A reunião do G20 em Teresina, entre 22 e 24 de maio, será o principal encontro para a consolidação da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, compromisso criado dentro do G20 no Brasil pelo presidente Lula e coordenado pelo ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias.
Na capital piauiense, ocorrerá a segunda reunião técnica presencial da Força-Tarefa para Aliança, que deve reunir mais de 150 representantes de países e organismos internacionais, de 52 delegações diferentes, para definir os termos finais do compromisso internacional de combate à fome e à pobreza no mundo.
A reunião de Teresina se torna determinante, pois nela serão definidos os instrumentos fundadores da Aliança, que serão firmados, em junho, durante reunião ministerial no Rio de Janeiro, momento em que serão anunciados os membros fundadores, parceiros e financiamento para o lançamento da Aliança Global. Em novembro, a Cúpula do G20 dará lugar ao lançamento em alto nível da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.
O desafio do combate à fome
No mundo, 735 milhões de pessoas passam fome, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Além disso, os 10% mais ricos detêm 76% da riqueza do planeta, enquanto os 50% mais pobres possuem apenas 2%. A realidade impõe um desafio global, ainda longe de atingir as metas de erradicação da fome e da pobreza no mundo – ODS 1 e 2 – e enfatiza a necessidade de encontrar soluções em conjunto. É nesse contexto que surge a proposta para a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, iniciativa do presidente Lula, quando o Brasil assumiu a chefia do G20, na Índia, no ano passado.
Não à toa, a reunião ocorrerá em Teresina. Foi no Piauí, na cidade de Guaribas, há 21 anos, que o programa que tirou o Brasil do mapa da fome – o Fome Zero – foi implementado pela primeira vez. A ação, que abarcava uma série de políticas públicas sociais, buscou erradicar a fome e a miséria no Brasil.
“O Brasil conheceu a riqueza dos engenhos e das plantações de cana-de-açúcar nos primeiros tempos coloniais, mas não venceu a fome; proclamou a independência nacional e aboliu a escravidão, mas não venceu a fome; conheceu a riqueza das jazidas de ouro, em Minas Gerais, e da produção de café, no Vale do Paraíba, mas não venceu a fome; industrializou-se e forjou um notável e diversificado parque produtivo, mas não venceu a fome. Isso não pode continuar assim.” A constatação e a indignação não são de hoje. Esse foi um trecho do discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na sessão solene de posse no Congresso Nacional, em 1º de janeiro de 2003.
Na época, pesquisas apontavam que cerca de 50 milhões de brasileiros passavam fome. Cidade com cerca de 4,5 mil habitantes, na época, Guaribas era um dos municípios mais pobres do Brasil.
Atualmente, o sucesso das políticas públicas de erradicação da fome e da pobreza iniciadas pelo governo Lula, em 2003, pode ser sentido no pequeno município, que testemunhou a vida das pessoas melhorar com inclusão social, saneamento básico, projetos de infraestrutura e mais dignidade para seus habitantes.