Desde a última segunda-feira (11), data em que começaram as inscrições para as provasdo Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) 2020, a hastag #AdiaEnemtem ganhado espaço nas redes sociais pela reivindicação de alunos, professores, pais e até famosos que dão argumentos ao movimento que busca pressionar o Ministério da Educação (MEC) a redefinir datas para a aplicação das provas, mantidas para o mês de novembro - calendário definido antes da pandemia.
(Foto: Agência Brasil/ Arquivo)
A União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) entraram com um pedido de liminar solicitando o adiamento do Enem no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O documento cita o "prejuízo de milhares de estudantes que estão impedidos de estudar e se preparar para as provas em razão do isolamento social promovido pela pandemia da Covid-19".
Apesar disso, na quinta-feira (14), o ministro Gurgel de Faria, do STJ, indeferiu liminarmente o pedido para o adiamento. As inscrições do Enem 2020 se estendem até 22 de maio.
Argumentos se chocam
De um lado, o Ministro da Educação, Abraham Weintraub, constantemente usa suas redes sociaispara informar que “o ano não pode ser perdido”, reforçando a necessidade de manutenção do exame. Argumento endossado institucionalmente, já que a campanha divulgada recentemente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) mostra alunos com frases motivacionais, defendendo a manutenção da data do exame: "É preciso ir à luta, se reinventar, se superar”, diz um deles.
Por outro lado, muitos estudantes e professores reivindicam o adiamento do exame alegando, entre muitas justificativas, que, desde março, escolas públicas e particulares estão sem aulas presenciais, o que alarga ainda mais o desnivelamento de estudantes.
Entre as outras reclamações está o fato de vários estudantes não terem condições de estudar pela internet.
As inscrições do ENEM começam hj no meio do caos e d tantas mortes. Inúmeras famílias de favela e periferia estão sendo afetadas. R$85+internet p tds? Onde? Mas só esse governo acha normal acabar com o sonho dessas crianças. Se fossem seus filhos vcs adiariam! #AdiaEnem2020
De acordo com a mais recente edição da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Tecnologia da Informação e Comunicação (Pnad Contínua TIC 2018), divulgada no último dia 29 de abril pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma em cada quatro pessoas no Brasil não tem acesso à internet. Em números totais, isso representa cerca de 46 milhões de brasileiros sem acesso à rede.
O gigante nordestino Ariano Suassuna disse certa vez: "é muito difícil você vencer a injustiça secular, que dilacera o Brasil em dois países distintos, o país dos privilegiados e o país dos despossuídos". É desserviço. Desumano. Portanto, reforçamos o nosso coro pelo #AdiaEnem.
Ao manter as datas do Enem mesmo diante do cenário de Pandemia, o governo federal agrava as desigualdades do nosso país, ignora a situação vivida por alunos de escolas públicas, e prejudica milhões de jovens que batalham diariamente na dura realidade de pobreza. #AdiaEnempic.twitter.com/xSm7MaOOiG
Embora o percentual de brasileiros com acesso à internet tenha aumentado de 69,8% em 2017 para 74,7% em 2018, 25,3% ainda não têm o recurso à disposição. Em áreas rurais, o índice de pessoas sem esta condição tecnológica (53,5%) é bem maior do que nas cidades (20,6%). Os dados são relativos aos três últimos meses de 2018.
Enem Digital
Este ano, o Exame Nacional terá um novo formato além do tradicional impresso: o digital. As provas dessa modalidade serão realizadas nos dias 22 e 29 de novembro. No Piauí, foram abertas 1.500 vagas e somente as cidades de Teresina e Parnaíba terão locais de aplicação. É importante destacar que, como esta é a primeira vez que o Enem Digital está sendo aplicado, o número de vagas foi limitado e quem se inscrever para uma modalidade, não poderá realizar o outro formato.
ADIA ENEM! Entrei com uma ação na Justiça Federal do DF pedindo a anulação do atual calendário e a remarcação do exame. Milhões de estudantes de escolas públicas estão sem aulas e não é justo que a data seja mantida. O Enem não pode servir para aumentar as desigualdades.