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Dia da Mulher: Teresina possui apenas três mulheres entre 1.300 cobradores de ônibus

Edilane Aquino (33) trabalha como cobradora há 14 anos e é vice-presidente Sintetro.

08/03/2024 às 11h00

Ao longo dos anos, as mulheres enfrentaram - e ainda enfrentam - desafios na sociedade pelo simples fato de serem mulheres. A desigualdade de gênero é percebida no mercado de trabalho, na academia, na política, entre outros. Porém, observa-se que nas últimas décadas essa realidade tem mudado, e que as mulheres já ocupam funções antes, predominantemente, exercidas por homens.

Mulheres se destacam por ocuparem cargos de liderança e chefia, por estarem à frente de grandes projetos na área da Saúde e Tecnologia, por serem pioneiras na criação de leis voltadas para as mulheres e para a sociedade, além de atuarem diretamente na proteção e combate à violência contra mulheres.

Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, é, sim, uma data para comemorar as conquistas e o destaque que muitas mulheres têm nas mais diversas áreas de atuação, sendo exemplo e inspiração para as novas gerações e referência na história pelo trabalho que desenvolveram no Piauí.

Pé na estrada

Há 14 anos, Edilane Aquino (33) trabalha viajando pelo Piauí. Como cobradora de ônibus, ela tem oportunidade de conhecer outros municípios e fazer amizades por onde passa. Mas o ingresso na profissão ocorreu por acaso. Ela conta que, na época, trabalhava no guichê de emissão de passagens, no Terminal Rodoviário Lucídio Portella e, em um determinado dia, o cobrador de um dos ônibus faltou. Por conhecer a logística de atendimento, o dono da empresa pediu que cobrisse o funcionário faltoso. Edilane desempenhou tão bem a tarefa que acabou mudando de função e assumindo esse cargo.

Hoje, além de cobradora, Edilane Aquino também assume a função de vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Rodoviária no Estado do Piauí (Sintetro). Passados 14 anos, ela conta que ainda enfrenta muitos desafios na profissão, especialmente por ser uma área, predominantemente, exercida por homens. Conforme o Sindicato, dos 1.300 cobradores de transporte coletivo de Teresina, apenas três são mulheres. Já entre os 680 motoristas da categoria, nenhuma é mulher. A única mulher que tinha já se aposentou.

Há 14 anos, Edilane Aquino (33) trabalha viajando pelo Piauí - (Assis Fernandes/ODIA) Assis Fernandes/ODIA
Há 14 anos, Edilane Aquino (33) trabalha viajando pelo Piauí

“Ainda existe muito machismo, pois acham que a mulher deveria estar na cozinha, cuidando dos filhos em casa, mas, não. Mas, hoje em dia, a mulher está ocupando cada vez mais espaços, trabalham em diversas áreas e chegando a todos os lugares. Essa é uma profissão de grande responsabilidade, porque mexemos com dinheiro, não conhecemos as pessoas que estão entrando no ônibus, e isso dá um pouco de medo, mas com o tempo vamos nos acostumando e criando uma convivência com os passageiros”, pontua Edilane Aquino.

Por trabalhar em uma empresa de ônibus intermunicipal, é preciso viajar com certa frequência. Edilane atua na linha que tem como destino as cidades de Água Branca, Regeneração, Angical, Demerval Lobão e Arraial, sendo esta a viagem mais longa, tendo quase nove horas de duração. Nesses casos, é preciso dormir na cidade antes de retornar a Teresina. Para isso, os profissionais contam com alojamentos, que ficam a desejar quanto às necessidades femininas.

Dia da Mulher: de 1.300 cobradores de ônibus, apenas três são mulheres - (Assis Fernandes/ODIA) Assis Fernandes/ODIA
Dia da Mulher: de 1.300 cobradores de ônibus, apenas três são mulheres

“Nós, que trabalhamos viajando, precisamos ter um alojamento melhor, então muitas mulheres não querem trabalhar [na área] por causa disso. A estrutura poderia ser melhor, pois precisamos de mais privacidade. E muitas também não querem trabalhar nos coletivos de Teresina por conta dos assédios. Eu fui a primeira mulher cobradora na empresa que atuo e trabalho até hoje. Depois de mim, entraram mais duas, mas não ficaram muito tempo. O fluxo de mulheres nas empresas de ônibus é mais no setor administrativo”, complementa Edilane Aquino, destacando que, apesar dos desafios, sente muita satisfação no que faz e não pensa em mudar de profissão, mesmo tendo formação na área de Enfermagem. 

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