O sistema prisional do Piauí atualmente conta com mais 6 mil piauienses cumprindo algum tipo pena nas unidades prisionais, por terem realizado atos criminosos. Os dados se referem a um recente censo penitenciário realizado pela Secretaria de Estado da Justiça (Sejus). O censo, que traz 49 novas informações, foi idealizado para nortear os trabalhos do órgão estadual, cujo objetivo é administrar a rede carcerária no Piauí.
Em entrevista ao programa de TV O Dia News, da O Dia TV, o secretário estadual de Justiça, Cel. Carlos Augusto, informou que 83% dos presos, ou seja, uma ampla maioria dos apenados, se declararam pessoas pretas ou pardas, e que 73% deles são de renda per capita familiar de um salário mínimo.
Segundo ele, as pessoas que se encontram no sistema prisional do Piauí são seres que, de alguma forma, feriram a legislação brasileira, mas que todos são assistidos para poderem ser reinseridos na sociedade.
“Não temos que romantizar a pena. Sabemos que estamos cuidando de pessoas que realizam algum tipo de crime, erros graves contra a sociedade. O primeiro protocolo dentro das unidades é de segurança. Mas o preso lá terá disciplina, obediência ao regimento interno, e demais cuidados para poder ser ressocializado”, disse o secretário.
O levantamento mostra também que 10% dos presos são analfabetos. Carlos Augusto destacou que o número em alguns casos chega a dobrar em análises com os detentos. “10% dos presos são analfabetos e quando perguntamos se sabem ler ou escrever sobe para quase 20%, pois as pessoas mesmo presas têm vergonha de se autodenominar analfabeto”, afirmou.
Confira os dados:
- Internos assistidos pela Defensoria Pública: 2.579;
- Presos definitivos (que foram julgados pela justiça): 3.683;
- Presos provisórios preventivos: 2.123;
- Presos provisórios temporários: 133;
- Presos por pensão alimentícia: 15;
- Primários (que praticaram um crime pela primeira vez): 2.997;
- Monitorados por tornozeleira eletrônica: 894;
- Entraram na criminalidade pelo uso de drogas: 63% dos presos.
Ainda segundo o levantamento, o Piauí tem 2.957 pessoas que já passaram pelo sistema carcerário estadual. Carlos Augusto explicou que esse montante é preocupante e que significa que mais de 50% dos presos são reincidentes.
Ressocialização dos presos
Na oportunidade, o gestor estadual argumentou que trabalhos da Sejus se sobrepõem ao “apenas” administrar os apenados nas unidades prisionais. Para ele, uma correta reeducação, com oficinas de capacitação, inserção no mercado de trabalho e alfabetização irão auxiliar ressocialização dos presos na sociedade.
“Falam de segurança e educação, mas esquecem que o sistema prisional é uma das partes, se não, a mais importante do sistema, pois recebemos tudo que a polícia militar e civil produz. Temos a responsabilidade hoje de reeducar. Sabemos que hoje educar, e reeducar pessoa que cometeram erros, é um grande desafio”, concluiu.
Atualmente, o Piauí conta com 17 unidades prisionais, distribuídas de Norte a Sul do Estado. A capacidade atual do sistema prisional no Piauí é de 3140 vagas.