Portal O Dia - Notícias do Piauí, Teresina, Brasil e mundo

WhatsApp Facebook Twitter Telegram Messenger LinkedIn E-mail Gmail

MPT investiga novos casos de trabalho escravo doméstico no Piauí: “devemos deixar para trás a mente escravocrata"

De acordo com o procurador-chefe do MPT-PI, Edno Moura, o número de resgate de trabalhadoras domésticas tende a crescer cada vez mais.

17/06/2023 às 12h31

28/09/2023 às 17h46

Em algumas residências do Piauí, uma triste realidade muitas vezes é escondida: o trabalho escravo doméstico. Por trás de lares aparentemente normais, há histórias de exploração, abuso e desrespeito aos direitos humanos. Recentemente, após vir à tona dois casos de mulheres que passaram praticamente a vida inteira trabalhando como domésticas sem remuneração, educação ou vínculo social, o Ministério Público do Trabalho no Piauí (MPT-PI) passou a investigar outros casos relacionados à essa prática.

Leia também: Doméstica resgatada após 30 anos em trabalho escravo era explorada por alimentação e moradia

Vídeo mostra momento em que mulher reencontra família após ser mantida em cárcere privado por 15 anos

Número de domésticas resgatadas deve crescer no Piauí - (Arquivo Agência Brasil) Arquivo Agência Brasil
Número de domésticas resgatadas deve crescer no Piauí

De acordo com o procurador-chefe do MPT-PI, Edno Moura, o número de resgate de trabalhadoras domésticas tende a crescer cada vez mais. Isso porque, sempre que um caso como esse é divulgado, novas denúncias aparecem. “Antes não recebíamos tantas denúncias sobre esse tipo de situação. Mas, a partir do momento que esses casos são disseminados nos meios de comunicação, as pessoas começam a denunciar. Para se ter uma ideia, após a mídia divulgar o resgate dessa mulher que ficou 30 anos em trabalho escravo doméstico, recebemos outras três denúncias e já iniciamos as investigações", explica.

Para Edno Moura, é preciso que a população deixe para trás a mente escravocrata, para que assim, entremos definitivamente no século XXI. “Muitas pessoas se sentem constrangidas quando recebem a visita no MPT ou da Polícia Federal, mas é uma situação que eles mesmos podem enviar. Basta regularizar a situação dos trabalhadores. Devemos esquecer as mazelas do século XIX e XX, deixar para trás nossa ideia de exploração das pessoas. Isso é muito importante para que possamos, finalmente, inserimo-nos em um mundo civilizado”, destaca o procurador.

Procurador-chefe do MPT, Edno Moura, fala sobre resgate às trabalhadores  - ((Foto: Divulgação/MPT-PI)) (Foto: Divulgação/MPT-PI)
Procurador-chefe do MPT, Edno Moura, fala sobre resgate às trabalhadores

Para que essas trabalhadoras sejam resgatadas, é necessário que a própria sociedade se mobilize. Nesse tipo de situação, as denúncias por parte da população se tornam essenciais para que o trabalho escravo doméstico seja combatido. “Temos uma dificuldade adicional em relação ao resgate desses trabalhadoras, pois não podemos ingressar nos domicílios. Então, precisamos das denúncias para atuar. Pedimos que vizinhos fiquem alertas e denunciem da maneira mais detalhada possível”, acrescenta Edno Moura.

Como denunciar?

O Ministério Público do Trabalho possui um canal próprio para denúncias, que podem ser feitas tanto por meio do whatsapp (86 9 9544-7488), quanto através do site do órgão. Lá, os denunciantes podem detalhar a situação e adicionar fotos que comprovem as informações. 

Denúncias podem ser realizadas por meio do site o MPT-PI - (Emelly Alves/ODIA) Emelly Alves/ODIA
Denúncias podem ser realizadas por meio do site o MPT-PI

Também é possível denunciar por meio do Disk 100 ou do 180. As informações são imediatamente encaminhadas ao MPT-PI.

Com edição de Nathalia Amaral.
Mais sobre: