O aumento de mortes dentro do território Yanomami, localizado na cidade de Boa Vista (RR), acendeu um alerta nas autoridades federais. Somente em 2023, 363 indígenas morreram na região, 20 mortes a mais do que havia sido registrado em 2022. Com isso, o governo federal anunciou, nesta quinta-feira (22), que irá construir o primeiro hospital indígena do país.
Em coletiva de imprensa, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, e o secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba, anunciaram medidas para a Terra Indígena Yanomami.
O Plano de Ação para 2024 inclui, além da construção do primeiro hospital indígena, a construção do Centro de Referência em Surucucu permitindo o serviço e a atenção especializada no território, a construção e a reforma de 22 unidades básicas de saúde indígenas, e a reforma completa da CASAI em Boa Vista. Também está sendo feito um Inquérito de Saúde Indígena em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para identificar a subnotificação de dados no território.
Segundo dados do Censo de 2023, são 27,1 mil indígenas vivendo no território Yanomami. No entanto, os sistemas oficiais do Ministério da Saúde indicam uma população de 31 mil pessoas. O objetivo do inquérito é compreender o que ocorreu com essas pessoas que não aparecem no Censo.
Ao longo do ano, o Ministério da Saúde reabriu 6 polos base, que estavam fechados por ações criminosas de garimpeiros, totalizando 68 estabelecimentos de saúde com atendimento em terra Yanomami. Nestas localidades, onde é possível prestar assistência e ajuda humanitária, mais de 400 crianças diagnosticadas com desnutrição grave ou moderada foram nutricionalmente recuperadas. O trabalho conjunto com as Forças de Segurança Pública continua para que ações de saúde possam avançar.
“No cenário de 2022, nós acabamos herdando um território com 7 polos-base fechados. São polos importantes, que têm um conjunto de aldeias indígenas desassistidas, sem nenhum tipo de assistência à saúde indígena. Nós passamos a atuar em um território invadido por mais de 30 mil garimpeiros e a partir daí nós tivemos uma ação de ‘desintrusão’ daquele território para garantir o retorno das condições de vida naquele território”, explicou o secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba.