O Ministério da Saúde anunciou na manhã desta quarta-feira (20) um protocolo para aplicação da cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19. A medida prevê o uso do medicamento em pacientes em estágio leve da doença. Até então, a cloroquina era usada somente em casos graves de Covid-19. Além do fármaco, o protocolo também orienta para a rede pública - SUS, a combinação com a azitromicina.
O uso da cloroquina é veementemente defendido pelo presidente Bolsonaro no tratamento de pessoas contaminadas com o novo coronavírus. No entanto, o próprio documento do Ministério da Saúde alerta que não existe comprovação científica da eficácia do medicamento nesse sentido, apenas relatos de profissionais da saúde e pacientes que fizeram uso do fármaco e disseram ter apresentado melhoras clínicas.
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Na semana passada, o Piauí entrou no centro dos debates acerca do uso da cloroquina para a Covid-19. É que a rede de atenção básica à saúde em Floriano anunciou um protocolo de tratamento com utilização do fármaco, o que teria zerado as internações na UTI no Hospital Regional Tibério Nunes, referência na covid na cidade e região.
O protocolo foi apresentado à ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, em visita ao Estado. Após videoconferência com médicos e especialistas, a representante do governo federal se pronunciou afirmando que veio ao Piauí “conhecer o milagre da cloroquina”. Ela levou uma cópia do protocolo adotado em Floriano para entregar ao então ministro da Saúde, Nelson Teich.
Teich pediu demissão e saiu do Ministério da Saúde na semana passada. Desde então, a pasta está sendo ocupada interinamente pelo general Eduardo Pazuello, que foi quem assinou a autorização do uso da cloroquina.
Em março, o Ministério da Saúde havia publicado um protocolo de atendimento da Covid-19 em que liberava o uso da cloroquina somente em pacientes em estado grave. O medicamento era fornecido junto a outros métodos, como respiração mecânica e sua administração só poderia ser feita mediante a assinatura por parte do paciente de um termo de consentimento.
O próprio documento ressaltava os riscos no uso da cloroquina. “Disfunção grave de órgãos, prolongamento da internação, incapacidade temporária ou permanente, e até o óbito”, dizia o protocolo. Todas estas informações tinham que ser claramente repassadas ao paciente e seus responsáveis antes da aplicação do fármaco.
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Novo protocolo autoriza uso da cloroquina em qualquer estágio da covid-19 - Foto: Reprodução
Presidente se refere ao medicamento como "esperança"
Hoje pela manhã, o presidente Jair Bolsonaro se manifestou em suas redes sociais sobre a adoção do novo protocolo de tratamento da covid-19 pelo Ministério da Saúde. Em seu Twitter, ele mencionou: "Hoje teremos novo protocolo sobre a Cloroquina pelo Ministério da Saúde. Uma esperança, como relatado por muitos que a usaram". No mesmo post, Bolsonaro lamentou as 1.179 mortes registradas por covid-19 ontem (19), um recorde no Brasil: "Dias difíceis. Lamentamos os que nos deixaram".
Foto: Reprodução/Twitter
Bolsonaro ironizou o uso da cloroquina
Ainda no dia de ontem, Jair Bolsonaro fez um trocadilho referindo-se à cloroquina durante uma live em suas redes sociais. O presidente afirmou "quem for de direita, toma cloroquina. Quem for de esquerda, tubaína". Ele fez referência à polêmica e aos debates em torno da eficácia da cloroquina no tratamento da Covid-19.
Por: Maria Clara Estrêla