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Os quatro elementos: Águas do Poti

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Profissões quatro elementos da natureza

A natureza é composta por quatro elementos: terra, água, fogo e ar. Cada um, com sua essência, inspira profissões dedicadas à sua preservação e cuidado. Agricultores cultivam a terra, nutrindo o ciclo da vida; pescadores navegam pelas águas, colhendo histórias e sustento; bombeiros enfrentam o fogo, protegendo vidas e lares; enquanto pilotos de aeronaves desbravam os céus. Guardiões que convivem em harmonia com esses elementos, mostrando que cada um desempenha um papel essencial no sustento e na defesa social.

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É das águas do Rio Poti que José Francisco Silva (43), conhecido como Seu 40, tira seu sustento há duas décadas. O pescador nasceu, cresceu e construiu família às margens deste importante rio que banha Teresina. Uma tradição que passa entre gerações e um ofício que Seu 40 aprendeu com a mãe, uma mulher que nutriu os filhos com a pesca.

“Aqui no Poti Velho é tradição passar a pescaria de pai para filho, mas eu aprendi com minha mãe, porque ela pescava com meu avô. Eu trabalhava em outra profissão, mas sabia pescar. Quando fiquei desempregado, já tinha família e precisava sustentá-los, então fui para o rio pescar. No início foi por necessidade, subsistência mesmo, mas depois virou paixão e eu adoro o que faço”, afirma entusiasmado.

A pesca, geralmente, é realizada à noite. Ele sai de casa no final da tarde e volta para o cais por volta das 5h da manhã, quando leva seu pescado para vender. A relação de Seu 40 com o rio vai além da pesca. Poder viver diariamente em contato com a natureza proporciona ao pescador momentos únicos, como apreciar a Lua refletindo nas águas dos rios Poti e Parnaíba.

Assis Fernandes/ODIA
É das águas do Rio Poti que José Francisco Silva (43) tira seu sustento há duas décadas

Nunca perdi a admiração pelo rio, mesmo trabalhando aqui há tanto tempo. Esses dias fiquei maravilhado com a Lua se pondo no Encontro dos Rios, refletindo nas águas, às 4h da madrugada. Parei a canoa no meio do rio e fiquei contemplando aquela beleza, que não tem como expressar em palavras, só mesmo a pessoa vendo para sentir

José Francisco, conhecido como Seu 40pescador

José Francisco se considera privilegiado por viver essas experiências diárias, além de ter a autonomia em organizar seus próprios horários e comer o que de melhor o rio e a natureza podem oferecer ao homem. “O que eu mais gosto em ser pescador é a liberdade. Se eu pescar um peixe muito bom, posso decidir se vou vendê-lo ou levá-lo para minha família”, cita.

Para o pescador, a sensação de estar no rio é algo indescritível e, segundo ele, não há nada mais satisfatório do que compartilhar esse sentimento com outras pessoas. José Francisco comenta que muitos turistas ficam encantados quando passeiam de barco pelo Rio Poti e podem sentir, ainda que por alguns minutos, o vento batendo no rosto e a brisa da água.

Assis Fernandes/ODIA
Para o pescador, a sensação de estar no rio é algo indescritível

“Só sentindo para saber e eu me considero privilegiado. Tenho um carinho muito grande pelo rio, só gostaria que ele fosse mais bem cuidado. Até poderia trabalhar com outra coisa, mas nunca deixaria de pescar. Tem pescadores que têm oportunidade de trabalhar em outra profissão, mas não vão, porque não querem perder sua liberdade”, destaca Seu 40, ressaltando a importância de preservar esse modo de vida.

O legado da pesca também se estende à sua família. “Três dos meus quatro filhos são apaixonados pelo rio. É um sentimento que passa de pai para filho. Somos uma geração que nasceu na água”, diz com orgulho ao falar dos filhos que seguem seus passos. Para Seu 40, a pesca é mais do que um trabalho, é uma forma de conectar-se com suas raízes e cultivar memórias que serão passadas adiante.


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