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Estudo acende alerta e mostra risco alto de reinserção da Paralisia Infantil no Piauí

Segundo o Ministério da saúde quase todas as cidades do Piauí estariam com risco alto ou muito alto de ressurgimento da Paralisia

23/10/2022 12:17

Um levantamento divulgado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) acendeu um alerta com a contínua diminuição de imunização de crianças no primeiro ano de vida nos Municípios Brasileiros. O estudo analisou a cobertura vacinal, com destaque para as vacinas contra a poliomielite, tríplice viral D1 (Sarampo) e BCG e coletou dados de casos confirmados e óbitos. A pesquisa evidenciou um desabastecimento parcial, como no caso da BCG e risco de reintrodução do vírus da poliomielite no território nacional. Segundo o Ministério da saúde, quase todas as cidades do Piauí estariam com risco alto ou muito alto de ressurgimento da Paralisia Infantil. (confira no mapa)

Reprodução Ministério da Saúde

O estudo é divulgado duas semanas após um caso de Pólio ser investigado e descartado no estado do Pará, no norte do Brasil. Erradicada no Brasil há quase 30 anos, a Paralisia Infantil, como é popularmente conhecida, foi dada como extinta do país em 1994 pela Organização Mundial da Saúde. Contudo, a doença corre grande risco de ser reintroduzida no país, de acordo com especialistas, devido à baixa cobertura vacinal. O Brasil não cumpre, desde 2015, a meta de 95% do público-alvo vacinado, patamar necessário para que a população seja considerada protegida contra a doença.

No fim de julho o Ministério da Saúde emitiu um documento (veja na íntegra)  alertando para o “risco de reintrodução do poliovírus selvagem (PVS) e o surgimento do poliovírus derivado vacinal (PVDV) no Brasil”. No texto o órgão afirma dos 5.570 municípios brasileiros, 100 municípios (1,80%) foram caracterizados como risco baixo, 757 (13,59%) como risco médio, 1.427 (25,62%) como risco alto e 3.286 (58,99%) como risco muito alto. Conforme os dados apresentados, observa-se que 84,61% dos municípios encontram-se em risco alto e risco muito alto como mostrado na figura abaixo.

Outro dado preocupante apresentado pelo Ministério da Saúde mostra que desde 2020 o Piauí teve 23 casos notificados de Paralisias Flácidas Agudas fato que, associado as baixas coberturas vacinais, eleva o país ao alto risco de reintrodução da poliomielite. Com os números o Estado não teria alcançado a meta mínima dos indicadores de qualidade da vigilância epidemiológica das Paralisias.

Reprodução Ministério da Saúde

A poliomielite é uma doença infecto-contagiosa aguda causada pelo poliovírus selvagem responsável por diversas epidemias no Brasil e no mundo. Ela pode provocar desde sintomas como os de um resfriado comum a problemas graves no sistema nervoso, como paralisia irreversível, principalmente em crianças com menos de cinco anos de idade.

No país, duas vacinas diferentes são oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para a imunização da pólio: a inativada e a atenuada. A vacina inativada deve ser aplicada nos bebês aos 2, 4 e 6 meses de idade. Já o reforço da proteção contra a doença é feito com a vacina atenuada, aquela administrada em gotas por via oral entre os 15 e 18 meses e depois, mais uma vez, entre os 4 e 5 anos de idade.

FOTO: ARQUIVO/Tomaz Silva/Agência Brasil/

Segundo o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), a cobertura vacinal com as três doses iniciais da vacina está muito baixa: 67% em 2021. A cobertura das doses de reforço (a de gotinha) é ainda menor, e apenas 52% das crianças foram imunizadas. Nas regiões Nordeste e Norte, a situação é ainda pior, com percentuais de 42% e 44%, respectivamente, para a imunização completa com as cinco doses.

Pesquisa dos últimos 14 anos

A análise feita pela CNM, engloba a cobertura vacinal de rotina do Programa Nacional de Imunizações (PNI) entre 2007 e 2021 e apontou queda nas vacinas analisadas, exceto na da febre amarela. Avaliando esse cenário, o estudo identificou que o percentual de imunização da BCG despencou de 68% (3.786 Municípios) em 2007 para 22,1% (1.230 cidades) no ano passado. Uma das vacinas mais antigas do Calendário Nacional de Vacinação, a vacina contra a tuberculose deve ser administrada logo após o nascimento, preferencialmente na admissão do recém-nascido na maternidade, tendo como meta 90% de cobertura e, nos últimos 15 anos (2007 a 2021), o resultado do indicador de média de cobertura superou a meta, exceto em 2019 (86,67%), 2020 (75,61%) e 2021 (70,70%).

Entretanto, o cenário de alcance desse público pelo conjunto de Municípios tem sido desanimador. De acordo com o levantamento, no ano de 2014, 54,1% (1.469 dos Municípios) atingiram o objetivo de cobertura para o imunizante. Sete anos depois, o percentual caiu para 22,1% (601 Entes locais).

ARQUIVO/Tomaz Silva/Agência Brasil/

Vacina Penta

Já a vacina DTP+Hib+HB (Penta) faz parte do ciclo de vacinação desde 2012, quando teve agregado o componente dos vírus Haemophilus influenzae B (Hib). Esse imunizante também tem meta de 95% e foi alcançada nos anos de 2013 a 2015. Considerando a incorporação no PNI, o percentual de Municípios que atingiram a meta em 2012 foi de apenas 0,2% (11 Municípios) e variou de 62,8% (3.496 Entes locais) em 2013 para 27,1% (1.508 Municípios), o que também demonstra tendência de queda.

Poliomielite e sarampo

No cenário em que é analisada a vacinação contra a poliomielite, o registro de diminuição também é acentuado e chega a 81,8% (4.554 Municípios) nos últimos 15 anos. O percentual de Municípios que alcançou a meta chega a apenas 25,7% no ano passado. Por sua vez, a meta de cobertura da tríplice viral (95%), que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, o país não atingiu a meta de cobertura, sendo que o menor índice foi registrado em 2021 (73,50%).

Possíveis motivos

De acordo com o estudo relacionado à redução das coberturas vacinais de rotina em crianças menores de cinco anos, realizado em 2020 pelo Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef), vários motivos podem levar à diminuição das coberturas vacinais. Os principais são a falta de vacinas nas unidades de saúde; a circulação de fake news e a formação e estrutura insuficientes para trabalho nas salas de vacinação.

Fonte: Com informações CNM
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