O presidente Jair Bolsonaro reconheceu nesta terça-feira (20) que pode abrir mão da indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a função de embaixador nos Estados Unidos.
Em entrevista a jornalistas, ele disse que não quer submeter o seu filho a um fracasso e considerou que há a chance de um recuo caso o cenário no Senado se mostre desfavorável a uma aprovação.
O presidente disse que é direito do Senado rejeitar seu filho, mas que tem atuado por uma aprovação - Fotos: Marcelo Camargo/Agência Brasil
"Tudo é possível. Eu não quero submeter o meu filho a um fracasso. Eu acho que ele tem competência. Tudo pode acontecer", disse o presidente, ao ser perguntado se poderia desistir da indicação.
Para ser efetivado, o nome do parlamentar precisa ser apreciado pela Comissão de Relações Exteriores e aprovado por mais da metade dos votos dos presentes em votação em plenário.
O presidente disse que é direito do Senado rejeitar seu filho, mas que o Palácio do Planalto tem conversado e atuado por uma aprovação. Ele voltou a negar que a indicação se trate de nepotismo.
"Se não for meu filho, vai ser o filho de alguém, porra", disse. "Agora, o que vale para mim é uma súmula do STF [Supremo Tribunal Federal] dizendo que, nesse caso, não é nepotismo", acrescentou.
Bolsonaro criticou parecer elaborado por consultores do Senado que classifica a indicação como nepotismo. Para ele, o documento tem "viés político" e as consultorias parlamentares atuam "de acordo com o interesse do parlamentar".
"Não pode ter viés ideológico nessa questão. E o embaixador é um cartão de visita. É a mesma coisa comigo. Para ser presidente, tenho de entender de saúde, educação e economia? É impossível", disse.
A possibilidade de Eduardo assumir a função tem sido alvo de críticas, inclusive por parte de alguns de seus apoiadores
O presidente tem segurado a indicação do filho à espera de um placar preliminar que seja favorável à sua aprovação. A possibilidade de Eduardo assumir a função tem sido alvo de críticas, inclusive por parte de alguns de seus apoiadores.
Senadores como o líder do PSD, Otto Alencar (BA), já defendeu a rejeição do nome do filho do presidente como um recado do Legislativo para o que considera excessos cometidos pelo chefe do Executivo.
Em entrevista à Folha, o relator da reforma da Previdência, Tasso Jereissati (PSDB-CE), disse temer que a polêmica escolha contamine o ambiente para a votação das novas regras para aposentadoria.