Um levantamento realizado pelo Instituto Bem do Estar revelou que 80% das mulheres estão se sentindo mais ansiosas nesses últimos meses em comparação ao período anterior à pandemia. A pesquisa faz parte do mapeamento "Ser Mulher: a saúde da mente delas", realizado entre março e maio de 2021 com 809 mulheres de diferentes faixas etárias e regiões do país, que investigou o impacto do isolamento social no cotidiano feminino.
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(Foto: Reprodução/Pixabay)
Das entrevistadas, 81% afirmaram que já passaram por crise de ansiedade, porém, quase metade não procurou ajuda. Entre as que procuraram ajuda, as principais formas relatadas espontaneamente foram:
- terapia/tratamento psicológico (69%);
- acompanhamento psiquiátrico (34%);
- médicos de outras especialidades ou especialidade não informada (8%);
- medicação (4%).
Sem ânimo para realizar suas atividades, 65% estão se sentindo mais sem ânimo do que antes da pandemia. Assim, 54% afirmam que já tiveram depressão, porém, quase metade não procurou ajuda. Entre as que procuraram ajuda, as principais formas relatadas espontaneamente foram:
- terapia/tratamento psicológico (47%);
- acompanhamento psiquiátrico (33%);
- médicos de outras especialidades ou não informada a especialidade (4%);
- medicação (7%).
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Maternidade
A multiplicidade de papéis impostos pela sociedade às mulheres é um dos principais fatores do adoecimento psicológico feminino. Com tanta pressão externa e interna para cumprir demandas diversas, as brasileiras acabam “sufocadas”, sobretudo, pela culpa. A dupla jornada, em especial, entre as mulheres casadas e as empreendedoras, afeta muito a vida e a saúde feminina.
Com relação aos desafios femininos potencializados pela pandemia, a pesquisa mostra que 81% das entrevistadas afirmaram ser mais difícil e desafiador conciliar a maternidade e a vida profissional neste contexto da crise sanitária (percentual de 86% entre as casadas).
Na análise dos sentimentos, 84% estão excessivamente preocupadas (muito mais) e 65% estão sem ânimo para atividades (muito mais). A culpa excessiva é constante para 45%.
Vida profissional
Quando convidadas a avaliar o impacto de serem ou não reconhecidas pelo que fazem profissionalmente, 72% das mulheres responderam que se sentem afetadas ou muito; apenas 17% responderam que essa valorização (ou falta dela) as afeta pouco; 12% reportaram que não são afetadas.
Para 65% das entrevistadas, o impacto da dupla jornada na saúde mental as afeta ou afeta muito; 14% não são afetadas e 21% responderam que são um pouco afetadas. Entre as respondentes, 72% das mulheres casadas afirmaram que a dupla jornada afeta suas vidas; o número é de 55% para as solteiras.
O percentual é de 73% entre as mulheres com filhos (afirmaram que a dupla jornada já afetou suas vidas); e 54% é o índice entre as que não possuem filhos. Um dado interessante mostrado pela pesquisa é que 70% das empreendedoras afirmaram que a dupla jornada afeta suas vidas.
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Discriminação de gênero
Entre as entrevistadas, 55% responderam que se sentem afetadas ou muito afetadas pela discriminação de gênero; para 18%, a temática afeta pouco; e, para 27%, não afeta.
Assédio moral
Para 64% das entrevistadas, o assédio moral afeta muito ou afeta a saúde da mente; 17% reportaram que não afeta; e 19%, que afeta pouco.
Remuneração
Para 66%, a remuneração afeta muito ou afeta a saúde da mente; 19% responderam que afeta pouco; e 15% reportaram que não são afetadas pelo tema.
Apoio à maternidade no ambiente de trabalho
Das entrevistadas, 51% afirmaram que se sentem afetadas ou muito afetadas pelo apoio à maternidade que recebem (ou não) no ambiente profissional; 37% não se sentem afetadas; e 13% reportaram que o tema as afeta pouco. A percepção sobre o apoio à maternidade piora entre as mulheres que possuem filhos: 61% das mães afirmaram que a maternidade afeta ou já afetou suas vidas; o percentual é de 37% para as que não possuem filhos.
Violência doméstica
Quando questionadas se o tema afeta o cotidiano, 44% das mulheres responderam que são afetadas ou muito afetadas pela temática; 64% das mulheres divorciadas afirmaram que a violência doméstica já afetou suas vidas; 49% das mulheres com filhos afirmaram que a violência doméstica já afetou suas vidas – o percentual é de 38% para as que não possuem filhos –; e 52% das mulheres que não estão atuando profissionalmente afirmaram que a violência doméstica já afetou suas vidas.