Em 2022, o Piauí registrou 480 desaparecimentos. A informação consta no Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado pelo Fórum Nacional de Segurança Pública na quinta-feira (20). O relatório revela que houve um aumento significativo no número de pessoas desaparecidas no estado, quase 50% a mais em comparação ao ano de 2021, quando foram registrados 319 casos.
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Em relação à quantidade de pessoas encontradas, o levantamento aponta que do total de desaparecidos, apenas 26 foram encontrados, o que representa 5% dos desaparecimentos registrados no ano passado. Para o delegado Jorge Terceiro, titular do Núcleo de Desaparecidos do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o número de pessoas localizadas enfrenta uma subnotificação, uma vez que muitos casos são solucionados sem que seja notificado à polícia.
“Desde abril deste ano, que foi quando assumi a delegacia, passamos a notificar através de boletins de ocorrências quando as pessoas são localizadas. Com isso, o número de pessoas que foram encontradas anteriormente acaba sendo subnotificado”, aponta Jorge Terceiro.
O delegado explica que em Teresina, o número de pessoas desaparecidas tem apresentado crescimento nos últimos três anos. Em 2021, a capital registrou 163 casos. Já em 2022, o número saltou para 200. “Constatamos um aumento nos últimos anos. Somente de janeiro a junho de 2023, já foram notificados cerca de 150 casos de desaparecimentos, o que nos leva a crer que até o final do ano, mais de 300 casos devem ser registrados. As pessoas estão procurando o DHPP com mais frequência, pois a população está mais esclarecida sobre o assunto”, destaca.
De acordo com Jorge Terceiro, existem diversas razões pelas quais as pessoas desaparecem, incluindo aquelas que escolhem voluntariamente romper laços com familiares e amigos, bem como vítimas de sequestros, acidentes ou desastres naturais, além de pessoas perdidas devido a questões de saúde mental.
Conforme o anuário, em âmbito nacional, foram registrados uma média de 203 desaparecimentos por dia em 2022, totalizando 74.061 casos. A região Sudeste concentrou 46,7% dos registros, enquanto o Nordeste apresentou uma parcela menor, com apenas 14,8% dos casos de desaparecimento.
O relatório informa que somente dois estados brasileiros apresentaram queda no número de desaparecidos: Goiás, com redução de 8,8%, e Minas Gerais, com uma retração de 1,2%. Por outro lado, a maioria das regiões do país continuou a enfrentar um aumento no número de pessoas desaparecidas.
Como reportar o desaparecimento de uma pessoa?
Em situações de desaparecimento, é necessário agir rapidamente. A orientação é que as pessoas procurem o DHPP e registrem um Boletim de Ocorrência assim que a ausência incomum for percebida. “As horas iniciais são essenciais para a investigação. Nós orientamos que não existe a necessidade de esperar 24h para registrar o desaparecimento. Isso era algo cultural, mas as legislações mais recentes apontam que não há essa necessidade”, afirma o delegado Jorge Terceiro.
Além disso, é importante procurar a pessoa desaparecida em locais que costuma frequentar, como no trabalho ou na casa de amigos e conhecidos. Também é válido checar em hospitais e até mesmo no Instituto Médico Legal (IML) da cidade. “Aconselhamos que, quando os familiares perceberem que a pessoa não retornou e não conseguirem contato com a mesma, que registrem o boletim de ocorrência o mais rápido possível”, disse.
É preciso fornecer à polícia informações relevantes, como nome completo, idade, características físicas, roupas que a pessoa estava usando quando desapareceu, locais frequentados, entre outros detalhes. A seguir, algumas dicas que podem contribuir com a investigação:
- Procure por fotos recentes da pessoa desaparecida para auxiliar na identificação;
- Alerte familiares, amigos e vizinhos sobre o desaparecimento para ajudar na busca;
- Caso tenha acesso a câmeras de segurança ou registros de atividades da pessoa desaparecida, informe às autoridades para que seja analisado qualquer indício de seu paradeiro.