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Chacina na Santa Maria da Codipi: acusados foram soltos um dia antes dos crimes por falta de pedido de prisão preventiva

Israel Damasceno dos Santos e José Igor Rodrigues foram presos em flagrante por tráfico três dias antes da chacina, mas acabaram soltos após audiência de custódia.

05/10/2024 às 18h01

Israel de Assis Damasceno dos Santos e José Igor Rodrigues Ferreira, ambos acusados de cometerem a chacina ocorrida na Santa Maria da Codipi na última quinta (03) haviam sido soltos há apenas um dia antes dos homicídios. A razão da soltura dos dois se deu por possível erro na confecção do auto de prisão em flagrante e por não haver nenhum pedido de prisão preventiva contra os dois que justificasse a manutenção da privação de liberdade.

A informação consta sentença assinada no dia 01 de outubro pelo juiz de Direito da Central de Audiência de Custódia de Teresina. Tanto Israel, quanto Igor foram presos na Operação 54 do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (DENARC), deflagrada no dia 30 de setembro. Os dois foram detidos em flagrante durante cumprimento de mandado de busca e apreensão em dois endereços no bairro Parque Brasil II, zona Norte de Teresina.

Israel de Assis Damasceno dos Santos é acusado de comandar a chacina na Santa Maria da Codipi - (Divulgação/Polícia Civil) Divulgação/Polícia Civil
Israel de Assis Damasceno dos Santos é acusado de comandar a chacina na Santa Maria da Codipi

Após serem autuados, os dois foram encaminhados para audiência de custódia. No caso de Israel Damasceno, consta na ata da audiência que ele foi posto em liberdade por não haver nenhum pedido de prisão preventiva em seu desfavor. Sendo assim, o juiz que homologou seu flagrante não poderia mantê-lo detido, convertendo sua prisão em preventiva. Já no caso de José Igor Rodrigues, consta na ata que a análise do pedido de prisão preventiva ficou prejudicada por conta de um possível erro na confecção do auto de prisão em flagrante.

No documento o juiz detalhou os endereços alvos dos mandados de busca e apreensão nos quais Israel e José Igor foram encontrados de posse de material relacionado ao tráfico de drogas. Um dos mandados foi direcionado à residência de Jonathans Silva Lima, conhecido como Cirilo, na casa 11, e outro à residência de Josué Silva Lima, conhecido como Coroa, na casa 20, ambas localizados no Parque Brasil II.

O magistrado que realizou a audiência de custódia pontuou que “no presente caso, há uma séria possibilidade de erro de documentação que compromete a certeza da materialidade dos fatos. Em quatros oportunidades, a autoridade policial indicou que todos os itens apreendidos, como drogas e materiais associados ao tráfico, foram encontrados na casa 20, residência de Josué Silva Lima. No entanto, os autuados José Igor Rodrigues Ferreira e Israel de Assis Damasceno dos Santos afirmaram que nada foi encontrado com eles, bem como resta incontroverso que estavam na casa 11 no momento da prisão”.

Confira aqui a sentença na íntegra

No documento consta ainda que “ainda que um dos policiais tenha declarado que os itens foram localizados tanto na casa 20, quanto na casa 11, essa informação não foi devidamente refletida nos documentos. Tanto nos dois autos preenchidos manualmente, quanto nos dois digitalizados, foi indicado que os objetos estavam na casa 20, enquanto os autuados presos na casa 11. Esse fato levanta dúvidas sobre a veracidade das circunstâncias relatadas e coloca em xeque a versão oficial dos fatos, prejudicando a análise quanto à real posse dos entorpecentes pelos autuados”.

O juiz destacou também que a pequena quantidade de drogas encontradas com Israel e José Igor, e o fato de que eles não eram o alvo principal dos mandados reforçam a necessidade de cautela na análise da situação, o que demonstra “necessidade de uma melhor apuração dos fatos”. Diante dos fatos relatados, o magistrado entendeu que, no momento, não se mostrava prudente aplicar a medida cautelar mais extrema, que é a prisão preventiva, sendo, então, razoável e adequado aplicar medidas cautelares diversas à prisão.

O juiz pôs José Igor e Israel em liberdade provisória, ambos com monitoramento por tornozeleira eletrônica por 90 dias e determinou toque de recolher a partir das 22h. Os dois ficaram ainda proibidos de frequentar bares, restaurantes e locais onde se verificam maiores chances de reiteração delitiva.

Polícia divulga esquema de mortes na região da Santa Maria da Codipi - (Reprodução/Secretaria de Segurança) Reprodução/Secretaria de Segurança
Polícia divulga esquema de mortes na região da Santa Maria da Codipi

Entenda aqui a cronologia da chacina na Santa Maria da Codipi

Um dia após a soltura, a chacina na Santa Maria

Em entrevista coletiva nesta sexta (04), o secretário de Segurança, Chico Lucas, afirmou que um minuto após Bárbara Teresa Ferreira de Sousa ter sido assassinada, Israel rompeu a tornozeleira e saiu cometendo a série de homicídios que se registrou depois. Bárbara era esposa de Israel e estava grávida de quatro semanas. Junto com José Igor Rodrigues Ferreira e seu irmão, um adolescente, Israel comandou o assassinato de pelo menos três pessoas: Jennifer Lourrane Gomes de Sousa, Eliton Emanuel Patrício dos Santos e Francisco das Chagas da Silva.

Segundo a polícia, Israel estava à procura de um desafeto, Gilvan Rodrigues Gomes da Silva, mas na busca por ele acabou matando seu filho, Eliton Emanuel, e sua sobrinha, Jennifer Lourrane. A chacina ocorreu, de acordo com o secretário de Segurança, por conta de brigas familiares e brigas entre facções rivais. Israel Damasceno é apontado como sendo líder do PCC na região da Santa Maria e seu desafeto, Gilvan, seria uma das lideranças do Bonde dos 40.

Israel voltou a ser preso na tarde de ontem (04), em flagrante, acusado dos homicídios na Santa Maria da Codipi.


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