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Mais de 3.200 pessoas deram entrada no HUT vítimas de acidente no trânsito

Maio Amarelo alerta para comportamento seguro no trânsito.

06/05/2016 07:07

Assim como o Outubro Rosa, que chama atenção para a prevenção do câncer de mama, e o Novembro Azul, que alerta para o câncer de próstata, o Maio Amarelo também discute uma causa muito importante, que é conscientização da sociedade em adotar um comportamento mais seguro e responsável no trânsito. Por conta disso, iniciou ontem (5), no cruzamento das avenidas Frei Serafim com Miguel Rosa, as ações alusivas à campanha, que seguirá durante todo este mês, através de atividades educativas em diversos bairros de Teresina.


Foto: Divulgação


Segundo Samyra Motta, gerente de Educação de Trânsito da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (Strans), a campanha visa sensibilizar não somente os motoristas e ciclistas, mas pedestres e toda a sociedade. Ela destaca que a quantidade de acidente no trânsito tem aumentado consideravelmente nos últimos anos e esta crescente já se tornou um problema de saúde pública.

“Temos que chamar atenção e conscientizar o condutor para que ele se comporte melhor no trânsito, respeite as leis de trânsito, porque as maiores causas de acidentes e mortes se deve ao mau comportamento do condutor. Precisamos que cada um faça sua parte para diminuir os acidentes”, disse.

Samyra destaca que, com base nos relatórios do projeto Vida no Trânsito, pode-se observar que o motociclista continua sendo a principal vítima de acidentes de trânsito. “Os motociclistas estão no topo de vítimas e mortes de acidentes de trânsito, infelizmente. E esse é um grupo de risco que o projeto adotou aqui em Teresina, por conta deles serem não somente as vítimas, mas os causadores de acidentes também”, enfatiza.

“Cerca de 80% dos acidentes têm como participante os motociclistas”, completa Samyra Motta, enfatizando que essas vítimas acabam gerando um gasto muito alto à Saúde do Estado. “Esse gasto poderia estar sendo usado por pessoas que não escolheram estar doentes, como por exemplo pessoas doentes do coração ou com câncer. Por isso, precisamos discutir a importância do comportamento do trânsito, tanto pela vida quanto pelos custos, que poderiam ser investidos com quem não pode gastar”, ponderou Samyra Motta.

A gerente de Educação de Trânsito da Strans argumentou ainda que muitas vítimas sofrem com traumas para a vida toda, como perdendo os movimentos do corpo ou ainda tendo um membro do corpo amputado. Ela destaca que é importante discutir a temática como forma de prevenção, utilizando cinto de segurança, capacete, respeitar o limite de velocidade, não beber e dirigir, não cometer ultrapassagens irregulares, entre outros.

“Infelizmente, as pessoas só refletem quando perdem alguém próximo, mas não precisa isso acontecer, é só se prevenir. Não precisa nem o órgão de trânsito estar aqui, basta ver os acidentes, alguém falar, a gente sempre conhece alguém que perdeu um parente por conta de acidente no trânsito, então é melhor se prevenir do que perder alguém”, finalizou.

Outras ações educativas serão realizadas ao longo do mês de maio em Teresina, com a entrega de panfletos, adesivos, uso de faixas e cartazes, além de blitze de fiscalização em todas as zonas da cidade, no intuito de alertar sobre o comportamento irregular no trânsito. Pontos turísticos da Capital receberão iluminação especial na cor amarela, como a Ponte João Isidoro França, a Ponte Estaiada, assim como a iluminação dos shoppings de Teresina.

Acidentes causam amputações, lesões na medula e traumatismos craneoencefálicos

Os acidentes de trânsito, além de tirar a vida das vítimas, também podem deixar marcas que nunca serão esquecidas. Segundo Leonardo Raphael Santos Rodrigues, terapeuta neurofuncional e gerente de reabilitação do Centro Integrado de Reabilitação (Ceir), as amputações por acidentes de trânsito são os maiores casos de pacientes que procuram atendimento no Centro.

Ele conta que a quantidade de pacientes que dá entrada no Ceir, com diferentes lesões por conta de acidentes de trânsito, tem sido crescente e, além das amputações, também são registrados traumatismos craneoencefálico (TCE) e lesões medulares. Leonardo Raphael Santos pontua ainda que a maioria das vítimas são motociclistas.

No ano de 2015, o Ceir realizou 7.891 atendimentos a pacientes vítimas de acidentes de trânsito. Este ano, de janeiro a maio, foram realizados 1.762 atendimentos, incluindo consultas, entrega de órteses e próteses, atendimento de enfermagem, entre outros. O número de pacientes cadastrados, vítimas de trânsito, no ano de 2015 foram de 12; já este ano, não houve registro. De 2008 até 2015, o Ceir cadastrou 342 pacientes vítimas de acidente de trânsito.

“É importante frisar que são doenças que ocasionam um alto custo para o governo, em termos de atendimento, porque o paciente precisa de um tratamento multiprofissional e interdisciplinar, outra coisa são as sequelas que esses acidentes deixam. Pacientes com lesões neurológicas sempre ficam com sequelas e dificilmente o paciente se recupera de forma plena. Nós readaptamos o paciente e reinserimos na sociedade, mas infelizmente, como as sequelas são graves, não conseguimos fazer essa reinserção, então o paciente será dependente de seus familiares e cuidadores para o resto da vida”, frisa.

O terapeuta neurofuncional e gerente de reabilitação do Ceir acrescenta que, mesmo com a realização de diversos procedimentos médicos e acompanhamento com equipes multidisciplinares, que pode demorar anos, esse paciente terá traumas para a vida toda. Para ele, a principal maneira de evitar essas sequelas é a prevenção dos acidentes.

“O melhor remédio é a prevenção, porque uma vez com a lesão, ele dificilmente terá o restabelecimento pleno da função e é um tratamento a longo prazo. O paciente entra e passa muitas vezes dois, cinco, dez anos de tratamento e, mesmo assim, não tem recuperação total. Muitos pacientes são adultos jovens, principalmente que consumiram bebida alcoólica e velocidade, é muito comum, e todos em idade produtiva. E param mesmo, a maioria são pais de família, filhos mais velhos que estão ajudando a sustentar a família e percebemos que mexe com toda a dinâmica familiar e as sequelas são devastadoras; por isso, a importância de se prevenir”, finaliza Leonardo Raphael Santos.


Por: Isabela Lopes - Jornal O DIA
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