Ser professor não é só saber ensinar. É também saber aprender, constantemente! É um itinerário diário na busca pelo conhecimento. É uma jornada que não tem fim, porque o saber é infindável. Mas diante dos desafios dessa profissão no Brasil, que não são poucos – baixíssima remuneração, falta de estrutura das instituições de ensino públicas e os perigos desta atividade – buscar motivações para entrar na área e se manter um profissional atualizado é uma tarefa nada fácil e que requer muita dedicação e vontade.
O Dia do Professor faz alusão ao 15 de outubro de 1827, data em que o imperador Dom Pedro I promulgou a Lei Geral relativa ao Ensino Elementar. A lei é considerada um marco no Brasil por ter sido a primeira norma a regulamentar questões relacionadas ao sistema educacional brasileiro. Porém, com tantas dificuldades no cenário atual da educação do Brasil, a data serve para refletirmos a profissão e nos questionarmos: o que ainda motiva os professores a exercerem a profissão no Brasil?
Professor Tito Silva: ser agente de mudanças é a sua motivação
Francisco da Silva Almeida, ou Tito Silva, tem 33 anos e reside em Lagoa Alegre, pequeno município de pouco mais de oito mil habitantes, no Norte do Piauí. Se já é desafiador fazer educação nos grandes centros urbanos, com melhor estrutura, imagine ser professor no interior do Piauí! Para o educador, até mesmo a escolha da profissão foi bem óbvia, devido à falta de opções.
“Depois fui percebendo que ali era o meu lugar, porque eu gosto de comunicação, eu gosto de debate, eu gosto de discussão, eu gosto de uma aula dialogada, eu gosto de provocar mudanças, e o professor está diretamente relacionado a isso”, disse Tito.
A rápida identificação com a profissão não faz ele deixar de lado as dificuldades no exercício do “ser professor”. A remuneração profissional aquém da importância da educação e as mudanças constantes que as tecnologias provocam no ensino fazem o professor refletir sobre a profissão.
“E a questão dos desafios que a gente enfrenta todos os dias, eles estão maiores de acordo com o passar dos anos. Porque você percebe que essa galera de hoje, é uma galera muito tecnológica, e muito desatenta. E por essa razão, você tem que ser um professor e “artista” ao mesmo tempo. Alguém que cria condições para que os alunos consigam prestar atenção na aula. E você concorrer o tempo todo com a tecnologia que está ali, que é muito mais atrativa, que tem muito mais assunto, mais conteúdo, é muito complicado. Então eu acho que o maior desafio do professor hoje é prender a atenção das crianças”.
Mas a grande cobrança de toda a classe - a remuneração profissional -, claro, é também do jovem professor. “É um salário pouco compensador e querendo ou não a gente precisa ser real: as cabeças que vão parar na sala de aula para fazer uma Licenciatura são geralmente aquelas pessoas que não deram certo em algum outro lugar, ou que se decepcionaram com algum curso e que eles estão ali, mas que em algum momento elas vão sair porque o salário também não é compensador”, afirma Tito.
“É um dos únicos profissionais que levam trabalho para casa, é o único profissional que está no domingo trabalhando para começar na segunda, se for um professor organizado. Então, se você for trabalhar pensando no salário dentro da sala de aula, é completamente desesperançoso”, complementa. O que ainda o inspira a fazer um bom trabalho em sala é aquele sonho de todo professor: poder contribuir com a sociedade.
“O que me mantém motivado hoje é a ideia de que a gente precisa de alguma forma devolver alguma ação positiva para a sociedade. De modo que os alunos não aprendam necessariamente com o que eu falo, mas que eles sejam capazes de ser inspirados por aquilo que eu tento passar”.