Dia das Crianças sempre foi sinônimo de diversão compartilhada: momento de troca entre os pequenos, diversão em família e entre os amigos. Um cenário que precisou ser remodelado por causa da pandemia do novo coronavírus. Neste momento, se divertir em conjunto não é mais uma opção e esse impedimento de estar presencialmente com quem se gosta se torna um desafio tanto para os pais quanto para as crianças: os pequenos reclamam da falta de contato com os coleguinhas e os pais precisam se desdobrar para criar alternativas de amenizar os impactos do isolamento para os filhos.
Diversão da criançada teve que se adaptar à pandemia (Foto: Jailson Soares/ODIA)
A saída geralmente é a mesma: apostar na virtualização das relações interpessoais e na maior aproximação com os filhos tanto para o divertimento quanto no tocante à educação. É que com as aulas suspensas para o ensino infantil e fundamental, cabe às mães e pais assumirem, por vezes, o lugar de professores, de tutores e de instrutores educacionais. Para eles, uma função a mais; para os pequenos, mais um desafio: a adaptação à rotina em casa.
“Eu tenho saudade dos meus coleguinhas e de poder brincar com eles, mas eu também gosto de brincar com meus primos”, sintetiza a pequena Maria Júlia, de 5 anos. Em idade de iniciação escolar, ela teve que começar sua vida educacional em casa por conta da pandemia e tem somente nos parentes mais próximos a oportunidade de convívio presencial. O pai dela, Elderlan Moreira, resume: “o único contato que ela tem é o online, porque estamos nos resguardando. A nossa sorte é porque ela tem muitos primos e isso facilita a socialização dela”, diz.
Maria Júlia, acompanhada dos pais, aproveitando uma manhã de lazer em um dos parques públicos de Teresina (Foto: Jailson Soares/ODIA)
A mãe de Maria Júlia, Ariane Visgueira, completa afirmando que esse convívio diário por conta do isolamento social exige mais também dos próprios pais: “ficar com criança em casa é complicado, porque você tem que ser criativo, tem que inventar muita brincadeira e tem que fazer com que ela se divirta também. É difícil você passar para uma criança o momento que a gente está vivendo”, comenta.
“Eu acho que, quando voltar pra escola, até choro de emoção”, diz menina
A ansiedade e a agitação se tornam praticamente uma rotina dentro de casa para as crianças. É que o espaço de lazer fica restrito muitas vezes à sala ou ao parquinho dos condomínios e o gasto de energia se torna limitado. Os momentos de extravasar passam a ser aqueles breves instantes de reuniões virtuais entre os coleguinhas da turma da escola e os professores. A pequena Ana Clara, por exemplo, espera com ansiedade, durante toda a semana, para poder ver os amigos pela tela do computador e encontrar com a professora que a acompanhava diariamente na escola.
“São legais os dias que a gente liga pros amigos e tem aula. Eu estou com muita saudade dos meus amigos e da minha professora, fico super ansiosa nas aulas e fico alegre de poder vê-los. Dá até pra acompanhar direitinho, mas é um pouco difícil de ter que ficar pelo celular. É melhor presencial mesmo. Eu acho que, quando voltar pra escola, até choro de emoção”, diz Ana.
Ana Clara não vê a hora de reencontrar os amigos de escola (Foto: Jailson Soares/ODIA)
A mãe dela, Jéssica Barreto, atesta a fala da filha e menciona os impactos que o isolamento por conta da pandemia trouxe à rotina. Tem que estar de olho, tem que estar ensinando, tem que estar educando, é o que ela diz. “Muda tudo e a gente tenta, no dia a dia, pôr em ordem ou pelo menos amenizar um pouco e se conciliar nessa nova fase da vida, mas é difícil”, afirma.
Jéssica acredita que o papel dos pais neste momento é o de incentivar os filhos e não deixá-los se abaterem pela situação que se vive. “A gente tem que estar ali, tem que conversar e fazer as coisas juntos, ajudar no que puder e ir se adaptando junto com eles por mais que possa parecer complicado”, finaliza a mãe de Ana Clara.
Por: Maria Clara Estrêla