Equipes da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) estão percorrendo o interior do Piauí para avaliar os impactos da chamada Seca Verde, que compromete a produção agrícola apesar de a vegetação estar aparentemente saudável. A Seca Verde é caracterizada pela escassez de chuva em períodos críticos do ciclo agrícola. Ao todo, estão sendo percorridos 19 municípios em uma área de 1.600 Km. O objetivo da ação é alcançar todas a mesorregiões piauienses e fazer um diagnóstico preciso dos impactos na seca no Estado.

O fenômeno da Seca Verde foi identificado no Piauí em fevereiro deste ano. Segundo a climatologista Sara Cardoso, coordenadora da Sala de Monitoramento e Previsão de Eventos Climáticos Extremos, este fenômeno afeta principalmente as lavouras de sequeiro, que dependem exclusivamente das chuvas. “Culturas como o milho e feijão apresentam crescimento atrasado e redução da produtividade, mesmo que a vegetação esteja em bom estado”, explica Sara.
Os impactos da Seca Verde já estão sendo sentidos pelos agricultores familiares no interior do Piauí. Moradora de Monsenhor Hipólito, dona Crisana relatou que sua plantação de milho e feijão teve o crescimento comprometido devido à irregularidade das chuvas. Segundo ela, a colheita deste ano será menor do que a do ano passado.
Outro fator que preocupa é a redução do volume de água em riachos e barreiros, mesmo durante o período chuvoso. Especialistas da Semarh afirmam que essa situação decorre da irregularidade da chuva, que pode ocorrer de duas formas: a irregularidade temporal, quando há longos períodos de estiagem entre uma precipitação e outra; e a irregularidade espacial, quando as chuvas são desiguais dentro de um mesmo município, deixando algumas áreas severamente afetadas.

Para o secretário do Meio Ambiente, Daniel Oliveira, a situação é preocupante.
“A situação da Seca Verde no Piauí é grave e exige atenção. O que estamos fazendo com esta expedição é um diagnóstico aprofundado e real para que possamos agir com base em dados concretos. Estamos comprometidos em garantir os encaminhamentos necessários, seja no âmbito estadual ou federal. Isso inclui a possibilidade de decretos de estado de emergência ou de calamidade, seguindo os protocolos legais exigidos para a assistência aos agricultores e minimizar os danos econômicos e sociais causados pela estiagem”, explicou o secretário.
Os resultados da expedição serão apresentados ao Governo para subsidiar decisões de mitigação dos impactos da Seca Verde e ampliar políticas públicas de adaptação à irregularidade climática.
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