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Papa gay e freiras de topless questionam igreja durante JMJ

Marcha das Vadias combateu dogmas religiosos na praia de Copacabana

28/07/2013 15:33

Elas chegaram cedo à praia de Copacabana ontem (27), um sábado de sol no Rio de Janeiro. �€s 13h começaram a distribuir camisinhas, embaladas com os dizeres �€œUse, o papa não vai saber�€ aos peregrinos que esperavam o Pontífice no local. A 3ª e maior edição da Marcha das Vadias do Rio reuniu 20 mil pessoas, segundo as organizadoras, e duas mil, segundo a Polícia Militar.

Freiras de topless e um papa gay parodiaram a Jornada Mundial da Juventude e questionaram a posição da Igreja sobre aborto, contraceptivos e relações homoafetivas.

�€œEsta marcha se propõe a combater os dogmas da religião que tanto interferem na laicidade do Estado e principalmente no poder de decisão das mulheres, privando-as da liberdade de terem direito sobre o seu próprio corpo�€, afirma a prostituta Indianara Siqueira, 42 anos, uma das organizadoras do evento.

Sobre os motivos que levaram à realização da marcha em meio à Jornada Mundial da Juventude, ela esclarece que a intenção foi confrontar.

�€œMas não diretamente com o papa, até por que a gente achava que hoje ele estaria em Guaratiba, o que seria muito mais seguro, e não aqui, ao mesmo tempo que a gente�€.

De acordo com a agenda divulgada antes do início da JMJ, o papa Francisco estaria na zona oeste da cidade. Porém, devido ao lamaçal em que o Campo da Fé se transformou depois das chuvas, o comitê organizador local da JMJ comunicou, na quinta-feira (25), a transferência das atividades para Copacabana. Em função da mudança, a Marcha das Vadias, que previa seu término na praia do Leme, acabou, por volta das 18h, no posto 9 de Ipanema. �€œDecidimos por um trajeto oposto aos dos peregrinos para evitar conflitos�€, esclareceu Indianara.

Segurança

A segurança foi uma preocupação constante durante a marcha. Na sexta-feira (26), quando ocorreu um �€œpeitaço�€, seguido de um �€œbeijaço�€ LGBT, em Copacabana, peregrinos jogaram ovo e outros objetos nos manifestantes já cercados por agentes da polícia. �€œFoi horrível, realmente assustador. Um absurdo�€, denunciou Francisco dos Santos, presente ao ato.

Já na tarde de ontem, a maioria dos participantes da JMJ acompanhou o protesto de forma pacífica. Houve quem colocasse o crucifixo diante das �€œvadias�€ ou rezasse fervorosamente pelas �€œpecadoras�€ em marcha. Um peregrino cuspiu no rosto de uma das manifestantes.

�€œEu acho que as pessoas têm que reivindicar, o protesto é pacífico e é assim que tem que ser. Cada um tem o direito de buscar o seu espaço na sociedade�€, afirmou o seminarista Thiago Radael, que veio de Curitiba (PR) para a JMJ, ao ver o protesto passar.

Outra peregrina de 70 anos, que não autorizou a repórter a revelar sua identidade, confessou: �€œEu já cometi dois abortos. Foi há muitos anos. Hoje eu me arrependo. Rezo todos os dias por ter feito esse grande pecado.�€

Mesmo lembrando do medo e dos riscos vividos em clínicas clandestinas, ela criticou a manifestação: �€œNão tem nada a ver. Ora, aonde se viu fazer um negócio desses aqui? Isso é um desrespeito�€.

As Católicas pelo Direito de Decidir lançaram uma carta aberta ao papa Francisco durante a Marcha das Vadias. �€œQueremos uma nova moral relativa à sexualidade e à reprodução humana que reconheça o valor moral da decisão das mulheres católicas pela interrupção de uma gravidez�€, diz um dos trechos da carta.

Jornada das manifestações

Além da legalização do aborto e da criminalização à homofobia, a Marcha das Vadias reivindicou que a presidenta Dilma Rousseff vete a chamada �€œbolsa estupro�€ e sancione o Projeto de Lei Complementar 03, de 2013, que define o atendimento médico que deve ser dado às vítimas de violência sexual no país.

Em tramitação no Congresso Nacional, a �€œcura gay�€ e o Estatuto do Nascituro também foram rechaçados pelos manifestantes.

Os pedidos de impeachment do governador do Estado do RJ, Sérgio Cabral (PMDB), mais uma vez voltaram à tona, assim como a pergunta �€œCadê o Amarildo?�€, em referência ao trabalhador Amarildo de Souza, desaparecido desde 14 de julho, após ter sido levado para uma �€œverificação�€ por agentes da Unidade de Polícia Pacificadora da Rocinha.


Fonte: Rede Brasil Atual
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