A arqueóloga Niède Guidon recebeu, nesta quarta-feira (10), o título de Doutora Honoris Causa, concedido pela Universidade Federal do Piauí (UFPI) em razão de suas pesquisas arqueológicas no estado. Niede foi responsável pela descoberta de mais de 800 sítios pré-históricos na área e vestígios dos primeiros habitantes humanos da Terra.
Os vestígios de presença humana foram descobertos pela arqueóloga em escavações realizadas principalmente em abrigos rochosos naturais com muitas pinturas rupestres, no Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí, que foi declarado Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1991.
O título de Doutor Honoris Causa é uma honraria concedida por universidades e instituições acadêmicas a indivíduos que se destacam em determinados campos do conhecimento ou que contribuem significativamente para a sociedade.
Em entrevista à imprensa, Niède Guidon disse que a homenagem recebida é uma “gentileza” por ela ter feito o trabalho no estado. “Meu trabalho foi reconhecido de uma maneira que eu nem mereço. Quem merece tudo isso é o homem pré-histórico, que deixou esse patrimônio fantástico aqui na região da Serra da Capivara”, afirmou.
Quando perguntada se ainda há algo a ser explorado, Niède responde que sim. “Nessa região [Serra da Capivara], o número de sítios é fantástico e ainda tem muitas áreas que ainda não foram pesquisadas completamente”, disse a arqueóloga.
Para Ângelo Alves Correia, coordenador do curso de graduação de arqueologia da UFPI, o trabalho de Niède foi essencial para a arqueologia brasileira e piauiense.
Segundo Correia, a pesquisadora contribuiu, inclusive, para o desenvolvimento de cursos de graduação e pós-graduação na área. “Quando Niède começou aqui, não existia arqueologia no Brasil em termos profissionais ,todos que quisessem se formar em arqueologia tinham que ir para outros países, como Estados Unidos e França. Foi o impulso que ela trouxe que levou o país a ter mais de 15 graduações em arqueologia e várias pós-graduações”, completou.
Recentemente, a arqueóloga recebeu uma outra homenagem: seu nome foi concedido a uma nova espécie de ave descoberta por estudantes de Ciências Biológicas da UFPI, na região da Caatinga, no Brasil. A espécie foi denominada Sakesphoroides niedeguidonae, e fazia parte do grupo conhecido como choca-do-nordeste.
O estudo realizado pelos estudantes revela que alterações históricas no curso do rio São Francisco e oscilações climáticas ao longo de aproximadamente um milhão de anos foram responsáveis pela divisão desse grupo de aves em duas espécies distintas. Anteriormente, os pássaros que agora foram nomeados em homenagem a Niède, eram considerados parte da espécie Sakesphoroides cristatus. No entanto, o estudo identificou diferenças tanto genéticas quanto em características de plumagem e canto entre os grupos.
Sobre esse reconhecimento, Niède Guidon brinca e diz que “gostou muito de ter o nome de um pássaro”.
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