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Movimentos extremistas como ‘Red Pill’ podem influenciar casos de crimes virtuais

Grupos e movimentos masculinistas crescem na internet e pregam o ódio às mulheres e a superioridade masculina.

27/07/2023 às 11h33

27/09/2023 às 18h37

Grupos masculinistas, como o ‘Red Pill’, crescem na internet a cada dia. Esse movimento prega o ódio às mulheres e a superioridade masculina. Nessa ideologia, mulheres são tipificadas como “de maior ou menor valor”, em relação aos homens pelo simples fato de existirem. O termo “Red Pill’, ou “Pílula vermelha” é uma referência ao filme “Matrix”, no qual o personagem, ao ingeri-la, toma conhecimento da realidade à sua volta.

Nas redes sociais, os integrantes dessas comunidades caracterizam, por exemplo, que mães solteiras ou que tiveram muitos relacionamentos não são boas companheiras. Para os especialistas, o movimento é formado por homens traumatizados ou que vivem uma crise de masculinidade por não aceitarem a autonomia feminina. Assim, recorrem ao machismo para reafirmarem sua virilidade.

Porém, outro aspecto chama atenção, o fato dos masculinistas usarem as redes sociais para cometer crimes contra as mulheres. É por trás das telas, em fóruns, que homens, jovens e adolescentes escolhem suas vítimas. No Piauí, um adolescente de apenas 13 anos foi apreendido por ameaçar sequestrar, estuprar e matar uma das vítimas, além de realizar diversas violências sexuais por meios virtuais e a exigir que sua ex-namorada realizasse automutilação em frente às câmeras.

Crimes virtuais - (Rogério Uchôa / Agência Pará) Rogério Uchôa / Agência Pará
Crimes virtuais

Além disso, o adolescente possuía perfis de culto a símbolos nazistas, incluindo imagens de automutilação e a cruz suástica. Ele também idolatrava e propagava imagens de assassinos de massacres escolares, incitação a crimes contra a vida e divulgava conteúdos proibidos de tortura, pedofilia, crueldade contra animais e pessoas.

Esse tipo de comportamento, segundo o sociólogo Marcondes Brito, especialista em segurança pública, tem crescido devido à dinâmica de organização da internet, permitindo que movimentos extremamente agressivos, como red pill e os masculinistas, se arquitetem.

Em geral, esses grupos navegam pela Dark Web, que são sites não indexados e podem ser acessados por navegadores especializados, e pela Deep Web, que são sites, fóruns e comunidades que debatem temas de caráter ilegal e imoral

“Esse adolescente tinha vítimas circunstanciais, que escolhia por perfil, entre elas meninas da mesma idade ou um pouco mais velhas. Ele estava em fórum neofascista. Essa questão da Deep Web ou Dark Web e do monitoramento dos pais é muito importante. Nós precisamos saber o que nossos filhos e irmãos têm consumido na internet”, enfatiza o sociólogo.

Mudança de comportamento é sinal de alerta

A primeira características que os pais devem perceber nos filhos é a mudança de comportamento. Quando crianças e adolescentes passam a agir de maneira diferente do habitual, esse é o primeiro alerta de que algo pode estar acontecendo.

“Se ele está triste ou feliz, se está eufórico, se o comportamento é retraído ou expansivo, eles são denunciantes. O debate sobre o respeito da individualidade do sujeito adolescente é muito importante, ao passo que ele também tenta conhecer o mundo, e o monitoramento e o diálogo ajuda a perceber isso. Esses são elementos educacionais da prática educativa. Quanto mais a gente estabelece presença, companhia e diálogo, mais você vai identificando essas nuances. Monitorar é sempre difícil, e quanto mais distante, maior a possibilidade do seu filho se envolver nessas coisas e você não perceber. Quando mais próximos estamos dos nossos filhos, mas rápido identificamos que grupos eles estão”, reforça Marcondes Brito.

No caso do adolescente piauiense, ele irá receber sanções criminais submetidas ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), por ser menor de idade. “Mas pode acontecer dele sofrer restrição aos espaços de rede, que foi onde ele cometeu os crimes. Os pais precisam ser chamados, juntamente com a Defensoria da Criança e Adolescente e a Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente Vítima (DPCA), para que seja feito o monitoramento do adolescente, caso ele retorne a utilizar as redes”, complementou o especialista.

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