Você já se perguntou de onde vêm os alimentos que estão em sua mesa diariamente? A resposta está em uma atividade que muitas vezes passa despercebida, mas que desempenha um papel importantíssimo em nossa alimentação: a agricultura familiar. Estima-se que 90% das propriedades agrícolas em todo o mundo sejam administradas por famílias, sendo responsáveis por 80% de toda a comida produzida no planeta.
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Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que 77% dos estabelecimentos rurais no Brasil são classificados como da agricultura familiar, totalizando mais de 3 milhões de propriedades. A região Nordeste do Brasil lidera nesse aspecto, com 46,6% das propriedades familiares, seguida pelo Sudeste (16,5%), Sul (16%), Norte (15,4%) e Centro-Oeste (5,5%). Esses números demonstram a abrangência dessa prática em nosso país.
Mas o que é exatamente a agricultura familiar? É um modelo de produção agrícola que se caracteriza pela gestão conduzida por uma família, onde a maior parte do trabalho é realizado pelos próprios membros da família. Nesse sistema, a propriedade da terra, os meios de produção e a tomada de decisões estão nas mãos da família agricultora.
Além disso, na agricultura familiar, há uma integração entre a produção agrícola e outras atividades, como criação de animais, pequenas agroindústrias e serviços agrícolas. Esse modelo de agricultura é baseado em técnicas tradicionais e conhecimento local, muitas vezes passados de geração em geração.
Para muitos, essa prática vai muito além de apenas cultivar alimentos. Famílias inteiras estão garantem o sustento próprio e movimentam a economia local através da agricultura familiar. Esse é o caso da produtora teresinense Maria de Jesus, que faz parte de uma associação com outras 39 famílias que vivem da agricultura na zona rural da capital.
O Engenheiro Agrônomo Gustavo Pereira ressalta que, atualmente, a agricultura familiar vai muito além da mera subsistência. "A agricultura familiar engloba desde a produção de alimentos básicos como arroz, feijão e milho, até a cultivação de frutíferas e mandioca, que apresentam um mercado robusto. Temos observado diversos empreendimentos bem-sucedidos em municípios do estado, gerando renda e emprego”, aponta.
Segundo dados da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), a agricultura familiar responde por aproximadamente 40% da renda da população economicamente ativa em 90% dos municípios com até 20 mil habitantes. Isso representa uma parte significativa da economia de nosso país.
Mas a importância da agricultura familiar vai além das fronteiras do Brasil. A Organização das Nações Unidas (ONU) declarou os próximos 10 anos como a Década da Agricultura Familiar. Isso porque, com a população mundial projetada para crescer nas próximas décadas, a demanda por alimentos também aumentará.
Apesar de sua importância, os agricultores familiares muitas vezes enfrentam desafios. A falta de apoio governamental e recursos adequados pode dificultar sua capacidade de produzir alimentos de forma sustentável e econômica. No entanto, iniciativas como o Plano Safra da Agricultura Familiar 2023/2024, lançado pelo Governo Federal em 2023, buscam fortalecer esse setor. A ação destina R$ 71 bilhões ao crédito rural no âmbito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
A valorização da agricultura familiar é uma das pautas incluídas nas reuniões do Grupo dos Vinte (G20), um fórum de cooperação econômica internacional, que se reúne anualmente em diversos países.
Composto pelas maiores economias do mundo, como a África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália e Canadá, o G20 discute iniciativas econômicas, políticas e sociais, além de traçar estratégias internacionais para os problemas que afligem o mundo, como o meio ambiente e as mudanças climáticas.
Este ano, o Brasil sediará o G20, com destaque para a inclusão de cidades de todas as regiões do país, inclusive Teresina, no Piauí. Os principais temas discutidos nesta edição serão o comércio, desenvolvimento sustentável, saúde, agricultura, energia e combate à corrupção.
Na capital do Piauí, o encontro ocorrerá entre os dias 22 e 24 de maio e vai tratar sobre o combate à fome, à pobreza e à desigualdade. A inclusão de Teresina e de outras capitais fora do eixo Sul-Sudeste representa uma inovação nesta edição do Brasil. A descentralização das atividades visa transformar o G20 em um fórum mais inclusivo e acessível, ampliando sua representatividade.
Além de Teresina, o Brasil vai receber reuniões do G20 em Brasília (DF), Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Fortaleza (CE), Foz de Iguaçu (PR), Maceió (AL), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Salvador (BA) e São Luís (MA).