas possuem políticas de incentivo à contratação de mulheres lésbicas, bissexuais e transgêneros.

O dado é proveniente do 1º Relatório de Transparência Salarial, divulgado pelo Ministério das Mulheres e do Trabalho e Emprego (MTE) na segunda-feira (25).

Comparativamente, os dados nacionais também mostram os desafios a serem enfrentados. No Brasil, somente 20,6% das empresas incentivam a contratação de mulheres LBT, mostrando que o problema não é exclusivo do Piauí, mas sim uma questão nacional que demanda atenção. 

Tânia Rêgo/Agência Brasil
No Piauí, apenas 14% das empresas incentivam contratação de mulheres LGBTQIAP+

Mesmo quando conseguem ingressar no mercado de trabalho, as pessoas LGBTQIAP+ continuam enfrentando uma série de desafios adicionais. Segundo dados da Center for Talent Innovation divulgados pela Catho, 41% dos membros dessa comunidade relatam terem sido vítimas de discriminação em relação à sua sexualidade e expressão de gênero em seus empregos.

Em entrevista ao Portal O Dia, Marinalva Santana, vice-coordenadora do Matizes, uma organização sem fins lucrativos que defende os direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros, comentou que a persistente discriminação enfrentada por mulheres LGBTQIAP+ as impedem de adentrar no mercado de trabalho, mesmo quando as mesmas têm o perfil adequado para determinado cargo.

“Infelizmente, a exclusão das mulheres lésbicas, bissexuais e trans no mercado de trabalho e no empreendedorismo é uma realidade. Muitas vezes, a mulher tem o perfil que a empresa procura, mas a discriminação de gênero e de orientação sexual, impede essas mulheres de acessar o mercado de trabalho. Além disso, a própria sociedade contribui para a exclusão das mulheres lésbicas, bissexuais e mulheres trans”.

Marinalva SantanaVice-coordenadora do Matizes
Reprodução/Matizes
Marinalva Santana, vice-coordenadora do Matizes

A vice-coordenadora ressalta ainda que, mesmo quando uma mulher lésbica ou trans opta por empreender, ela enfrenta obstáculos no acesso a empréstimos ou a qualquer tipo de assessoria para iniciar seu próprio negócio. 

Uma das formas de mitigar esse problema é, justamente, através de políticas públicas inclusivas. Em Teresina, por exemplo, foi adotada a Lei 5791/2022, que estabelece o ‘Selo Teresina Território Livre de LGBTQIfobia’, concedido pelo Matizes às empresas que adotam práticas de inclusão e demonstram respeito à diversidade. 

Arquivo O Dia
Em Teresina, foi adotado o ‘Selo Teresina Território Livre de LGBTQIfobia’

Ainda segundo Marinalva Santana, existe uma grande necessidade de ações governamentais na promoção da diversidade e inclusão. “Em nosso estado, as secretarias voltadas aos direitos das mulheres ainda se omitem em relação às mulheres lésbicas e trans. Infelizmente, com a omissão estatal e municipal, a situação de exclusão só se agrava”, acrescenta.

Procurada pelo O Dia, a Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres (SMPM) explicou que, além das ações voltadas ao enfrentamento da violência contra a mulher, incluindo as mulheres LGBTs, o órgão também promove oficinas de capacitação profissional. Isso permite que essas mulheres adquiram habilidades necessárias para o mercado de trabalho e também fortaleçam sua autonomia econômica.

"Os serviços monitorados e geridos pela pasta atendem mulheres lésbicas, trans, bissexuais e travestis, além de incentivar que, caso necessitem, procure nossas unidades na capital. Os serviços estão de portas abertas para todas as mulheres, independente da sua classe, raça ou identificação sexual", disse a secretaria por meio de nota.