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Cerca de 350 pessoas no Piauí estão com hanseníase e ainda não foram diagnosticadas, diz Sesapi

Quase 800 pessoas foram diagnosticadas com a doença em 2022, mas a secretaria alerta para o grande número de casos ocultos.

13/09/2023 às 11h25

28/09/2023 às 07h15

Neste mês é realizado no Piauí a campanha Setembro Roxo. A ação, em nível estadual, faz alusão ao dia 12 de setembro, o dia estadual de combate da Hanseníase. No estado, foram diagnosticados quase 800 casos da doença em 2022. Porém, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi), cerca de 350 pessoas no Piauí estão com a doença e ainda não tiveram o diagnóstico. Esse número acende um alerta no Estado, já que os casos ocultos aumentam as chances de contaminação de outras pessoas.

Para Eliracema Alves, responsável pelo Programa de Hanseníase do Piauí, alguns fatores culturais e, principalmente, o preconceito existente com a hanseníase dificultam o diagnóstico de casos da doença.

Existem aqueles que desconfiam da doença, mas pensam: ‘vou procurar outra doença’, porque não pode ser hanseníase por conta do preconceito. O desconhecimento gera a falta de informação, a discriminação

Eliracema AlvesPrograma de Hanseníase do Piauí
Eliracema Alves, do Programa de Hanseníase do Piauí. - (Assis Fernandes / O DIA) Assis Fernandes / O DIA
Eliracema Alves, do Programa de Hanseníase do Piauí.

O preconceito a que a Eliracema se refere é histórico. Por ser citada nas escrituras, ainda como a terminologia “lepra”, parte da sociedade vê a doença com muitos estigmas. Por isso, o uso desse termo é proibido por lei no Brasil. “Antigamente não tinha cura, por isso que as pessoas tinham aquelas deformidades graves. Hoje com a medicação disponibilizada gratuitamente pelo SUS, as pessoas podem evitar evoluir para graus maiores de incapacidade e também de transmitir para outras pessoas”, complementa.

O Paulo é um exemplo de que é possível, após o diagnóstico, tratar a doença e evitar que o atrofiamento de alguns movimentos aumente. O cearense descobriu que tinha hanseníase em 2018, mas as manchas brancas já apareciam pelo corpo desde 2015. Um susto inicial. Mas hoje, ele lida bem com a doença. “Foi um dia que eu não me lembro como eu fui da UBS onde recebi o diagnóstico até a minha casa, de tão incrédulo que eu estava. Eu desconhecia totalmente a doença. Mas fiz o tratamento e me curei totalmente da hanseníase. Hoje eu faço tratamento por conta das sequelas, já que meu diagnóstico foi tardio”.

Paulo Rodrigues descobriu a doença em 2018. Fez o tratamento e se curo da Hanseníase. - (Assis Fernandes / O DIA) Assis Fernandes / O DIA
Paulo Rodrigues descobriu a doença em 2018. Fez o tratamento e se curo da Hanseníase.

O estudante faz questão de dar uma palavra de conforto a quem recebe o diagnóstico.

Você não está sozinho. O Morhan (Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase) está aqui para ficar de braços dados com as pessoas acometidas por essa doença. Muitas pessoas que recebem o diagnóstico são colocadas à margem da família e da sociedade, são separadas, isoladas. Nós estamos aqui para acolher


Paulo RodriguesEstudante e vice-presidente do Morhan-PI
Conscientização é uma das formas de reduzir o preconceito e auxiliar no diagnóstico da doença. - (Assis Fernandes / O DIA) Assis Fernandes / O DIA
Conscientização é uma das formas de reduzir o preconceito e auxiliar no diagnóstico da doença.

Sobre o Morhan

O Morhan é uma entidade sem fins lucrativos fundada em 6 de junho de 1981. Suas atividades são voltadas para a eliminação da Hanseníase, através de atividades de conscientização e foco na construção de políticas públicas eficazes para a população. Morhan luta pela garantia e respeito aos Direitos Humanos das pessoas atingidas pela hanseníase e seus familiares, temos no voluntariado nossa maior força de luta.

A entidade completou 38 anos de existência em 2023. Aqui no estado, a população pode entrar em contato com o Movimento pelo Instagram, que é o @morhanpiaui.

Casos ocultos levaram a Sesapi a criar um boletim epidemiológico

A Coordenação de Infecções Sexualmente Transmissíveis da Sesapi lançou o informe epidemiológico sobre Hanseníase. O boletim foi elaborado em parceria com o Centro de Inteligência em Agravos Tropicais Emergentes e Negligenciados (CIATEN) e traz dados atualizados sobre situação epidemiológica da doença dentro do estado do Piauí.

O informe traz ainda uma análise sobre o número de novos casos detectados da doença, e o impacto que o período da pandemia de Covid-19 teve sobre a identificação precoce de novos casos, fator essencial para um tratamento bem-sucedido. O novo boletim deve servir de base para as ações de combate da doença nos 224 municípios do Piauí.

Mas afinal, quais são os sintomas da doença?

  • Manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas, em qualquer parte do corpo, com perda ou alteração de sensibilidade térmica (ao calor e frio), tátil (ao tato) e à dor
  • Áreas com diminuição dos pelos e do suor
  • Dor e sensação de choque, formigamento, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas
  • Inchaço de mãos e pés
  • Diminuição sensibilidade e/ou da força muscular da face, mãos e pés, devido à inflamação de nervos, que nesses casos podem estar engrossados e doloridos
  • Úlceras de pernas e pés
  • Caroços (nódulos) no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos
  • Febre, edemas e dor nas juntas
  • Entupimento, sangramento, ferida e ressecamento do nariz
  • Ressecamento nos olhos