No dia 15 de maio, é celebrado o Dia da Família, uma data que nos convida a refletir sobre os laços que nos unem àqueles com quem compartilhamos mais do que um espaço físico, dividimos histórias, afetos, conflitos e aprendizados. Mais do que um grupo de pessoas com laços sanguíneos, a família é, antes de tudo, uma rede de apoio, um espaço de formação e um ambiente que influencia diretamente na construção do nosso caráter e identidade.
Conviver diariamente em um núcleo familiar, no qual cada indivíduo tem uma personalidade e crença diferente, não é fácil, mas com muito amor, conversa e paciência, é possível tornar essa relação saudável e, principalmente, respeitosa. Essa construção tem sido diária na família Guimarães. Há alguns anos, a vida de todos passou por mudanças e eles precisaram se adaptar à nova construção familiar.
Após o falecimento da matriarca da família, a servidora pública Teresinha Guimarães (60), seu esposo e a filha decidiram morar com sua cunhada, responsável pelos cuidados da mãe. Para isso, toda a família mudou-se para uma única casa. O início foi marcado por desentendimentos, choques de rotina e dificuldades de adaptação. Diferentes personalidades e hábitos geraram atritos, como é comum quando se passa a conviver mais intensamente com alguém.

“Minha cunhada morava só e nós morávamos de aluguel. No início foi muito difícil a convivência, até porque cada um tem seu gosto e personalidade diferente. Você só conhece uma pessoa quando passa a conviver com ela. Minha cunhada tinha uma rotina bem diferente da nossa e, até nos adaptarmos, foram tempos difíceis”, comenta Teresinha Guimarães.
Com o tempo, e a convivência, o diálogo e o respeito passaram a ocupar o espaço dos conflitos. A família criou rotinas conjuntas, como tomar café da manhã todos os dias juntos, e reorganizar as tarefas e os papéis dentro de casa. O diálogo e o compromisso com o bem-estar do coletivo é o que tem feito toda a diferença.
“Hoje, mesmo com as diferenças, nós sabemos conciliar, respeitando os limites, pois sabemos o gosto e temperamento de cada um. Tomamos o café da manhã sempre juntos, pois é nesse momento que compartilhamos o que está acontecendo com cada um, e em que podemos ajudar
A importância da família se fortaleceu ainda mais quando Teresinha enfrentou um momento delicado: o diagnóstico de um câncer. E foi a presença da família que trouxe forças, acolhimento e fé.
“Um dos momentos que senti o carinho, acolhimento, apoio moral e espiritual da minha família foi quando fui diagnosticada com câncer. Para mim, receber essa notícia foi muito difícil, e para minha família foi ainda mais. Eu vi lágrimas escorrerem nos olhos deles, mas eles se escondiam para que eu não visse, só que eu sentia o que eles estavam sentindo. Com a minha fé, falei para eles que não ficassem tristes, pois eu tinha a esperança que daria certo. E hoje é muito emocionante estar curada. Eu carrego um grande Deus na minha vida e a minha família, que é abençoada e essencial, com quem eu posso contar em todos os momentos”, ressalta.
A publicitária Marcelle Guimarães (29), filha de Teresinha, ressalta que a convivência, apesar de ter momentos difíceis, tem muito a ensinar a todos os membros da família, especialmente a aceitar que cada pessoa tem uma personalidade e individualidade, e que isso precisa ser respeitado.
Quando éramos três, tivemos que aprender a conviver e aprender mais sobre o outro, principalmente durante a pandemia, mas quando mudamos de casa e fomos morar com mais uma pessoa, parece que tudo que aprendemos se desfez. Um ambiente novo, uma pessoa nova. Aprender a lidar com o outro é muito difícil, mas também é um exercício
Apesar dos desafios do início, Marcelle sente-se grata por poder compartilhar sua vida e sua rotina com aqueles que tanto ama e admira. “É bom, sim, ter sua família por perto devido ao apoio e à preocupação. Você estar perto das pessoas que ama, que cresceu, torna a convivência boa e engraçada. Sempre em qualquer lugar haverá dias bons e ruins, mas aquelas pessoas são as que você quer passar e compartilhar esses dias com você”, reforça a publicitária.
“É por esses e outros motivos que a família é importante, porque ela desempenha um papel fundamental na formação do caráter e da moral dos filhos, e é justamente quando temos exemplos positivos, dos pais ou familiares, que queremos nos espelhar. Eles nos influenciam para sermos pessoas íntegras, solidárias e felizes”, conclui a servidora pública Teresinha Guimarães.
O papel estruturante da família
Segundo a psicóloga Vitória Antão Rosa, a família é o primeiro ambiente social com o qual um indivíduo tem contato. É nela que se formam os valores, os princípios éticos e sociais, a autoestima e o modo como cada um vê o mundo. Esse convívio constante, por um lado, é repleto de aprendizados duradouros; por outro, pode apresentar desafios significativos.
A família é o primeiro contato que todo indivíduo vai ter, que vai repassar e apresentar a estrutura de mundo que vivemos. É na família onde esse indivíduo terá os primeiros aprendizados e, provavelmente, os mais importantes e prolongados, como a autoestima, valores morais e sociais, sentidos da vida
A profissional ressalta que viver em sociedade já é, por si só, um exercício de tolerância, mas que, dentro do contexto familiar — onde as relações são mais íntimas e constantes — o desafio é ainda maior. E é justamente por essa intensidade, que a família é considerada um dos principais fatores protetivos para o bem-estar emocional e psicológico.
“Na psicologia, há os fatores protetivos, que propiciam uma melhor qualidade de vida e bem-estar para o indivíduo. E a família, quando bem organizada, é um desses fatores. É uma família que pode dar apoio e suporte para passar por momentos especiais e construir valores juntos”, ressalta.
Vitória Antão também destaca que não há um único modelo válido de família. A ideia da família tradicional, composta por pai, mãe e filhos, já não é a única reconhecida, tanto pela sociedade quanto pela Constituição Brasileira. O afeto e a convivência passaram a ser os pilares mais relevantes na definição de família, contemplando modelos diversos, com monoparentais, homoafetivos, informais, reconstituídos, anaparentais, unipessoais, entre outros.

“É sempre importante ressaltar que, apesar dos conflitos familiares que podem acontecer, a família é uma rede de apoio essencial para o bem-estar do indivíduo. A própria Constituição Federal reconhece a família, não somente como uma união de grupo de pessoas com laços sanguíneos e genética semelhantes, mas, também, pela afetividade, convivência e o respeito entre os membros”, conclui a psicóloga Vitória Antão Rosa.
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