O apagão nacional que deixou 25 estados e o Distrito Federal sem energia na manhã e parte da tarde desta terça-feira (15) é considerado o maior desde 2009. De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o sistema elétrico brasileiro perdeu 25% da carga às 8h31. O problema, que pode ter sido provocado por uma falha em uma subestação localizada no estado do Pará, afetou inicialmente as regiões Norte e Nordeste. Nas regiões Sul e Sudeste, o desligamento foi controlado para que não houvesse uma reação em cadeia.
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Carga foi retomada de forma escalonada
Seis horas depois do início da interrupção de energia em grande parte do país, o sistema nacional de energia foi restabelecido. Segundo o ONS, as regiões Norte e Nordeste foram as últimas a terem a carga recomposta. Às 15h, as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, a carga já havia sido recomposta integralmente, assim como em todas as capitais.
Em entrevista ao O DIA, o engenheiro eletricista e diretor do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Piauí (UFPI), professor Marcos Lira, explicou que o restabelecimento de energia acontece de forma escalonada. Por mais que seja o maior exportador de energia eólica e solar, o Nordeste não é um grande consumidor de energia, o que faz com que seja um dos últimos a ter o fornecimento restabelecido. Em alguns municípios do Piauí, por exemplo, o serviço só foi restabelecido mais de seis horas após o início do episódio.
“É o que a gente chama de seletividade de cargas. Eu abasteço inicialmente os grandes centros urbanos que se configuram como grandes consumidores de energia, como as regiões Sul e Sudeste, que tem grandes indústrias que demandam o consumo de energia. Então, vou abastecendo esses grandes consumidores até chegar aos consumidores menores”, esclarece o engenheiro eletricista.
Apagão pode ter sido provocado por falha técnica
Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico, às 8h31m, houve uma ocorrência no sistema que provocou a separação elétrica das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul e Sudeste, com abertura das interligações entre essas regiões. Houve pelo menos 16 mil MW de interrupção de energia. O Operador, assim que identificou a situação, iniciou ação conjunta com os agentes para restabelecer a energia nas regiões.
Ao contrário de outros apagões registrados no país, que foram provocados por fenômenos climáticos, desta vez, a causa mais plausível é de origem técnica, um problema ainda não identificado em uma subestação localizada no entorno da Usina de Belo Monte, no Pará. Contudo, o laudo técnico do ONS, com a causa definida para o apagão, deverá ser concluído em até três dias.
“As informações preliminares dão conta de que o problema teve origem em uma subestação que fica no entorno da Usina de Belo Monte, no Pará. O laudo vai informar se foi proteção, se foi a parte de automação. Isso é o laudo quem vai dizer. O que a gente percebe, no entanto, é um efeito cascata, algo que aconteceu no Pará, mas que afetou todo o sistema elétrico brasileiro”, afirma o professor Marcos Lira.
Roraima foi o único estado não afetado
Todas as unidades federativas foram atingidas pelo apagão, com exceção do estado de Roraima. Isso porque o estado, localizado na região Norte, não faz parte do sistema interligado nacional. Ou seja, a energia consumida em Roraima é produzida em usinas termelétricas e outra parte vem da Venezuela.