A endometriose na bexiga é uma condição de incidência baixa, mas que pode causar um grande impacto na qualidade de vida das mulheres que a enfrentam a doença. A ginecologista Bruna Alcobaça, especializada em endometriose e endoscopia ginecológica, explica que essa forma de endometriose, embora pouco comum, exige uma abordagem cuidadosa e um diagnóstico preciso.
A endometriose é uma condição em que o tecido semelhante ao endométrio, que normalmente reveste o interior do útero, cresce fora dele. No caso da endometriose na bexiga, esse tecido se desenvolve na parede da bexiga, afetando sua função e causando diversos sintomas. Bruna Alcobaça cita que, embora a endometriose na bexiga não seja tão comum, ela pode trazer sintomas, como dores pélvicas, que tendem a se intensificar durante o período menstrual, além de alterações urinárias, como urgência para urinar e dor ao fazer xixi.
A ginecologista também menciona que a endometriose na bexiga pode variar em grau de acometimento. Em alguns casos, o problema afeta apenas a superfície da bexiga, sem causar grandes impactos na função urinária. No entanto, em situações mais graves, pode haver o surgimento de nódulos ou aderências que obstruem a bexiga, ocasionando infecções urinárias recorrentes, dificuldade para urinar e até retenção urinária. Esses sintomas comprometem ainda mais a qualidade de vida da paciente e exigem atenção especializada.
O diagnóstico da endometriose, especialmente a que acomete a bexiga, é um dos maiores desafios para os médicos. Bruna Alcobaça destaca que a anamnese, os exames físico e de imagem, como a ressonância magnética, são cruciais para a identificação da condição. A ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal também é utilizada para mapear a pelve, sendo uma ferramenta importante, embora dependa de uma expertise do médico para garantir a precisão do exame. Mesmo com esses exames, a certeza sobre a presença de endometriose só pode ser obtida por meio da cirurgia laparoscópica, que permite uma visão direta da área afetada, além de possibilitar o tratamento imediato de focos de endometriose encontrados.
"Com essa técnica, conseguimos ter menos dores no pós-operatório, melhor tempo de recuperação, tendo alta em apenas um dia e retornando mais rápido para suas atividades do dia a dia”, acrescenta a médica ginecologista.
Após o diagnóstico confirmado, o tratamento pode variar conforme a gravidade da doença e o impacto sobre a qualidade de vida da paciente. O tratamento medicamentoso é uma das opções e visa aliviar os sintomas, como a dor. No entanto, Bruna Alcobaça alerta que o tratamento clínico não cura a endometriose, apenas controla os sintomas, deixando o tecido endometriótico intacto.
Em casos mais graves ou que não respondem bem ao tratamento clínico, a cirurgia pode ser indicada. O tratamento cirúrgico pode ser simples ou complexo, dependendo do grau de acometimento da endometriose. A preocupação principal, segundo a médica ginecologista, é a distorção da anatomia, que pode afetar o funcionamento normal dos órgãos e causar complicações mais sérias.
A endometriose é mais comum entre mulheres em idade fértil, especialmente entre os 25 e 45 anos, embora também possa ser diagnosticada em adolescentes e até em mulheres pós-menopausa. Os sintomas mais comuns incluem dores pélvicas, que ocorrem não só durante a menstruação, mas também em outros momentos do ciclo, além de dores durante a relação sexual e dificuldade para urinar ou evacuar. A infertilidade também é um problema frequente entre mulheres com endometriose, já que a presença de focos endometrióticos pode interferir na função dos órgãos reprodutivos.
Recentemente, a ginecologista Bruna Alcobaça, especializada em endometriose e endoscopia ginecológica, participou de um congresso nos Estados Unidos sobre Laparoscopia ginecológica, onde apresentou um trabalho sobre endometriose de bexiga.