O Piauí é um Estado banhado por cores e sabores marcantes. O laranja, que emana do Sol do Equador, é o mesmo que tinge o nosso caju, fruto típico do Nordeste e que, no Piauí, tem um destaque ainda maior. Com o caju é feita uma das bebidas mais tradicionais e queridas do Estado, a cajuína. Essa que já caiu nas graças dos piauienses e virou até música. Quem visita nossa terra não pode ir embora sem provar essa iguaria.
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A gastronomia piauiense é muito rica em elementos, sabores e texturas, como explica a Chef de cozinha Lorena Dayse (36), que foi vice-campeã de um reality nacional de culinária. Durante as provas, a piauiense sempre fazia questão de colocar sua referência nordestina e apresentar um pouco mais da culinária no nosso Estado.
“Ao longo de todo o programa, eu tentei, o máximo que pude, colocar elementos da minha culinária, apesar de que nem todas as provas eram possíveis, pois algumas eram específicas, como da gastronomia alemã, e, mesmo sem nunca ter ido à Alemanha, eu ganhei a prova. Também ganhei uma prova de empratamento, quando eu fiz vieiras, que é um alimento que não é muito da nossa gastronomia e nem era muito simples. Mas o lugar que eu realmente pude me empoderar e fazer o que eu quis foi na final. Fiz o máximo que pude para mostrar tudo que o Piauí tem de bom, e o que cada região tem de bom. Nessa final, eu tentei traçar uma geografia culinária do Piauí em cima de ingredientes que, para mim, são importantes, enigmáticos e que precisam ser valorizados”, comenta.
Lorena Dayse diz que valoriza a culinária piauiense para que as pessoas entendam sua beleza - Foto: Arquivo Pessoal
Formada pela maior escola de gastronomia francesa do mundo, a Chef conta que sempre comenta da gastronomia piauiense em todos os lugares que percorre. Não somente por ser do Piauí, mas para mostrar os potenciais que existem no Estado. “Meu foco é, a cada dia, valorizar a culinária piauiense para que entendam sua credibilidade e beleza. Por onde passo, eu falo do Piauí e da nossa culinária. O prato que mais é cara do Piauí é o bode no leite de coco. Ele é um animal belíssimo, um sobrevivente, assim como o nordestino”, diz.
Para Lorena Dayse, são suas vivências, desde a infância, e sua relação com o Piauí que lhe inspiram na cozinha. Segundo a Chef, foi percorrendo várias cidades do Estado que ela pode ter ainda mais certeza de que, aqui, é seu lar.
“Minha família morava no bairro Piçarra, onde vivi por 24 anos, quando me mudei para a cidade de Piripiri, no qual vivi por dois anos acompanhando meu esposo.
Quando voltei para Teresina, me mudei para o bairro Piçarreira. Eu tenho uma relação muito grande com o bairro Marquês, porque minha avó tinha uma casa bem próxima ao Mercado e era um lugar que eu tinha uma relação afetiva muito grande. Nunca esqueci minhas raízes. Em todos os lugares que eu andei, de Teresina e do Piauí, eu tenho profunda admiração e pelas pessoas que constituem esses lugares também”, conclui Lorena Dayse.
Piauí no cheiro, paladar e lembranças
Mesmo morando em outro Estado, o Chef de cozinha, Luís Lima, nunca perdeu seus laços com o Piauí. As lembranças se fazem presentes na vida do piauiense, que, aos 24 anos, deixou nossa terra em busca de novas oportunidades. E essas memórias estão nos pequenos detalhes, como nas visitas às feiras e mercados com sua mãe, ou na roça e nas viagens ao interior do Estado com seu pai. “Quando estava sozinho, eu brincava na cozinha. Assim eu cresci em contato com as raízes culturais e gastronômicas do Piauí. É engraçado como a gente só percebe o que é ser piauiense quando vai embora. Pessoas, clima e comida diferentes, uma pitada de preconceito e é nessa hora que a saudade aperta. No meu caso, eu tinha a comida como ponto de conexão com minha casa. Posso estar em qualquer lugar do mundo, mas o cheiro de cuscuz quentinho me leva pra casa instantaneamente”, conta.
"O Piauí me deu de presente a pessoa que eu sou, o jeito d ser dos meus familiares, meu repertório visual e as minhas raízes culinárias", diz o chef Luís Lima - Foto: Arquivo Pessoal
A gastronomia sempre acompanhou Luís, que nunca abriu mão de suas raízes. A comida do Piauí tornou-se sua identidade e, mesmo longe de casa, ele carregava os elementos típicos do nosso Estado, como a tradicional carne de sol, que era comumente vista pendurada na varanda de seu apartamento. E, aos que se interessavam por suas receitas, Luís indicava seu canal no YouTube, com receitas bem piauienses, como o cuscuz, Maria Isabel, rabada e o baião de dois com carne de sol.
O Chef Luís Lima comenta ainda que o Piauí tem uma grande importância em sua vida, seja no campo pessoal como profissional. Mesmo morando em outro Estado, no Rio Grande do Norte, ele mantém as raízes piauienses e faz questão de continuar mantendo essa ligação com o Piauí.
“O Piauí me deu de presente a pessoa que eu sou, o jeito de ser dos meus familiares, meu repertório visual e as minhas raízes culinárias. O Piauí me deu tudo o que eu amo. Em 2014, fiz questão de levar minha filha para nascer em Teresina, pois queria que ela fosse piauiense como eu. Mesmo depois de 14 anos fora, faço questão de preservar meu sotaque, meus costumes, minhas origens e, hoje, eu penso em voltar. O sonho de criança ainda é o mesmo, morar numa casa no litoral do Piauí e cozinhar para as pessoas, por simples prazer”, confessa o Chef.
Os elementos tipicamente piauienses, como coentro, colorau e pimenta de cheiro, sempre se fazem presentes na culinária do Chef Luís Lima. Recentemente, Luís ajudou a criar algumas receitas para uma cervejaria, no qual foram escolhidos ingredientes regionais para a bebida, como tapioca e seriguela. Em breve, ele pretende lançar uma linha de geleias artesanais, também com alguns ingredientes do Piauí.
O Chef Luis Lima ainda assina o cardápio de uma hamburgueria em Teresina, onde criou um hambúrguer regional. “Um dia pretendo abrir um restaurante no Piauí, tenho até o nome e o conceito, mas ainda é um plano difícil de executar”, comenta.
Por: Isabela Lopes