Cerca de 1.700 trabalhadores da navegação aérea dos Aeroportos de todo o Brasil podem paralisar suas atividades. A categoria, que reivindica reajuste salarial e melhoria no custo do plano de saúde, se reúne em assembleia na noite desta sexta-feira (21), a fim de decidir, ou não, pela greve.
Os trabalhadores da navegação incluem controladores de tráfego aéreo, meteorologistas aeronáuticos, operadores de estação de rádio, técnicos de manutenção, técnicos de informação aeronáuticas, entre outros. A categoria reivindica reajuste salarial e melhoria no custo do plano de saúde. Apenas em Teresina, capital do Piauí, cerca de 50 funcionários estão reivindicando o reajuste.
De acordo com Lucas Borba, Diretor de Comunicações do Sindicato dos Trabalhadores na Proteção ao Voo (SNTPV), a categoria encontra-se em negociação com a empresa pública NAV Brasil desde abril deste ano.
“Depois de mais de três meses de negociação ainda não conseguimos nem mesmo passar por todas as cláusulas do Acordo Coletivo de Trabalho. A empresa apresentou apenas 3,06% de reajuste salarial, incompatíveis com a inflação no período (8,5%) e com as perdas acumuladas já na casa dos 35% dos últimos 5 anos. Sem contar com o custo do plano de saúde, que com uma mudança de modalidade chega a impactar até 80% do salário líquido de alguns profissionais, perdas de adicionais noturnos, de férias e de horas extras”, explica Lucas Borba.
Conforme o diretor de comunicações do sindicato, a paralisação é uma das poucas alternativas que a categoria tem, tendo em vista que a empresa é “extremamente lenta no processo negocial”. Diante do impasse, os trabalhadores também propuseram uma mediação junto ao Ministério Público do Trabalho, na qual ainda não houve uma resposta positiva da empresa até o momento. “Apesar do serviço ser essencial, não estamos recebendo um tratamento condizente e o pedido é por um acordo justo, que não agrave ainda mais a situação da categoria”, acrescenta Lucas Borba.
Como os voos serão afetados?
Cerca de 30% das operações de voos são controladas pelo serviço de navegação desempenhado pela categoria. Caso a paralisação seja deflagrada, boa parte dos voos serão afetados com atrasos. Segundo Ulisses Nogueira, controlador de voo em Teresina, o impacto da paralisação será significativo em todos os aeroportos.
“O impacto é imediato. Você imagina o caos de voos atrasados nesse período de férias. Friso que nossa intenção não é provocar isso justamente neste período, mas depois de quatro meses de negociações e mais de vinte reuniões, queremos que o governo valorize nossa categoria, que há muito tempo está sendo deixada de lado”, afirma.
O controlador de voo comenta que muitas pessoas não conhecem o trabalho que é desenvolvido pelos trabalhadores, no entanto, o serviço é essencial para garantir a segurança dos voos. “Nós trazemos segurança para quem decola e quem pousa nos aeroportos. É um serviço especializado, com gente capacitada”, aponta Ulisses Nogueira.
Em caso de paralisação, a categoria tem até 72h para informar as autoridades. “Não queremos prejudicar a população, mas sensibilizar a empresa pelas condições de trabalho”, finaliza.
A equipe de reportagem do O DIA procurou a empresa NAV Brasil a fim de obter um posicionamento da mesma, mas até o fechamento desta matéria não obteve retorno. O espaço permanece aberto para futuros esclarecimentos.