O Dia do Trabalhador, celebrado em 1º de maio, é comumente marcado por ser um momento de luta, de protesto e críticas às estruturas socioeconômicas do País, visando melhores condições de trabalho. Em 2020, a data certamente será lembrada pelos altos números de desempregados e pela crise na economia e saúde que o Brasil vem passando por conta do coronavírus.
Segundo o Ministério da Economia, houve um aumento de 150 mil pessoas desempregadas no País em razão da crise causada pelas medidas de enfrentamento ao Covid-19, no período entre março e a primeira quinzena de abril deste ano. Os dados são baseados nos pedidos de seguro-desemprego registrado pela Previdência do Trabalho.
A cientista política Marília Gabriela de Sousa Mateus lamenta o Dia do Trabalhador deste ano diante do cenário atual. “Esse primeiro de maio vai ser bem frouxo e com uma visita não muito agradável, porque quem tem emprego está com medo de perder e quem já perdeu está frustrado, achando que acabou para ele. É uma data que não vai ser comemorada com muita alegria, especialmente para aqueles que perderam seu emprego e infelizmente isso aconteceu por algumas empresas estarem com o caixa baixo e a economia, que teve uma queda gigantesca, e essa insegurança, que é totalmente misteriosa”, frisa.
(Foto: Assis Fernandes/ODIA)
Mas, o que é possível fazer para ajudar esse trabalhador, para que ele volte a ter esperança de dias melhores? A especialista pontua que o Governo brasileiro já tem adotado algumas medidas que visam ajudar esses trabalhadores que estão desempregados.
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“A proteção social está acontecendo, que é essa transferência direta de renda. O governo está prometendo três meses, mas o que garante que será só isso? Pode se estender, porque não temos garantia de quando esse isolamento vai acabar. O governo tinha estimado um valor médio, mas ultrapassou o que foi pensado porque existiam muitas pessoas desempregadas há muito tempo, somado com as pessoas que perderam o emprego agora”, disse.
Governo precisa dar suporte, afirma cientista política
Mesmo com a quantidade de pessoas desempregada aumentando, Marília Gabriela de Sousa reforça que cabe ao governo brasileiro ajudar o trabalhador no que for necessário. Ao disponibilizar o auxílio emergencial e a transferência direta de renda, o governo visa tranquilizar esse trabalhador de que ele terá uma ajuda, porém, é necessário fazer mais, garante a cientista política.
“O governo pode reduzir as taxas de juros para os empresários garantirem a não demissão dos funcionários, evitando que esse empresário feche e gere mais demissões, porque aí seria uma tragédia declarada. O governo precisa ajudar esse trabalhador que está desempregado por falta de políticas públicas, para que o empreendedor tenha facilidade em garantia de empréstimo de uma forma mais urgente”, explica.
Marília Gabriela comenta, entretanto, que essas políticas públicas devem ser planejadas por técnicos ou até mesmo copiadas de países que já passaram por essa crise do coronavírus e adotaram medidas que estão funcionando.
“Quando falamos em políticas públicas precisamos pensar em planejamento social, que é muito demorado. Essas políticas que virão precisam ser praticamente copiadas de Países que já estão tendo uma certa reação, adequando à nossa realidade e urgência. Precisamos de técnicos o mais racionais possíveis para pensarem em uma gestão mais direcionada para medidas e programas para a saúde, que é prioridade, contudo, precisamos mixar isso com medidas e programas também para a economia”, disse.
Ela ainda reforça que o Brasil tem acertado em aplicar uma proteção social ao trabalhadores, especialmente injetando dinheiro para que a população que não está doente gaste, evitando que a economia entre em colapso. “Não temos como pensar em uma sociedade saudável se não pensarmos na economia e na estrutura de renda dessa população”, cita.
E acrescenta que “o Brasil sempre teve um orçamento deficitário e sempre esteve em dívida, mas quando estamos em uma situação como essa, que temos que priorizar a proteção social. O governo vai se endividar, com certeza, através de empréstimos em bancos internacionais, mas é uma obrigação do estado cuidar dos trabalhadores”, completa Marília Gabriela de Sousa.