A Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) reuniu gestores de 15 municípios do Piauí na manhã desta terça-feira (29) para debater o controle da Leishmaniose Visceral no estado. Só no ano de 2023, o estado já registrou 82 novos casos da doença, que é popularmente conhecida como calazar.
As cidades foram selecionas por apresentarem as maiores incidências da doença e por participarem do programa de encoleiramento canino, que ajuda a combater a Leishmaniose Visceral com a aplicação de coleiras caninas impregnadas com inseticida que repele o mosquito responsável por transmitir a doença.
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Durante o encontro, a médica infectologista Dorcas Lamounier ressaltou a importância da união entre gestores e pesquisadores para combater a doença.
“Essa continua sendo uma doença negligenciada e que atinge as pessoas mais desfavorecidas e que vivem às margens da sociedade. Negligenciada porque falta investimento em pesquisa e por parte da indústria farmacêutica. Essa doença surgiu nas zonas rurais, mas se espalhou rapidamente para os grandes centros urbanos”, explicou.
Segundo dados do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS), nos últimos cinco anos, foram notificados 1.039 casos de Leishmaniose Visceral e 337 de Leishmaniose Tegumentar no Piauí.
Diagnóstico e tratamento
Os pacientes acometidos com a leishmaniose visceral podem apresentar febre irregular prolongada, anemia, palidez da pele e ou das mucosas, falta de apetite e inchaço do abdômen devido ao aumento do fígado e do baço.
O diagnóstico da doença é realizado por meio de exames clínicos e laboratoriais e, assim como o tratamento com medicamentos, deve ser cuidadosamente acompanhado por profissionais de saúde. Sua detecção e tratamento devem acontecer ainda no início, pois a doença pode levar à morte.
Para os cães acometidos pela doença, também já existe tratamento autorizado no país. A recomendação é que o animal seja acompanhado periodicamente por médico veterinário.
Conforme o médico infectologista Carlos Henrique Costa, existem estudos que mostram que o controle da doença por meio da eutanásia nos animais não é eficaz, porque você não está lidando diretamente com quem transmite.
"Estudos realizados, a maioria em Teresina, mostra que a eliminação de cães não possui impacto sobre a transmissão da doença para as pessoas. A nossa capital [Teresina], felizmente, é um dos maiores produtores de conhecimento e é referência para o mundo inteiro", ressaltou o médico.