O Piauí possui, no atual momento, 4.787 focos de queimada. É o que aponta o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Um deles, considerado um dos mais preocupantes, atinge o Parque Nacional da Serra das Confusões. Desde a semana passada, 13 brigadistas do Ibama atuam na região para conter as chamas, mas só agora elas conseguiram ser controladas. A Serra das Confusões é uma unidade de conservação que abrange o território de 12 municípios piauienses e administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Foi o próprio Instituto que acionou o Ibama para atuar na contenção das chamas, que se concentravam em maior parte nas cidades de Elizeu Martins e Canto do Buriti. De acordo com a superintendente estadual do Instituto, Thays Paiva, os brigadistas foram destacados para a Serra das Confusões e estão em sintonia com os órgãos municipais e estaduais para atuarem no combate ao fogo.

“O fogo permanece controlado. Nosso supervisor já esteve lá e está em contato direto. Não precisamos de maiores hipertensões. Nossos brigadistas de Alvorada do Gurgueia estão fazendo a abertura da área para impedir o avanço do fogo e, por hora, as chamas estão controladas e sendo controladas com a equipe e o reforço”, explicou Thays Paiva.

A abertura da área é o chamado aceiro, que consiste em deixar uma faixa de sem vegetação que impeça o avanço das chamas. A técnica deve ser usada somente por quem tem conhecimento sob risco de causar outro incêndio.

Esta é o segundo ano consecutivo em que o Parque Nacional da Serra das Confusões é atingido pelo fogo. Em 2023, as chamas que se iniciaram no município de Campo Alegre de Lourdes, na fronteira entre o Piauí e a Bahia, se alastraram e demoraram cerca de uma semana para serem totalmente controladas. Na ocasião, ao menos três focos de incêndio foram confirmados dentro da unidade de preservação, que é considerada a maior reserva natural de Caatinga do mundo. A ação de contenção ao incêndio contou com 30 bombeiros militares e brigadistas do Ibama, além do Batalhão de Policiamento Aéreo.

Ação humana é uma das principais causas de queimadas

As altas temperaturas aliadas à baixa umidade são a combinação perfeita para a ocorrência de incêndios em região de mata. A velocidade dos ventos também acaba contribuindo para que as chamas se alastrem mais rapidamente. Mas nem só as causas naturais são preocupantes. Em realidade, a ação da natureza para o desencadeamento de queimadas já é esperada neste período. O que preocupa mesmo, segundo o Ibama, é a ação humana, que acaba por causar focos de incêndios em áreas onde eles não aconteceriam naturalmente.

Em entrevista ao Portalodia.com, a superintendente do Ibama no Piauí, Thays Paiva, explica que as mudanças climáticas contribuem enormemente para os focos de queimada, mas que a atuação de caçadores implica no alastramento mais rápido do fogo. Tendo isso em mente, o Instituto busca fazer um planejamento anual para o período de queimadas e ele compreende três frentes: a capacitação, a prevenção e o combate.

“Temos a ação humana muito presente neste período. As pessoas, sejam elas caçadores ou proprietários de terra, costumam atear fogo para limpar o terreno e, devido às mudanças climáticas, perde-se o controle deste fogo facilmente. Por isso temos as brigadas do Ibama todas preparadas. Temos hoje 54 brigadistas que já estão atuando em todo o Piauí e não só no combate, mas também disseminando conhecimento, capacitando as brigadas municipais e voluntárias”, explicou Thays Paiva.

Uma das ações está sendo desenvolvida em Simplício Mendes, onde equipes de brigadistas do Ibama estão capacitando uma brigada voluntária, que deve se juntar às demais forças federais, às forças municipais e às estaduais para atuar no combate aos incêndios na região.

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