Altas temperaturas e altos níveis de radiação solar. Se 2023 pudesse ser traduzido em uma palavra, ela seria “calor”. E isso foi atestado em números por cientistas da União Europeia. Nesta quarta-feira (06), a UE emitiu comunicado informando que 2023 é o ano mais quente já registrado nos últimos 200 anos. De janeiro a novembro, a temperatura média global ficou 1,46°C acima da média pré-industrial de 1850-1900 e 0,13°C acima de 2016, que era, até então, o ano recordista.
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Os dados constam no Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus. Conforme a plataforma, novembro foi o mês mais quente registrado globalmente com uma temperatura média do ar 0,32°C acima do novembro mais quente anteriormente registrado, lá em 2020.
No comunicado, a vice-diretora do Sistema Copernicus, Samantha Burgess, afirmou que seis meses e duas estações do ano em 2023 quebraram recordes de altas temperaturas. O outono boreal de setembro a novembro foi considerado o mais quente.
Trazendo para o contexto local, em Teresina, o B-R-O-Bró, que é tradicionalmente tido como a época mais quente do ano e compreende os meses de setembro a dezembro pareceu surpreender pela intensidade do calor e a demora na chegada da chuva. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) chegou a emitir em duas ocasiões alertas para aumento de até 5°C na sensação térmica devido às ondas de calor em alguns municípios piauienses.
Mas o que explica esse calor todo e os recordes de altas temperaturas? Especialistas dizem que existe um conjunto de fatores e o primeiro deles é de ordem natural. Para começar, o fenômeno El Niño, que é o aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico em sua porção equatorial, mudou completamente a dinâmica climática global. Soma-se a isso o fato de a última década ter sido marcada por uma escalada das temperaturas máximas.
É o que explica o climatologista Werton Costa.
O diretor do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, Carlos Buontempo, acrescenta mais um fator preocupante para esse recorde de calor em 2023: a intensificação do aquecimento global. “A temperatura continua subindo, assim como os impactos das ondas de calor e das secas”, afirmou.
As ondas de calor, que costumavam ser fenômenos pontuais, parecem ter tornado mais comuns. De acordo com o climatologista Werton Costa, foram registradas de quatro a cinco ondas só em 2023. Do mesmo jeito, no mundo se observa com mais frequência a ocorrência de desastres naturais como grandes enchentes, tornados, furacões e secas severas.
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E para 2024, o que esperar?
A resposta para esta pergunta é simples: pode se esperar mais calor para o ano que vem. É que 2024 pode vir a ser um ano mais quente que 2023, segundo o que informou a Organização das Nações Unidas (ONU) em comunicado emitido pela Organização Meteorológica Mundial ainda em novembro. A previsão é de que o El Niño dure até abril, pelo menos, e com isso, aumentam as chances de ocorrerem novas ondas de calor, secas mais severas e até mesmo inundações.