Nos últimos seis meses, as carnes frescas tiveram queda de 2,89%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (INPC-A). Isso significa que as carnes estão mais baratas e, uma das explicações para isso, é a oferta. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil produziu 8,91 milhões de toneladas de carne bovina em 2023, com seu excedente direcionado para o consumo interno, fazendo aumentar a procura dos clientes.
Essa redução no preço tem sido boa para os consumidores, que estão comprando carnes bovinas com até R$ 10 abaixo do que tradicionalmente era encontrado. O aposentado e desenhista Manoel de Jesus, 71 anos, mora próximo ao Mercado do Parque Piauí, na zona Sul de Teresina, e costuma comprar carnes sempre no mesmo local. Segundo ele, a queda no preço desse produto é perceptível, apesar de não tão significativa. Apesar do valor não ser tão baixo, há uma pequena economia no final do mês.
“Senti um pouco mais barato, cerca de 20%. Como eu compro carne toda semana, não dá para ver muito o desconto, mas quando junta no final do mês, dá para perceber melhor. O valor agora está um pouco melhor que antes, claro, mas poderia ser melhor e mais baixo, comparado com o que estava”, complementa.
Porém, essa queda não tem agradado os comerciantes, que destacam a baixa procura e prejuízo. Lucimar Pereira trabalha há cerca de 15 anos no Mercado Público Municipal do Parque Piauí, localizado na zona Sul de Teresina, e comenta sobre a queda no preço da carne bovina.
“Caiu muito nos últimos meses, em todas as peças bovinas. Se antes a alcatra era vendida a R$ 37/kg, hoje é vendida por R$ 28/kg e ainda nem vende. O coxão mole custava R$ 35/kg e agora vendemos a R$ 25/kg. Essa queda é ruim, porque mesmo com a carne baixa, as pessoas não têm dinheiro para comprar, a carne sobra e acaba estragando”, conta.
Para não perder a mercadoria, muitos comerciantes estão buscando alternativas para atrair os clientes, como promoções e descontos ao longo de toda a semana, quando a movimentação no mercado não é tão intensa, como aos finais de semana.
“Temos que fazer promoções todos os dias. Se a costela é R$ 15/kg, em dia de promoção vendemos por R$ 12/kg, para ver se passa a mercadoria para frente e não estraga, porque a situação está complicada e difícil de manter o negócio”, enfatiza a permissionária Lucimar Pereira.
O economista Francisco Sousa explica que a atual configuração nos preços da carne bovina pode ter relação com alguns fatores, como os custos de produção [milho, soja e outras itens para alimentação do gado], que não tiveram alteração de preço, além da demanda do mercado internacional, que teve uma queda, somada às questões internas, como produtores estarem se desfazendo de seus rebanhos. Sobre a baixa procura pela carne bovina, o especialista enfatiza algumas situações que podem ter relação direta com a falta de interesse por esse produto.
“Isso pode estar acontecendo por questões relacionadas à saúde, como orientação médica para redução do consumo de carne vermelha, outra parcela da população tem deixado de consumir por ser vegetariana ou tem alguma limitação de saúde, além disso, há ainda o custo de vida, que nos últimos anos sofreu um grande impacto devido a inflação. São situações que, mesmo o preço caindo, devido a oferta, são pessoas que vão continuar sem consumir carne bovina”, destaca.
Uma opção imediata para atrair esses consumidores, conforme o economista Francisco Sousa, é apostar em promoções, descontos e facilidade de pagamento. Ao aderir a essas estratégias, os comerciantes podem, não apenas fazer com que os clientes voltem a comprar seus produtos, como se fidelizem.
Mesmo com alta no preço, procura por carne de carneiro cresce
Enquanto a carne bovina tem tido pouca procura, apesar do preço mais baixo, a carne de carneiro segue em alta entre os consumidores, mesmo com o valor acima. A explicação, segundo os comerciantes, é a qualidade e por ser uma carne mais saudável, sem tanta gordura. A carne de carneiro teve um pequeno aumento nas últimas semanas, se antes o produto era vendido a R$ 30/kg, agora está custando R$ 32/kg.
“O fornecedor é de Paulistana, região Sul do Piauí, como aumentou, acaba aumentando para o consumidor também. Mesmo com alta, os clientes procuram porque tem qualidade. Quem consome carneiro é porque realmente gosta”, conta o permissionário Thiago Andrei, que trabalha no Mercado do Parque Piauí há cinco anos, juntamente com o pai.
José Santana de Oliveira Júnior trabalha no local há quase quatro décadas e também vende carne de caprino e suíno. Segundo ele, as carnes de animais de pequeno porte ainda são bastante procuradas devido à baixa quantidade de gordura, tornando-se mais saudável.
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