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Ministro da Saúde pede demissão menos de um mês após tomar posse

Nelson Teich e o presidente Jair Bolsonaro divergiam quanto ao uso da cloroquina no tratamento da covid. Ministro é contra a administração do remédio em pacientes.

15/05/2020 12:17

O ministro da Saúde, Nelson Teich, pediu demissão nesta sexta-feira (15) ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Teich anunciou que quer deixar o cargo menos de um mês depois de ter assumido o Ministério. A posse dele aconteceu no dia 17 de abril após a demissão de Luís Henrique Mandetta. A informação foi divulgada pelo portal de notícias Uol.


Leia também: Médicos têm autonomia para uso de hidroxicloroquina em THE, afirma Firmino



O ministro Nelson Teich pediu demissão nesta sexta-feira (15) - Foto: Agência Brasil

Quando recebeu a notícia de que seu ministro da Saúde tinha pedido para sair, o presidente Jair Bolsonaro estava participando do lançamento de uma campanha de conscientização contra a violência doméstica feita pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. 

A titular da pasta, ministra Damares Alves, esteve ontem (14) aqui no Piauí para conhecer o uso da cloroquina no protocolo de atendimento aos pacientes com covid-19 em Floriano. Ela veio acompanhada de uma equipe do Ministério da Saúde e levou uma cópia do protocolo justamente para ser entregue ao ministro Nelson Teich.

Ministro tinha ressalvas quanto ao uso da cloroquina

O ministro Teich e o presidente Jair Bolsonaro já vinham tendo alguns atritos devido ao uso da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes com covid-19. Oncologista e nome renomado na comunidade científica, Teich se posicionou contra a decisão do presidente de exigir o emprego do fármaco no protocolo de tratamento. No começo desta semana, o ministro publicou em seu Twitter: “Uma alerta importante: a cloroquina é um medicamento com efeitos colaterais. Então, qualquer prescrição deve ser feita com base em avaliação médica. O paciente deve entender os riscos e assinar o ‘Termo de Consentimento’ antes de iniciar o uso da cloroquina”.

Mesmo com as afirmações do ministro, ontem (14) o presidente Jair Bolsonaro voltou a exigir que o Ministério da Saúde adotasse um protocolo prevendo o uso da cloroquina nos pacientes em estado inicial da contaminação pelo coronavírus, apesar de não haver estudos conclusivos sobre a eficácia do fármaco no tratamento da doença nem nada documentado a respeito com o aval da comunidade científica.


Nelson Teich e Jair Bolsonaro divergiam quanto ao uso da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes com Covid-19 - Foto: Reprodução

A necessidade de se estudar a aplicação do medicamento também está sendo discutida aqui no Piauí. É que o protocolo adotado pela atenção básica em saúde no Município de Floriano, em especial no Hospital Regional Tibério Nunes, tem dado resultados a princípio positivos para o uso da cloroquina na fase inicial da covid-19. Segundo o diretor clínico da unidade e os médicos que coordenam as pesquisas nesse sentido, bem como o protocolo, o fármaco atua de maneira positiva na redução da inflamação pulmonar evitando que o paciente apresente complicações e precise ir para a UTI.

Foi este protocolo que foi apresentado à ministra Damares Alves no dia de ontem (14) e o qual ela levou para ser entregue diretamente ao ministro Nelson Teich. No Piauí, o Governo instaurou um comitê médico para avaliar a aplicação da cloroquina junto com a azitromicina no protocolo de atendimento da covid-19 atendendo a uma recomendação do Ministério Público Federal, que exigiu que o estado adotasse a quarta atualização do protocolo padrão da doença, que prevê o uso do medicamento.

Por conta da divulgação de informações, inclusive por parte do próprio Governo Federal, da alegada eficácia da cloroquina no tratamento da Covid-19, a Anvisa precisou restringir a venda do fármaco, uma vez que houve uma corrida à farmácias por parte da população, resultando em uma queda no estoque que ameaça inclusive pessoas que de fato precisam do medicamento para tratamento de doenças crônicas como o lúpus e o reumautismo.

Por: Maria Clara Estrêla, com informações da Uol
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