Os dois principais candidatos a prefeito de Teresina, Silvio Mendes e Fábio Novo, ainda não demonstraram clareza quando o assunto é propostas para a mobilidade urbana na Capital piauiense. O tema será central nas eleições deste ano, tendo em vista a crise que o setor enfrenta em Teresina. A má prestação de serviços na área é histórica, mas foi acentuada na pandemia e desde então nunca retomou ao patamar antes da crise sanitária.
A cidade já teve 400 ônibus circulando diariamente, hoje, os números não são transparentes, mas a Strans fala em 250 ônibus. Trabalhadores do sistema informam que são menos de 200. A queda no número de passageiros é outra consequência da crise. A Capital já teve mais de 200 mil passageiros por dia, a Strans diz que hoje, a média é de 100 mil pessoas. Ao visualizar paradas de ônibus e os veículos vazios, fica difícil acreditar nos números oficiais.
Com a pandemia e a falta de transporte público coletivo, o cidadão deu seu jeito e aderiu a outros modais como serviços alternativos de transporte por aplicativo em carro ou moto, ligeirinhos, dentre outros. Na prática, o que deveria ser uma alternativa a mais passou a ser praticamente um serviço oficial, e que como consequência aumenta o gasto do cidadão para se deslocar e ainda não oferece as garantias que um serviço coletivo oficial deveria oferecer.
Voltando aos pré-candidatos, Fábio Novo e Silvio Mendes começaram verdadeiras romarias em entrevistas aos veículos de comunicação de Teresina. Na última semana, eles estiveram nas principais rádios e emissores de televisão da cidade. No que pese uma grande parte do tempo está se discutindo questões partidárias, em muitos momentos os pré-candidatos foram instigados a discutirem a cidade.
Quando o assunto é mobilidade urbana, ambos demonstraram que ainda não possuem propostas claras para o setor. Em entrevista ao programa Comando Geral, na O DIA FM, Silvio Mendes afirmou que pretende estudar o fim da faixa exclusiva de ônibus e se limitou a dizer que vai buscar gestores para concluírem o plano diretor iniciado em sua gestão. Faltou objetividade ao pré-candidato. Silvio Mendes foi prefeito por seis anos e três meses, teve a experiência de gerir o sistema. Espera-se que ele aproveite as entrevistas para demonstrar que conhece o problema e apresente a propostas no mínimo claras para a população.
Já Fábio Novo, também durante entrevista ao programa Comando Geral, pouco discorreu sobre o assunto. Praticamente se limitou a dizer que tem buscado experiências em outras capitais e que falta gestão de dados para melhorar a tomada de decisão em Teresina. Talvez por causa da aliança atual com o grupo do ex-prefeito Firmino Filho, ele evitou repetir as criticas que fez em 2020 ao Sistema Integra. Ele concentrou as críticas a atual gestão. Concorrendo a prefeitura pela segunda vez, é necessário que o petista demonstre ter conhecimento com profundidade de um dos principais problemas da cidade e consiga apresentar com clareza o que fazer para enfrentar o desafio de fazer Teresina ter um modelo de transporte coletivo eficiente.
O transporte público é um dos principais serviços que impactam na qualidade de vida das pessoas, influenciando diretamente na economia do centro e dos bairros, no acesso das pessoas aos espaços de lazer e principalmente, na dignidade do ser humano, que não merece passar horas e horas, por dia, à espera de um transporte coletivo.