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Outubro Rosa: campanha chama atenção para o autoconhecimento

Pesidente da Fundação Maria Carvalho Santos, que organiza a campanha, o mastologista Luiz Ayrton Santos também enfatiza a necessidade de conhecer os fatores de risco para o câncer de mama

01/10/2020 12:52

“Três perguntas que salvam!”. Este é o tema da campanha Outubro Rosa 2020, movimento que luta contra o câncer de mama no Brasil, e traz como principal objetivo deste ano a busca da mulher pelo autoconhecimento do seu corpo; das descobertas dos fatores de risco e da realização de exames para detecção da doença.

O presidente da Fundação Maria Carvalho Santos e mastologista, Luiz Ayrton Santos, destaca a importância de a pessoa conhecer seu corpo e os sinais que ele pode dar caso algo esteja acontecendo com ele.

“Todos nós precisamos saber informações mínimas do nosso corpo, os sinais que ele dá e que apontam que devemos procurar um médico. Os exames complementarem ajudam no diagnóstico precoce e impactam sobre o controle da doença. Por isso é preciso fazer a mamografia, ultrassom da mama, entre outros”, disse.

Luiz Ayrton (Foto: Arquivo/ODIA)

Além disso, o especialista enfatiza que é preciso conhecer os fatores de risco, vez que cada indivíduo possui uma probabilidade maior de desenvolver uma doença ou não baseada no tipo de vida que leva. “Os que não praticam exercício têm um risco maior do que aqueles que pratica; o tipo de dieta que a pessoa segue também indica interfere, bem como o histórico pessoal e familiar”, comenta Luiz Ayrton Santos.

Em Teresina, a campanha do Outubro Rosa acontece desde 2006, quando monumentos são iluminados com a cor rosa e acontece a caminha e a corrida em alusão à data, bem como a realização de 1.200 mamografias durante todo o mês. Entretanto, diferente dos anos anteriores, as ações estão impedidas de ocorrer em 2020 devido à pandemia do novo coronavírus e as orientações de distanciamento das instituições de Saúde. Porém, os kits estarão sendo vendidos até o final do mês. 

“A caminhada não acontecerá este ano, então o Outubro Rosa será especial em 2020. De qualquer forma, durante todo o mês o kit da campanha será vendido, contendo uma camisa, uma nécessaire e uma máscara, além de um cupom para participar do sorteio de uma joia, que ocorrerá no dia 28 de outubro”, cita o presidente da Fundação, Luiz Ayrton.

Fundação Maria Carvalho Santos

Foi organizada em 1998, na cidade de Teresina, Piauí, a instituição reúne diretoria, voluntários e profissionais que promovem atividades filantrópicas na área de saúde e prevenção de doenças, em especial o câncer de mama. A entidade faz doação de perucas, lenços, máscaras, próteses mamárias externas, cestas básicas, livros, medicamentos, publicações e outros produtos necessários à recuperação de pessoas com câncer de mama.

A Fundação possui uma equipe multidisciplinar formada por médicos, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, educador físico que atendem gratuitamente as pacientes carentes com câncer de mama.

Atualmente, a entidade recebe colaborações, tanto por meio de depósitos como de produtos que sejam úteis para a instituição, como remédios, cabelos, sutiãs, entre outros, que são convertidos na ação de recuperação das pessoas que tiveram a doença.

66% das mulheres piauienses iniciam o tratamento do câncer mama antes do terceiro mês 

O diagnóstico e tratamento precoce do câncer de mama ajudam a salvar vidas de muitas mulheres, disseminar a importância dessa ação faz parte da campanha Outubro Rosa, que está sendo lançada pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi). 

No Piauí 66% das mulheres diagnosticadas com câncer de mama iniciam o tratamento antes dos três primeiros meses, como é instituído pela Lei 12. 732/12, que recomenda o tratamento em até 60 dias após o diagnóstico. 

“O tratamento e diagnóstico prévio ajudam a salvar vidas. Dos 131 óbitos registrados no ano de 2019, pela doença no nosso estado, 51% estavam no estadiamento três e quatro da doença, que são os níveis mais severos. Por isso a importância das mulheres buscarem as unidades de saúde para realizar suas consultas de rotina e mamografia”, lembra a coordenadora da Saúde da Mulher da Sesapi, Alzenir Moura Fé. 

Até agosto de 2020 já foram confirmados 224 casos da doença no Piauí, no ano passado 584 mulheres foram registradas com câncer de mama e 131 vieram a óbito, número que apresentou uma queda com relação a 2018, quando foram contabilizados 187 mortes. 

O autoconhecimento é fundamental para a prevenção da doença. É recomendado para mulheres entre 50 e 69 anos a realização da mamografia pelo menos uma vez por ano. Porém mesmo que a mulher não tenha câncer, ela precisa procurar seu médico para fazer um acompanhamento da saúde da mama, ajudando assim na prevenção dessa doença. 

Para auxiliar as mulheres na prevenção e acompanhamento da saúde da mama a Rede Estadual de Saúde do Piauí conta com 55 mamógrafos, espalhados por todos os territórios, que em 2019 realizaram 60.780 mamografias, destas 42.272 (69,5%) em mulheres que estavam na faixa etária alvo de 50 a 69 anos e 18.508 (31%) estava fora da faixa etária alvo. Já este ano foram feitas13.295 mamografias.

“A descoberta de um câncer não é uma sentença de morte”, diz mulher que venceu câncer 

A supervisora administrativa Alcione Nunes Dias (45) é uma das inúmeras mulheres que venceram o câncer no Piauí. Diagnostica com câncer em 2017, ela enfatiza que o diagnóstico precoce foi fundamental para o tratamento. Porém, mesmo tendo superado a doença, ela tem encontrado dificuldades para continuar com o acompanhamento médico durante a pandemia. Com as clínicas fechadas, o atendimento na maioria dos hospitais foi direcionado para a Covid-19 e as pacientes com câncer precisaram adiar seus tratamentos.

Alcione Nunes Dias (Foto: Reprodução)

“A quantidade de mulheres que morrem todos os anos por câncer de mama, ou que são diagnosticadas, é muito alta. O fato dessa doença (Covis-19) estar em evidência não faz com que as demais desapareçam. Eu tive diversas amigas que recidivaram para o câncer. Não vamos dizer que é por conta da pandemia, mas é um cenário que existe e, por conta da dificuldade de acesso, dificultou o diagnóstico, tratamento. Muitas mulheres vivem com paliativo, mas ficaram difíceis de serem aplicados porque algumas clínicas ficaram completamente fechadas, especialmente as de imagem”, comenta Alcione Nunes Dias.

Apesar das dificuldades, a supervisora administrativa destaca que as mulheres não podem desistir da doença, nem de fazer o tratamento correto. Ela acrescenta que, por mais que o câncer de mama seja uma doença que desestabilize emocionalmente, é possível superá-lo.

Alcione Nunes Dias (Foto: Reprodução)

“Para toda ação existe uma reação. Nunca devemos desistir. A descoberta de um câncer não é uma sentença de morte. Enquanto há vida, há esperança. Quando eu fui diagnosticada com câncer, a princípio foi como se eu ficasse sem chão e sem esperança, porque eu não conhecia ninguém que tivesse tido câncer e estivesse vivo. Esse não era meu mundo, mas eu fui conhecendo pessoas, histórias e vi que existia esperança, sim, principalmente no diagnóstico precoce. Quem procura, acha; quem acha, cura!”, reforça. 

Por: Isabela Lopes
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