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Equoterapia: atividade transforma a vida de pessoas com deficiência

Atualmente, o Centro Estadual de Equoterapia atende 81 pessoas e possui uma fila de espera com 42 pacientes.

18/08/2023 às 08h48

28/09/2023 às 16h35

No bairro Parque Jurema, zona Sul de Teresina, um espaço está proporcionando mudanças profundas na vida de pessoas com deficiência. O Centro Estadual de Equoterapia da Polícia Militar tem se destacado como um refúgio de transformação, onde cavalos e pessoas se unem para promover benefícios físicos, emocionais e cognitivos por meio da equoterapia.

Centro de Equoterapia da Polícia Militar do Piauí - (Assis Fernandes/ODIA) Assis Fernandes/ODIA
Centro de Equoterapia da Polícia Militar do Piauí

Sob a coordenação da Major Sheylla, o centro se estabeleceu como um local de esperança e superação. A equoterapia, uma abordagem terapêutica que utiliza a interação com cavalos, têm mostrado resultados notáveis para pessoas com deficiência, proporcionando avanços em áreas como coordenação motora, autoconfiança, equilíbrio e sociabilidade.

“Três pessoas auxiliam no processo de acompanhamento terápico. Uma pessoa é destinada para conduzir o cavalo e temos ainda dois laterais, que geralmente um é o profissional (fisioterapeuta, psicólogo, educador físico, fonoaudiólogo) e o outro lateral dará o suporte para que a terapia seja desenvolvida adequadamente”, compartilha a Major Sheylla.

Major Sheylla, coordenadora do centro - (Assis Fernandes/ODIA) Assis Fernandes/ODIA
Major Sheylla, coordenadora do centro

O centro atende pessoas com deficiências cognitivas, motora, intelectual, síndrome de Down, pessoas com o transtorno do espectro autista (TEA), encefalopatia crônica não progressiva, vítimas de AVC, de traumatismo crânio encefálico, com problemas de ansiedade e/ou depressão e transtorno de TDAH.

A equoterapia não só se destaca pelos benefícios físicos, mas também pelo impacto positivo na autoestima e na motivação das pessoas com deficiência. A interação com os cavalos cria um ambiente de confiança mútua, incentivando os participantes a superar desafios e a desenvolver habilidades que muitas vezes pareciam inatingíveis.

Centro de Equoterapia da PM-PI - (Assis Fernandes/ODIA) Assis Fernandes/ODIA
Centro de Equoterapia da PM-PI

Ana Cristina, mãe do pequeno Bento, de três anos, conta que o tratamento do filho iniciou nessa semana. A família, que mora na cidade de Valença, conseguiu sair da fila de espera e, assim, usufruir dos benefícios da equoterapia. A mãe, emocionada, compartilhou como foi a experiência: "Viemos para melhorar a qualidade da recuperação dele. Ele é autista e a gente soube o quanto que é importante essa iniciativa, que dá toda uma oportunidade às famílias que não tem condição”.

A educadora física Josely Almendra, que trabalha no centro há 14 anos, explica que a utilização do cavalo no tratamento é notável a cada sessão, com resultados mais que satisfatórios. Ela informou, ainda, que a dificuldade maior é a aceitação de alta por parte dos pais e responsáveis.

Estudos comprovam que o cavalo tem um movimento tridimensional, só ele tem esse movimento. O praticante em cima do animal vai receber vários estímulos ao mesmo tempo, onde o cérebro vai responder para todas as partes do corpo

Josely Almendra educadora física

Elizete do Monte (50) é mãe da pequena Valentina do Monte, de cinco anos. A menina é vítima do zika vírus, e desde então todos os movimentos do corpo foram comprometidos.

“A gente sabe que a equoterapia ajuda muito nesse parte do controle cervical. Aqui é um local excepcional, amamos vir para cá e a Valentina se alegra muito quando falamos em vir para esse local”, relatou a mulher.

Mãe comenta sobre a evolução clínica da filha após o tratamento - (Assis Fernandes/ODIA) Assis Fernandes/ODIA
Mãe comenta sobre a evolução clínica da filha após o tratamento

Atualmente, o Centro Estadual de Equoterapia atende 81 pessoas e possui uma fila de espera com 42 pacientes. Ao todo, 39 cavalos estão sob os cuidados da cavalaria da PM, contudo nem todo o efetivo animal é utilizado no tratamento da equoterapia. São utilizados seis cavalos no auxílio à reabilitação pelo processo de tratamento. O serviço oferecido é gratuito e tem a duração de dois anos, com sessões que duram 20 minutos. O local funciona de segunda a sexta, nos turnos manhã e tarde.

Os dois anos podem ser prorrogados em virtude dos ganhos efetivos do paciente. Mas quando chega o momento da alta, a administração informa ao responsável ou familiar que ele pode estar retornando a fila de espera, onde muitos até já fazem isso.

Como participar

Se você deseja fazer parte dessa jornada de transformação ou conhece alguém que poderia se beneficiar da equoterapia, basta entrar em contato com o Centro de Equoterapia da Polícia Militar do Piauí através do WhatsApp (86) 99466-8078. O interessado deve preencher uma ficha cadastral e anexar um parecer médico para que a pessoa tenha a indicação de praticar a equoterapia. Além disso, é agendado uma avaliação prévia juntamente com o corpo técnico do centro.

Para inserção, é necessário que o paciente tenha no mínimo três anos de idade, bem como não há limite de faixa etária para participar.

Reforma e ampliação

No último dia dois de agosto, foi inaugurada a reforma e ampliação do Centro Estadual de Equoterapia. A capacidade de atendimento passou de 81 para 122 crianças. Os espaços contemplados com a reforma são área coberta; área pavimentada; selaria; montaria; entrada; coordenação; supervisão; recepção; depósito da cavalaria; salas de atendimento; sala de reunião; banheiros adaptados e área de circulação, além de novos equipamentos, mobília e comunicação visual.

A obra teve investimento de R$ 642.402,28, por meio de uma parceria entre a Secretaria para Inclusão da Pessoa com Deficiência (Seid), Secretaria da Segurança Pública (SSP-PI) e Polícia Militar do Piauí (PM-PI). O centro fica localizado no Regimento de Polícia Montada da PM.

Com edição de Nathalia Amaral.