Após a ordem de despejo da família de Dionísio Rodrigues não ter sido cumprida no bairro Uruguai, zona Leste de Teresina, o O Dia entrou em contato com Cleide Alves, filha de Rubens Nunes Alves, o proprietário da residência. Em entrevista, Cleide afirmou que o terreno pertence ao pai e que a reintegração de posse do terreno já foi dada
A filha contou a versão da família. “Ele pode estar até mais de que trinta e cinco anos lá. Mas eles são sabedores que sempre existiu dono. Quando meu pai comprou esse terreno, eu não era nem nascida. Ele deixou uma pessoa morando por bondade. Ele não estava precisando no momento. Esse senhor ficou morando e depois o filho dele também. Mas a gente, todos os anos, andava lá avisando que era para eles saírem e não precisava de confusão, não precisava de justiça”, explica.
Segundo a filha do proprietário, um dos moradores já havia tentado vender o imóvel para terceiros. “O rapaz que o papai deixou morando, chegou a tentar vender para outras pessoas. Eu mesma me fiz de compradora para saber como era a história da venda. E ele ofereceu a 120 mil, dizendo que o terreno era dele. Mas, que na verdade era nosso, sempre foi nosso. Todos os anos a minha mãe paga o IPTU, e o talão vem com o endereço daqui de casa. Nunca foi para lá”, ressalta.
Cleide também rebate a informação de que a casa foi construída por um programa habitacional. “Não procede, o terreno nunca fez parte de programa nenhum, papai comprou esse terreno de uma imobiliária que, inclusive, se eu não me engano, ainda existe lá na Ladeira do Uruguai mesmo. Esse terreno nunca foi de prefeitura, nunca foi de programa de governo federal. Esse terreno é do meu pai e ele tem ele tem os documentos. Simples assim”, afirma.
Durante a reintegração de posse, a filha afirmou que Rubens, que hoje tem 75 anos de idade, chegou a ficar alterado. "O meu pai saiu de lá com a pressão alta. Quando eu peguei meu pai ontem para levar para lá, porque a oficial de justiça disse que ele tinha que estar lá, o meu pai estava num postinho com a pressão alta".
“Eu não tenho nada contra eles. Inclusive, tenho até pena de todos que moram sem casa. Mas meu pai tem sete filhos e só três têm casa própria. Os outros não tem casa própria. Não é justo meu pai trabalhar a vida toda, deixar de dar para nós que somos filhos dele legítimos para dar para um estranho que usou de má-fé”, avalia.
Cleide Alves afirma que até toparia em negociar a casa para a venda, e a família seria prioridade na venda, porém não irá ceder a casa para os atuais moradores.
Dionísio diz que quem construiu a casa foi a Prefeitura
Ao O Dia, Dionísio Rodrigues voltou a afirmar que "a Prefeitura construiu a casa, mas até agora ela não deu nenhum papel. A única coisa que a gente tem aqui são só as fichas de material que é que a gente recebia da Prefeitura".
Já o representante da comunidade, Jhonas Viera, explica que o terreno de fato foi comprado há muito tempo pelos supostos proprietários, mas ao ficar abandonado, o local foi ocupado e a Prefeitura de Teresina teria construído uma casa através do programa Morar Melhor. "Aqui era um matagal, mas como não tinha luz e água , eles comparam o terreno e depois abandonaram. Ela disse que o pai dela deixou uma pessoa olhando o terreno, mas isso não é verdade", aponta.
Ainda conforme Jhonas Viera, o requerimento do terreno se dá em virtude da valorização recente do imóvel. "Os supostos donos do terreno legalizaram os documentos que estariam com pagamentos em atraso para que fosse possível solicitar o requerimento. O terreno agora vale cerca de R$ 300 mil hoje tem essa guerra", disse o representante do bairro.
Programa Morar Melhor
O Portal O DIA pesquisou sobre o Programa Morar Melhor, que seria da Prefeitura de Teresina, e constatou que o programa habitacional realmente existiu.
Durante o processo de produção da reportagem, a equipe entrou em contato com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (SEMDUH) para obter esclarecimentos. No entanto, até o momento, não obtivemos retorno. O espaço permanece aberto para esclarecimentos.