A Petrobras anunciou, nesta terça-feira (16), que irá substituir a política de preço de gasolina e diesel comercializados por suas refinarias, a paridade de preço internacional (PPI). A medida adotada pelo governador Michel Temer (MDB), em 2016, considerava as cotações do petróleo do mercado internacional, sem que houvesse a intervenção do governo para garantir preços menores.
Agora, com o novo sistema, o valor dos combustíveis vai considerar o preço praticado pelos concorrentes e o “valor marginal” da estatal petrolífera. Os reajustes continuarão sendo feitos sem periodicidade definida, evitando o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio.
O governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), criticou a política de preço abandonada pela Petrobras e comemorou a medida "A política anterior castigava o povo e os Estados, que viam o preço dos combustíveis aumentar, mesmo com o congelamento dos tributos. Agora, teremos preços mais justos sem perdas financeiras para o país e para os Estados", disse Fonteles.
Segundo a Petrobras, essa é uma estratégia comercial que usa como referências de mercado o custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação; e o valor marginal para a Petrobras.
Com a mudança, a Petrobras tem mais flexibilidade para praticar preços competitivos, se valendo de suas melhores condições de produção e logística e disputando mercado com outros atores que comercializam combustíveis no Brasil, como distribuidores e importadores.
O fim da paridade com o mercado internacional foi uma das promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e criticava o combustível dolarizado e afirmava a necessidade de nacionalizar o preço.
REDUÇÃO NO PREÇO DE COMBUSTÍVEIS E GÁS
Logo após o anúncio, a Petrobras divulgou redução no preço médio da gasolina, diesel e gás de cozinha. Na gasolina, a redução será de R$ 0,40 por litro, que passará de R$ 3,46 para R$ 3,02. Já no diesel, a queda é de R$ 0,44 por litro do preço médio do diesel para as distribuidoras, saindo de R$ 3,18 para R$ 2,78.
A redução mais significativa correu no valor do gás liquefeito de petróleo, o gás de cozinha. A queda será de 21,3% no botijão de 13 quilos repassado para as distribuidoras. A partir desta quarta-feira (17) o valor deve ser R$ 8,97 inferior.
MEDIDA DEVE ATINGIR AS CADEIAS PRODUTIVAS
A mudança, segundo o economista Fernando Galvão, é estratégica para o Brasil, já que o país não ficará refém das variações internacionais, como as oscilações do dólar. Para ele, a medida da petroleira tende a provocar reduções ainda mais significativas no preço dos combustíveis e nas cadeias produtivas.
“Isso pode levar a uma queda no preço do combustível, queda no preço do gás de cozinha e ainda assim a Petrobras vai continuar tendo lucros no mesmo patamar de todas as petroleiras do mundo. A Petrobras hoje lucra mais que todas as concorrentes dela. E não vamos importar uma inflação de fora para dentro do Brasil”, sintetizou.
Galvão comentou ainda que a mudança tem capacidade de reduzir inflação e pressionar o Banco Central a reduzir nos juros Selic, que hoje é de 13,75%. A medida pode provocar também queda nas ações da petroleiras brasileira, mas mesmo assim a compra das ações na bolsa de valores seguirá atrativa para investidores.
“Isso não é problema, é um movimento de mercado. Vai ter mais gente vendendo do que comprando, por isso o preço vai cair, mas isso é uma excelente oportunidade para quem não é acionista para comprar barato as ações que ainda vão continuar sendo uma excelente alternativa de investimento financeiro”, finalizou.