A Pesquisa de Orçamentos Familiares 201-2018,
divulgados nesta quarta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), mostra uma grande diferença na despesa total per capita entre famílias
com pessoas pretas ou pardas e brancas. Para os casos de pessoa branca, a despesa total per capita é de R$ 2.279,19,
enquanto quando são pretos ou partos cai para R$ 1.207,11, isto é, uma
diferença de 47,0%.
Dada a natureza essencial deste tipo de despesa,
ressalta-se o contraste dos valores das despesas per capita nos grupos de
habitação (R$ 330,72 para pretos ou pardos e R$ 644,31 para brancos),
assistência à saúde (R$ 94,99 para famílias chefiadas por pretos ou pardos
e R$ 183,94 para quando a pessoa é branca) e alimentação
(R$ 181,60 em casos de pessoas pretas ou pardas e R$ 269,44 quando
brancas).

(Foto: Arquivo ODIA)
A pesquisa também traz uma análise da pobreza no Brasil,
com base nas linhas de R$ 1,90/dia e R$ 5,50/dia, convertidas pela paridade do
poder de compra de 2011 e deflacionadas para 15 janeiro de 2018. No Brasil,
1,4% da população viviam abaixo da linha de R$ 1,90 e 12,1%, abaixo da linha de
R$ 5,50.
A área rural tem apenas 14,7% da população, mas
contribui com 34,6% de toda a pobreza observada. Quando a estratificação é
feita por região, o Norte abriga 8,6% da população brasileira e contribui com
26,1% de toda a pobreza. A região Nordeste abriga 27,3% da população brasileira
e contribui com 47,9% de toda a pobreza.
Quando a análise é feita por cor ou raça, 77,8% de
toda a pobreza está na população cuja pessoa de referência da família se
declarou preta ou parda. Por nível de instrução, 66,5% de toda a pobreza está
na população em que a pessoa de referência da família tinha o ensino
fundamental incompleto ou era sem instrução. Por ocupação, 81,7% da pobreza
estava concentrada nas pessoas que compunham as famílias cuja pessoa de
referência era um empregado sem carteira, um trabalhador por conta própria ou
um não ocupado.
No Brasil, a despesa total per capita foi de R$ 1.667,90,
deste total R$ 1.554,06 correspondem às despesas correntes, R$ 63,61
ao aumento do ativo e R$ 50,22 à redução do passivo. No tocante às
despesas de consumo (R$ 1.370,53), a habitação é a responsável pela maior
parcela (R$ 466,34), seguida das despesas com transporte (R$ 234,08)
e alimentação (R$ 219,44). Importante destacar que o componente de
educação ganha 2,7 pontos percentuais em relação à despesa total quando os
valores não monetários são inseridos
Falta de dinheiro é o principal motivo para restrição
de acesso à saúde
Cerca de 26,2% das pessoas pertenciam a famílias que
tiveram alguma restrição a serviços de saúde e 16,4% a medicamentos. A falta de
dinheiro foi o principal motivo alegado para acesso aos serviços de saúde (16,9%)
e para a aquisição de medicamentos (11,0%). Outro motivo foi a falta do produto
ou serviço.
Famílias com crianças tiveram maiores restrições em
serviço de saúde (12,9% e medicamentos (8,4%) do que famílias com idosos (5,7%
e 3,7%, respectivamente).
As pessoas nos quatro menores décimos de renda tiveram
maiores graus de restrição à saúde quando comparadas a famílias com o maior
rendimento. Na restrição a medicamentos, 9,0% das pessoas estavam nos 40% com
as menores rendas, enquanto 0,6% nos 10% com maior rendimento. Na restrição de
acesso a serviços, essa distância ainda foi maior, pois 12,8% estavam nos 40%
com os menores rendimentos e 1,2% dos 10% com maior renda.
18,1% da população vivem em famílias em que todos têm
plano de saúde
Apenas 18,1% das pessoas viviam em famílias em que
todos possuíam plano saúde e 17,4% em que ao menos uma pessoa tinha o serviço.
A maioria, contudo, vivia em famílias em que ninguém tinha plano de saúde
(64,4%).
Das pessoas que viviam em famílias com plano de saúde
para todos os integrantes, 10,3% residiam no Sudeste e 0,6% no Norte. Por outro
lado, 23,5% das pessoas de famílias em que ninguém tinha plano de saúde viviam
no Sudeste e 4,7% no Centro-Oeste.
Em 13,2% das famílias com idosos, ninguém possuía
plano de saúde
Entre as famílias com planos de saúde para todos os
membros, 10,5% encontravam-se no grupo dos 20% com os maiores rendimentos e
apenas 1% delas estavam na outra ponta, isto é, entre os 20% com os menores
rendimentos.
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Por: Isabela Lopes