Em apenas dois meses, mais de 650 mil casos e 100 mortes por dengue já foram registrados no Brasil. O alto índice de infecção pela doença acende o alerta para a importância da prevenção, mas também do tratamento já que, em casos mais graves, a dengue pode evoluir e levar ao óbito. Entre os sintomas da dengue estão: febre alta com duração de 2 a 7 dias, dor de cabeça, dor no corpo e nas juntas, dor atrás dos olhos e manchas vermelhas pelo corpo.
Em entrevista ao O DIA, o médico infectologista Walfrido Salmito, diretor de Vigilância e Saúde da FMS, explicou que, para além dos cuidados básicos, como manter a hidratação, o paciente também deve ficar alerta e evitar certos medicamentos, especialmente porque algumas medicações podem aumentar o risco de sangramento e ocasionar um agravamento do quadro clínico, favorecendo o desenvolvimento de formas mais graves da doença. Entre os remédios que devem ser evitados estão: diclofenaco, nimesulida e o ácido acetilsaticílico, este último conhecido como aspirina.
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“Em casos suspeitos ou comprovados de dengue devem ser evitados esses antiinflamatórios não-hormonais que são muito utilizados por parte da população, especialmente para quem tem quadros de dor, que é o diclofenaco e a nimesulide, mas pode ser qualquer outro antiinflamatório não-hormonal. Também deve se evitar o ácido acetilsaticílico, como a aspirina, pelo risco de aumento de sangramento nesses pacientes”, afirma.
Vale lembrar que a automedicação pode ser perigosa, especialmente devido à contraindicação desses medicamentos. Por isso, é importante que, ao perceber os primeiros sintomas, o paciente procure um médico para diagnosticar corretamente a doença e ser avaliado quanto ao risco de desenvolver formas mais graves da dengue.
“Todo e qualquer quadro de dengue deve ser avaliado por um médico, para que ela possa indicar o medicamento que julga ser o mais correto e que esteja disponível para o paciente. Mas o que está indicado para esses pacientes, para aliviar tanto o quadro febril quanto o quadro de dor, são medicamentos como dipirona ou paracetamol”, alerta o infectologista.
De acordo com o infectologista, no tratamento da dengue, a hidratação também é crucial, pois pode evitar consequências graves da doença. Por isso, ao surgirem os primeiros sintomas, o paciente já deve iniciar a ingestão de líquidos para evitar um quadro de desidratação.
“A hidratação é de extrema importância porque os pacientes podem fazer hipotensão, ou seja, pressão baixa, e podem ficar desidratados, e isso pode piorar o quadro. Então, a gente recomenda que o paciente fique bem hidratado, faça a ingestão de líquidos. Não pode ser refrigerante ou outras bebidas parecidas, deve ser água, suco ou chá, para evitar que esse paciente seja hospitalizado”, destaca.
Sangramentos não devem ser o único sinal de alerta
Quando se fala em dengue hemorrágica, a primeira ideia que vem à mente pode ser a do sangramento espontâneo, o que pode confundir os pacientes que correm o risco de desenvolver a forma mais grave da doença, já que a hemorragia visível não se manifesta em todos os casos.
O infectologista explica que esse sangramento muitas vezes pode ser interno, sem que o paciente perceba, atrasando, assim, a procura por ajuda e aumentando os riscos. Por isso, para evitar equívocos que levem ao agravamento da doença, o termo correto determinado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 2009, é “dengue grave”.
“Antes, a nomenclatura que se usava era “febre hemorrágica do dengue”, e essa nomenclatura foi adequada porque, às vezes, a hemorragia não é aquela hemorragia clássica, de sair sangramento pela via oral, retal, ou pelo nariz e ouvido. Não é este tipo de sangramento. Muitas vezes ele pode ser interno, pode ser acúmulo de líquido na cavidade, pode ser a drenagem desses líquidos que compõe o sangue para a barriga ou inchar os pés. Então, agora a gente usa o termo “dengue grave”, para evitar falar menos em hemorragia”, explica.
O médico alerta ainda para o fato de que a dengue grave também pode se manifestar de outras formas e entre os principais sinais estão: sede excessiva, pressão baixa ou dor abdominal. Em caso de surgimento desses sintomas, o paciente deve procurar imediatamente ajuda médica.
Idosos, crianças, pacientes imunossuprimidos e com comorbidades estão incluídos no grupo mais vulnerável à doença, correndo o risco de desenvolver complicações sérias. “Quando você junta um problema de saúde sério com outro, acaba por complicar todo o quadro. Então, esse público está mais sensível e é preciso ficar alerta”, finaliza.
Como combater a dengue
• não deixe água acumulada sobre a laje;
• jogar no lixo todo objeto que possa acumular água, como embalagens usadas, potes, latas, copos, garrafas vazias etc;
• guardar garrafas, para retorno ou reciclagem, emborcadas e em local em que não acumulem água;
• colocar o lixo em sacos plásticos e manter a lixeira bem fechada;
• não jogar lixo em terrenos baldios;
• manter o saco de lixo bem fechado e fora do alcance dos animais até o recolhimento pelo serviço de limpeza urbana;
• manter a caixa d’água completamente fechada para impedir que vire criadouro do mosquito;
• manter bem tampados tonéis e barris d’água;
• encher de areia até a borda os pratinhos dos vasos de planta ou lavá-los com escova, água e sabão semanalmente;
• lavar semanalmente por dentro, com escova e sabão, os tanques utilizados para armazenar água;
• remover folhas e galhos e tudo o que possa impedir a passagem da água pelas calhas;
• se você tiver vasos de plantas aquáticas, trocar a água e lavar o vaso, principalmente por dentro, com escova, água e sabão, pelo menos, uma vez por semana;
• lavar semanalmente, principalmente por dentro, com escova e sabão, os utensílios utilizados para guardar água em casa, como jarras, garrafas, potes, baldes etc.