No Piauí, há 504 pacientes classificados como potenciais recebedores de órgãos transplantados. São 388 ativos na lista de espera por córnea e 136 ativos na lista de espera por um rim (dados de dezembro de 2019). No entanto, os números são bem superiores ao que de fato se recebe de doação. Segundo a Central de Transplantes do Piauí, já existem feitas 71 doações de córnea e rim e as doações de múltiplos órgãos não ultrapassam quatro.
Leia também:
“Todo mundo deveria deixar um documento dizendo ‘eu sou doador de órgão"
Brasil tem o 2º maior volume de transplantes no mundo
Tabu prejudica doações de órgãos no Piauí, afirma coordenadora
O Estado realiza apenas os procedimentos de transplantes de córnea e rins, já tendo feito 105 de córnea e 19 de rim. Demais órgãos, como fígado e coração, são apenas retirados aqui, no caso de doações, e encaminhados para transplantes em outros estados.
Para garantir a agilidade no transporte destes órgãos, que possuem um reduzido tempo de vida fora do corpo, os hospitais contam com o apoio das companhias aéreas comerciais brasileiras. Pela lei, elas não são obrigadas a transportar órgãos de transplante. O trabalho é voluntário e gratuito, mas garante que pacientes em listas de espera de todo país possam contar com doações de todos os estados brasileiros, o que pode reduzir o aguardo pela realização do procedimento.
Dentro do Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), órgão do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), há representantes da Central Nacional de Transplantes (CNT) exclusivamente designados para acompanhar esse processo de retirada, transporte e recebimento de órgãos no país.
Segundo a Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear), a cada ano, cerca de 9 mil órgãos e tecidos doados chegam a tempo aos pacientes graças à agilidade do transporte aéreo. Só em 2018, foram transportados pela malha aeroviária brasileira 5.198 órgãos. Em 2017, esse número chegou a 9.160. A aviação civil realiza mais de 80% destes transportes por via aérea para transplantes. Os outros 20% correspondem a casos excepcionais em que empresas não operam nos locais de destino e esse transporte acaba sendo feito por aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) e aeronaves estaduais ou particulares.
Adrian Alexandri diz que aeronaves transportando órgãos têm prioridade no pouso e na decolagem em todos os aeroportos. Foto: Assis Fernandes
Adrian Alexandri, representante da Abear, explica que as aeronaves que transportam órgãos para transplante são as mesmas que levam e trazem passageiros por toda a malha aeroviária brasileira. No entanto, elas possuem prioridade no pouso e na decolagem em todos os aeroportos do país.
“Sempre que há uma distância muito grande, a Central é acionada e o primeiro voo de uma companhia comercial que sair daquele local recebe o órgão, se não tiver um avião da FAB para transportar. Ele vai numa caixa, normalmente junto com o piloto. Nessa caixa, vão um documento contando o nome do médico que assinou a retirada do órgão e o hospital para onde ele vai”, explica Alexandri.
Ele comenta que o fato do Brasil ser um país de dimensões continentais não dificulta a agilidade do transporte. Segundo o representante da Abear, quando um órgão é retirado e precisa ir para outra cidade ou estado, ele é colocado no primeiro voo que sai para aquele destino ou na aeronave que tenha o menor e mais rápido trajeto de modo.
Por: Maria Clara Estrêla