Pesquisadores arqueologistas da Universidade Federal do Piauí (UFPI), encontraram um esqueleto adulto do sexo masculino durante escavações no Parque Nacional da Serra das Confusões, região Sul do Piauí. O indivíduo, que possivelmente seria um indígena, carrega consigo traços característicos de rituais fúnebres de ancestrais indígenas da região.
As investigações apontam, ainda, que evidências da descoberta remetem para uma população com domínio tecnológico em tecelagem, ato em que fios são transformados em tecidos. Os vestígios ressaltam a produção de fibras e/ou tecidos a partir de algodão nativo, que permite, pela primeira vez, remontar parte de seu processo de manufatura (coleta, fiação, tecelagem).
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No decorrer das escavações, os arqueólogos conseguiram identificar que o esqueleto trazia ainda no lugar e com restos de fios, um colar e dois braceletes feitos com contas em osso polido. Os pesquisadores conseguiram identificar uma série de objetos da cultura local.
Segundo o coordenador do projeto, professor Grégoire van Havre, os achados arqueológicos recentes, fornecem evidências significativas sobre a sociedade que habitava o Sul do Piauí.
O esqueleto encontrado é o segundo exumado em cerca de um ano. Segundo a professora Claudia Cunha, os esqueletos encontrados, tanto o de 2022 como o deste ano, são fontes valiosas de informação. “Esses esqueletos são muito informativos não apenas sobre como eram essas pessoas em vida, mas como se davam as relações sociais nas comunidades de onde vieram”, disse.
A pesquisa, conduzida por pesquisadores da UFPI, também teve participação de docentes e discentes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF).
Escavações na Serra das Confusões
Os professores Grégoire van Havre e Tiago Tomé (UFMG), coordenadores do projeto, apontam que desde o início de suas pesquisas em 2019 foram alcançados avanços significativos. “As nossas pesquisas começaram com o apoio do CNPq e a autorização do ICMBio. Em 2022, iniciamos as escavações na Toca do Olho d’Água das Andorinhas, graças ao aporte financeiro da Missão Franco-Brasileira de Arqueologia no Piauí, através do Prof. Eric Boëda (Paris X Nanterre), e continuamos este ano”, frisam os coordenadores. As pesquisas receberam também a autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Nesse sentido, o sítio apresenta uma diversidade de vestígios arqueológicos, que vão desde a arte rupestre pintada e gravada em suas paredes, fogueiras estruturadas, estacas que são remanescentes de construções indígenas, objetos do dia-a-dia até um cemitério de onde saiu o primeiro esqueleto em 2022.