Por que dói tanto crescer? Esta é uma questão que muitos de nós enfrentamos ao longo da vida. O processo de amadurecimento pode ser difícil e doloroso, mas é essencial para que nos tornemos adultos conscientes dos nossos atos. No dia 15 de janeiro foi comemorado o Dia do Adulto. Mas, será que a maturidade está ligada à idade?
O psicólogo Eduardo Moita afirma que não. Em entrevista ao Jornal O DIA, ele afirma que o amadurecimento não está relacionado ao tempo de vivência, mas às experiências e ao ambiente educacional em que crescemos.
“Juventude não é sinal de renovação e tempo de profissão não é sinal de competência”, diz o psicólogo. “A maturidade é ligada à nossa formação familiar e social, e ao nosso processo educacional. Precisamos entender que o amadurecimento só se dá através dos processos de vida”.
Nós tendemos a repetir aquilo que somos ensinados. Ou seja, aquilo que os pais ensinam aos filhos e a forma como a família lida com as perdas e frustrações da vida impacta diretamente na formação das crianças e em como elas irão se portar durante seu processo de crescimento e amadurecimento até a fase adulta. Por isso, é comum encontrarmos pessoas adultas e, até mesmo, idosas, que não parecem ter amadurecido mentalmente.
À medida que os jovens amadurecem, eles são confrontados com responsabilidades cada vez maiores. A independência não se baseia apenas em alcançar uma certa idade, mas também em desenvolver habilidades inerentes à vida adulta. Neste contexto, o papel de uma família que fomenta ativamente o desenvolvimento dessas competências é crucial para a formação de um adulto capacitado e autônomo.
A jornalista Lorena Bezerra, de 26 anos, compartilha sua experiência pessoal que ilustra essa realidade. Em seus primeiros passos na vida adulta, Lorena enfrentou desafios devido à falta de algumas habilidades essenciais, que, segundo ela, teriam sido valiosas se fossem cultivadas mais cedo em sua vida.
"Eu cresci em uma família superprotetora e, desde a infância, sempre fui acostumada a ter familiares fazendo as coisas para mim. Isso reflete na minha vida até hoje, pois ainda sou muito dependente de terceiros. O primeiro baque que sofri foi quando entrei na universidade. Na época,sofri muito, porque precisamos nos virar sozinhos. Aprendi que, em momentos como esses, passamos pelo processo de luto pelo nosso 'eu' passado, abrindo caminho para o nascimento de uma nova versão de nós mesmos”, comentou a jornalista.
Amadurecemos com o sofrimento
A maturidade é um processo contínuo e individual e o seu desenvolvimento está relacionado às habilidades que adquirimos ao enfrentarmos situações desafiadoras. Enquanto algumas pessoas podem fugir de situações difíceis, outras não têm alternativa a não ser enfrentar essas dificuldades e aprender com elas. O psicólogo Eduardo Moita alerta: nós amadurecemos com o sofrimento.
“Amadurecemos muito com a perda e com o luto. Amadurecemos especialmente com episódios que julgamos como ruins e que muitas vezes não queremos enfrentar. No entanto, essas situações são necessárias e importantes para a nossa evolução emocional e intelectual”, afirma.
Ser um adulto maduro requer aceitar e abraçar o processo de crescimento pessoal e não evitar as adversidades que a vida nos impõe. Passar por situações difíceis e aprender com elas pode fazer com que, no futuro, você consiga tomar as decisões certas. Para isso, é preciso estar preparado para estar aberto a viver experiências e crescer a partir delas.