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Pandemia: médicos brancos foram mais contratados e com salário 18,7% maior que negros

Levantamento levou em conta as contratações do primeiro semestre de 2020 de acordo com dados do Caged

19/09/2020 14:37

Durante os seis primeiros meses de 2020, período em que o Brasil enfrentou a pandemia da Covid-19, doença causada pelo coronavírus, houve uma explosão nas contratações na saúde. Segundo levantamento feito por uma plataforma de bolsas de estudo e vagas no ensino superior, utilizando dados de janeiro a junho do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), no período anterior, as contratações de médicos subiram 29% e o saldo entre admissões e demissões (geração de postos de trabalho) cresceu em 2.257.

Entretanto, um dado chama atenção. Entre os profissionais contratados, a maioria foi de brancos que também receberam remuneração, em média, 18,7% maior em relação aos negrosDe 7.001 profissionais contratados com ensino superior neste período, 3.927 eram médicos brancos (56,1%) e 2.197 eram médicos negros, pretos ou pardos (31,4%). O salário médio das admissões também foi maior, com R$ 6.950,73 para profissionais brancos e R$ 5.855,96 para negros.

(Foto: Divulgação/Freepik)

À nível dos Estados, considerando aqueles com pelo menos 10 contratações, tanto de médicos negros quanto de brancos, a tendência se mantém em nove deles e muda em outros cinco. O Pará é o estado com a maior diferença de remuneração, 43,1% maior para médicos brancos. O inverso acontece em São Paulo, em que profissionais brancos recebem salário 15,7% menor. O Espírito Santo é o que mais se aproxima da igualdade, com apenas brancos recebendo salário 0,38% menor que médicos negros.

Enfermeiros também recebem menos que profissionais brancos

A realidade não é diferente entre os profissionais com ensino superior que atuam na área de enfermagem. Dos 37.296 enfermeiros contratos no País, 46,1% deles eram brancos (17.186) e 40,1% eram negros (14.957). Na média nacional, os profissionais brancos receberam uma remuneração média de R$ 3.658,92, correspondente a 12,6% a mais que os R$ 3.248,50 que profissionais negros receberam.

No Piauí, os enfermeiros negros ganham, em média, R$ 2.770,49, já os profissionais brancos ganham R$ 2.869,58, uma diferença de R$ 99,09.

Analisando a nível dos estados, considerando aqueles com pelo menos 10 enfermeiros brancos e 10 negros contratados, em 14 deles os profissionais brancos recebem mais do que profissionais negros e em 10 deles acontece o contrário.

O estado com maior diferença entre o salário de enfermeiros brancos em relação a negros está no Amazonas, com 135% a mais. O contrário acontece em Sergipe, com brancos recebendo 28,9% a menos. O mais próximo da equidade é Goiás com enfermeiros brancos recebendo 0,67% a mais.

Por: Isabela Lopes, com informações da Ascom/Quero Bolsa
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