Assim como o Outubro Rosa,
que chama atenção para a prevenção
do câncer de mama, e o
Novembro Azul, que alerta para o
câncer de próstata, o Maio Amarelo
também discute uma causa
muito importante, que é conscientização
da sociedade em adotar
um comportamento mais seguro
e responsável no trânsito. Por
conta disso, iniciou ontem (5), no
cruzamento das avenidas Frei Serafim
com Miguel Rosa, as ações
alusivas à campanha, que seguirá
durante todo este mês, através de
atividades educativas em diversos
bairros de Teresina.
Foto: Divulgação
Segundo Samyra Motta, gerente
de Educação de Trânsito da
Superintendência Municipal de
Transporte e Trânsito (Strans),
a campanha visa sensibilizar não
somente os motoristas e ciclistas,
mas pedestres e toda a sociedade.
Ela destaca que a quantidade
de acidente no trânsito tem aumentado
consideravelmente nos
últimos anos e esta crescente já
se tornou um problema de saúde
pública.
“Temos que chamar atenção
e conscientizar o condutor para
que ele se comporte melhor no
trânsito, respeite as leis de trânsito,
porque as maiores causas de
acidentes e mortes se deve ao mau
comportamento do condutor.
Precisamos que cada um faça sua
parte para diminuir os acidentes”,
disse.
Samyra destaca que, com base
nos relatórios do projeto Vida no
Trânsito, pode-se observar que
o motociclista continua sendo a
principal vítima de acidentes de
trânsito. “Os motociclistas estão
no topo de vítimas e mortes de
acidentes de trânsito, infelizmente.
E esse é um grupo de risco
que o projeto adotou aqui em
Teresina, por conta deles serem
não somente as vítimas, mas os
causadores de acidentes também”,
enfatiza.
“Cerca de 80% dos acidentes
têm como participante os motociclistas”,
completa Samyra Motta,
enfatizando que essas vítimas
acabam gerando um gasto muito
alto à Saúde do Estado. “Esse
gasto poderia estar sendo usado
por pessoas que não escolheram
estar doentes, como por exemplo
pessoas doentes do coração ou
com câncer. Por isso, precisamos
discutir a importância do comportamento
do trânsito, tanto
pela vida quanto pelos custos,
que poderiam ser investidos com
quem não pode gastar”, ponderou
Samyra Motta.
A gerente de Educação de Trânsito
da Strans argumentou ainda
que muitas vítimas sofrem com
traumas para a vida toda, como
perdendo os movimentos do corpo
ou ainda tendo um membro do
corpo amputado. Ela destaca que
é importante discutir a temática
como forma de prevenção, utilizando
cinto de segurança, capacete,
respeitar o limite de velocidade,
não beber e dirigir, não cometer
ultrapassagens irregulares, entre
outros.
“Infelizmente, as pessoas só refletem
quando perdem alguém
próximo, mas não precisa isso
acontecer, é só se prevenir. Não
precisa nem o órgão de trânsito estar
aqui, basta ver os acidentes, alguém
falar, a gente sempre conhece
alguém que perdeu um parente
por conta de acidente no trânsito,
então é melhor se prevenir do que
perder alguém”, finalizou.
Outras ações educativas serão
realizadas ao longo do mês de
maio em Teresina, com a entrega
de panfletos, adesivos, uso de faixas
e cartazes, além de blitze de
fiscalização em todas as zonas da
cidade, no intuito de alertar sobre
o comportamento irregular no
trânsito. Pontos turísticos da Capital
receberão iluminação especial
na cor amarela, como a Ponte João
Isidoro França, a Ponte Estaiada,
assim como a iluminação dos
shoppings de Teresina.
Acidentes causam amputações, lesões na
medula e traumatismos craneoencefálicos
Os acidentes de trânsito, além de
tirar a vida das vítimas, também podem
deixar marcas que nunca serão
esquecidas. Segundo Leonardo Raphael
Santos Rodrigues, terapeuta
neurofuncional e gerente de reabilitação
do Centro Integrado de Reabilitação
(Ceir), as amputações por
acidentes de trânsito são os maiores
casos de pacientes que procuram
atendimento no Centro.
Ele conta que a quantidade de
pacientes que dá entrada no Ceir,
com diferentes lesões por conta de
acidentes de trânsito, tem sido crescente
e, além das amputações, também
são registrados traumatismos
craneoencefálico (TCE) e lesões
medulares. Leonardo Raphael Santos
pontua ainda que a maioria das
vítimas são motociclistas.
No ano de 2015, o Ceir realizou
7.891 atendimentos a pacientes vítimas
de acidentes de trânsito. Este
ano, de janeiro a maio, foram realizados
1.762 atendimentos, incluindo
consultas, entrega de órteses e
próteses, atendimento de enfermagem,
entre outros. O número de
pacientes cadastrados, vítimas de
trânsito, no ano de 2015 foram de
12; já este ano, não houve registro.
De 2008 até 2015, o Ceir cadastrou
342 pacientes vítimas de acidente
de trânsito.
“É importante frisar que são
doenças que ocasionam um alto
custo para o governo, em termos
de atendimento, porque o paciente
precisa de um tratamento multiprofissional
e interdisciplinar, outra
coisa são as sequelas que esses
acidentes deixam. Pacientes com
lesões neurológicas sempre ficam
com sequelas e dificilmente o paciente
se recupera de forma plena.
Nós readaptamos o paciente e reinserimos
na sociedade, mas infelizmente,
como as sequelas são graves,
não conseguimos fazer essa reinserção,
então o paciente será dependente
de seus familiares e cuidadores
para o resto da vida”, frisa.
O terapeuta neurofuncional e gerente
de reabilitação do Ceir acrescenta
que, mesmo com a realização
de diversos procedimentos médicos
e acompanhamento com equipes
multidisciplinares, que pode
demorar anos, esse paciente terá
traumas para a vida toda. Para ele, a
principal maneira de evitar essas sequelas
é a prevenção dos acidentes.
“O melhor remédio é a prevenção,
porque uma vez com a lesão,
ele dificilmente terá o restabelecimento
pleno da função e é um tratamento
a longo prazo. O paciente
entra e passa muitas vezes dois,
cinco, dez anos de tratamento e,
mesmo assim, não tem recuperação
total. Muitos pacientes são adultos
jovens, principalmente que consumiram
bebida alcoólica e velocidade,
é muito comum, e todos em
idade produtiva. E param mesmo,
a maioria são pais de família, filhos
mais velhos que estão ajudando a
sustentar a família e percebemos
que mexe com toda a dinâmica
familiar e as sequelas são devastadoras;
por isso, a importância de
se prevenir”, finaliza Leonardo Raphael
Santos.