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Comportamento canino: criação inadequada pode gerar agressividade

O adestramento é uma das soluções para que situações extremas não ocorram com o "melhor amigo do homem"

15/08/2024 às 08h23

Nos últimos meses, alguns casos de ataques de cães foram noticiados. Nas ocorrências, os animais atacaram crianças da própria família e, segundo relatos, os animais costumavam ficar presos e tinham pouco contato com as vítimas. Nessa perspectiva, o adestramento de cães é essencial para o tratamento de traumas, facilitando a socialização, educação e comportamento em todas as idades e raças. Cachorros que respeitam limites são mais felizes e se integram melhor à família, recebendo amor e carinho em retorno. Ao aprender comandos, os cães exercitam tanto a mente quanto o corpo, promovendo a harmonia e a socialização, essenciais para uma convivência feliz e saudável.

Ao aprender comandos, os cães exercitam tanto a mente quanto o corpo, promovendo a harmonia e a socialização - (Assis Fernandes/ODIA) Assis Fernandes/ODIA
Ao aprender comandos, os cães exercitam tanto a mente quanto o corpo, promovendo a harmonia e a socialização

O que poucas pessoas consideram é que o adestramento canino pode evitar comportamentos agressivos. Segundo o capitão Frota, comandante da 3ª Companhia do BPChoque e responsável pelo Canil da Polícia Militar do Piauí, o comportamento do cão tem relação direta com a criação dada pelo tutor.

“Tudo começa pela decisão de cuidar de um cão, dando condições necessárias para esse animal. As pessoas pegam um cão, mas tem uma rotina muito corrida, sem noções de cuidados, maltrata, deixa o dia todo preso, não dá atenção à saúde, ao comportamento e à alimentação. Essas condições fazem com que os cães fiquem agressivos e possam vir a morder pessoas

Capitão Frotacomandante da 3ª Companhia do BPChoque e responsável pelo Canil da Polícia Militar do Piauí

O capitão cita ainda que animais que apresentam comportamentos agressivos, em geral, são ensinados e estimulados por seus tutores a agirem de tal forma e que os cães apenas reproduzem o que aprendem. “Infelizmente, as pessoas criam cães para violência, com o objetivo de ser um cão agressivo para guardar a residência. Se o cão é agressivo para agir contra quem entra na sua casa, então ele será agressivo com qualquer pessoa que se aproxima”, enfatiza.

Capitão Frota, comandante da 3ª Companhia do BPChoque e responsável pelo Canil da Polícia Militar do Piauí - (Assis Fernandes/ODIA) Assis Fernandes/ODIA
Capitão Frota, comandante da 3ª Companhia do BPChoque e responsável pelo Canil da Polícia Militar do Piauí

O canil da Polícia Militar do Piauí conta com nove cães, que são treinados para atuarem em diferentes finalidades, como o faro, que visa localizar drogas, armas e explosivos, além dos cães que fazem guarda e proteção. Em breve, será implantada na corporação a especialidade de busca e captura.

A seleção de um cão para realizar determinada função independe de sua agressividade, ou seja, algumas raças são escolhidas devido ao seu porte físico, como o Pastor-belga- -malinois. Por ser bastante ativo e disposto, ele é comumente utilizado para o faro (de armas ou de drogas). Já o labrador apresenta um comportamento mais dócil, especialmente com crianças, e não reage de maneira violenta. No canil da PM, ele é usado para a detecção de explosivos.

O canil da Polícia Militar do Piauí conta com nove cães, que são treinados para atuarem em diferentes finalidades - (Assis Fernandes/ODIA) Assis Fernandes/ODIA
O canil da Polícia Militar do Piauí conta com nove cães, que são treinados para atuarem em diferentes finalidades

“A escolha desse cão é feita desde o início, podendo esse cão ser preparado ainda quando filhote ou podemos recebê-lo já adulto e treinado em sua habilidade. Em geral, escolhemos o cão pela linhagem, ou seja, o filho de algum cão que já é farejador”, ressalta o capitão Frota, comandante da 3ª Companhia do BPChoque.

Flávia Barreto, médica veterinária do canil da PM, explica ainda que os cães do canil da PM recebem um cuidado especial, afinal, são animais que exercem funções importantes e desgastantes. “Fazemos uma medicina preventiva, evitando ao máximo que os cães do canil adquiram alguma doença. Assim, eles são vacinados periodicamente, têm boa hidratação, alimentos balanceados e passam por treinamentos diários. Os cães que estão em atividade recebem cuidado redobrado, devido seu gasto energético ser maior”, complementa a médica veterinária

Genética e porte do cão não têm relação direta com a agressividade

Muitas pessoas pensam que determinadas raças de cães são mais violentas ou agressivas, entretanto, é preciso ressaltar que a genética não necessariamente tem relação com esse comportamento. Segundo Virgínia Leal, especialista em comportamento pet, o ambiente que esse animal vive, entre outros fatores, pode influenciar no modo como esse cachorro se comporta.

O adestramento positivo preza muito bem-estar animal e isso independe da raça - (Assis Fernandes/ODIA) Assis Fernandes/ODIA
O adestramento positivo preza muito bem-estar animal e isso independe da raça

“Alguns pontos devem ser considerados, como o modo que esse animal é tratado pelo tutor e pela família, se esse animal exerce comportamento natural da espécie dele, como forragear, roer, fuçar, cavar, se tem enriquecimento ambiental na casa, favorecendo esse tipo de atividade, se faz passeios diários, se tem uma boa relação com as pessoas da casa, se não é tratado com brigas, nem chutes, gritos, castigos e não é submetido a algum tipo de restrição à água ou comida”, comenta Virgínia.

A especialista comportamental destaca ainda que qualquer raça de cão pode se tornar ou estar em uma determinada situação agressiva, especialmente se ele for forçado a agir desse modo. Isso pode acontecer quando o animal sente-se desconfortável ou tem uma experiência ruim, desse modo, manter uma boa relação entre o animal e as pessoas que convivem com ele diariamente é essencial para evitar traumas.

O adestramento positivo preza muito bem-estar animal e isso independe da raça. Hoje em dia você vê muitos cães pequenos, como Shihtzu, Spitz e Pinschers serem bem agressivos porque não foram respeitados em várias situações. Então qualquer cão pode ser e se tornar agressivo em qualquer situação, seja ele porte pequeno ou porte grande

Virgínia Lealespecialista em comportamento pet

Virgínia Leal lembra que os animais refletem o comportamento que recebem de seus tutores. Entretanto, a especialista reforça que nenhum animal deve ficar sozinho com crianças, especialmente se ela tiver alguma particularidade, como o autismo. Isso porque o cão tende a esperar determinada atitude do humano e, caso ele não tenha uma boa experiência, como receber atenção ou a criança puxe seu pelo, o cachorro pode demonstrar um comportamento mais agressivo.

“Não aconselho crianças ficarem sozinhas com animais, é preciso sempre ter supervisão de adultos, principalmente nessas relações de interação. Independente do porte e da raça, este cão precisa ter uma relação saudável com todos da casa, com passeios diários, e enriquecimento ambiental, exercitar seu comportamento natural de morder, farejar, fuçar, água à vontade, comida suficiente, abrigo e ser um animal feliz, além de ser respeitado na sua particularidade, ter amor, respeito e confia nas pessoas que o cercam”, complementa a especialista em comportamento pet, Virgínia Leal.

Animais refletem o comportamento que recebem de seus tutores. - (Jailson Soares/O Dia) Jailson Soares/O Dia
Animais refletem o comportamento que recebem de seus tutores.

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