Os trabalhadores da navegação aérea do Brasil decidiram declarar estado de greve por tempo indeterminado após a assembleia realizada na última sexta-feira (21). Em todo o Brasil, cerca de 1.700 profissionais atuam na área de proteção aos voos. Em Teresina, aproximadamente 50 funcionários do aeroporto aderiram ao movimento.
Os trabalhadores da navegação incluem controladores de tráfego aéreo, meteorologistas aeronáuticos, operadores de estação de rádio, técnicos de manutenção, técnicos de informação aeronáuticas, entre outros. A categoria reivindica reajuste salarial e melhoria no custo do plano de saúde.
Durante a assembleia da semana passada, 94% dos profissionais votaram a favor da declaração de estado de greve; 4,37% votaram contra e 1,5% se abstiveram de votar. Caso haja deflagração de greve, a categoria tem até 72h para alertar as autoridades sobre a paralisação dos serviços.
O estado de greve dos trabalhadores da navegação aérea vem após a falta de avanços nas negociações entre os profissionais e a empresa pública NAV Brasil. Essas negociações acontecem desde abril deste ano. Conforme relatou Lucas Borba, representante do Sindicato dos Trabalhadores na Proteção ao Voo (SNTPV), o reajuste que a empresa propôs aos funcionários não repõe as perdas acumuladas.
“A empresa apresentou apenas 3,06% de reajuste salarial, incompatíveis com a inflação no período (8,5%) e com as perdas acumuladas já na casa dos 35% nos últimos cinco anos. Sem contar com o custo do plano de saúde, que, com uma mudança de modalidade, chega a impactar até 80% do salário líquido de alguns profissionais”, explica.
Lucas Borba lembra também que a categoria tem tido perdas de adicionais noturno, de férias e de horas extras. A categoria chegou a propor uma mediação junto ao Ministério Público do Trabalho, mas mesmo diante disso, não houve um retorno satisfatório por parte da empresa.
Voos serão afetados?
Os profissionais do tráfego aéreo brasileiro atuam em cerca de 30% das operações de voos. Até o momento, o voos não serão afetados, uma vez que a categoria ainda encontra-se em negociação com a empresa e o governo federal. No entanto, caso haja paralisação, boa parte dos voos podem sofrer com atrasos.
“Nós fazemos a segurança para quem decola e quem pousa nos aeroportos. É um serviço especializado, com gente capacitada. Podem haver voos atrasados e um certo congestionamento aéreo, sobretudo neste período de férias. Mas frisamos que não é nossa intenção provocar um caos. Estamos apenas pedindo a valorização da nossa categoria”, afirma o controlador de voo Ulisses Nogueira.
Além disso, devido ao fato de ser um serviço essencial, a paralisação dos serviços deve ser parcial. "Voos com enfermos, pessoas com problemas de saúde, transportes de órgãos, esses voos não podem parar, mas os domésticos sim", destaca o controlador de voo Ulisses Nogueira.
Empresa diz que está em negociação com sindicato
Sobre o assunto, a equipe de reportagem do O DIA entrou em contato com a NAV Brasil, que informou, por meio de nota, estar em "plena negociação com o sindicato". Segundo a empresa, os serviços desempenhados pelos trabalhadores são essenciais e, por isso, há disposições legais que asseguram a continuidade da prestação dos serviços à sociedade.
Ainda conforme a NAV Brasil, uma nova reunião com a categoria será realizada nesta terça-feira (25). "Reiteramos que a NAV Brasil tem se empenhado, com responsabilidade e especial comprometimento, em busca da valorização de seus empregados", disse a empresa.
A CCR Aeroportos, administradora do Aeroporto de Teresina, também foi procurada. Segundo a empresa, não há previsão de impacto nas operações pelos próximos dias no Aeroporto de Teresina.