As doenças cardíacas são as que mais matam no mundo. No Brasil, a cada minuto que passa, um cidadão morre vítima de infarto do coração. Atualmente, 14 milhões de brasileiros possuem problemas cardiovasculares e, segundo o Ministério da Saúde, ocorrem cerca de 400 mil casos de infarto por ano, um número que vem apresentando cada vez mais crescimento, tendo em vista o ritmo frenético que boa parte da sociedade vive. 

Em entrevista ao O DIA, o médico cardiologista e diretor do Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Paulo Márcio, explica que 20% dos casos de ataques cardíacos são desencadeados por situações de estresse emocional. “Hoje, meio bilhão de pessoas têm doenças cardíacas em todo o mundo. Cerca de 20% das mortes ocorrem em meio a estresse forte e repentino. Hoje o estresse é a doença do século, é preciso controlar”, afirma o médico. 

O especialista destaca a importância de pessoas com mais de 40 anos realizarem avaliações cardíacas anualmente e, assim, descartar a possibilidade de uma doença cardiovascular. “Está comprovado que quem faz avaliação cardíaca vive mais e vive melhor. Quem se ama, se cuida. Com esses exames, nós testamos o coração da pessoa e assim damos uma maior garantia e segurança a ela”, aponta Paulo Márcio.

Uma das principais formas de prevenir o infarto é ter uma alimentação equilibrada alinhada ao exercício físico regular. No entanto, é importante ressaltar que exercícios de alto impacto podem desencadear um ataque cardíaco em pessoas que já tem predisposição para tal. 

Sabemos que quem faz atividade física tem uma vida melhor, pois diminui a chance de ter um infarto. Mas, é preciso lembrar que a atividade mal feita, ou feita por alguém que está a beira de ataque cardíaco, ao invés de salvar, ela mata.

O médico ressalta que quando fazemos exercícios físicos, são liberadas substâncias como a adrenalina, que podem elevar a pressão e aumentar a dilatação dos vasos. Com isso, pode-se desencadear um infarto. Durante a entrevista, Paulo Márcio lembra do caso do prefeito de Dirceu Arcoverde, município do Piauí, que morreu de infarto após participar de uma partida de futebol.

“Muitas vezes, essas pessoas têm doenças e nem sabem disso. No Brasil, 30% das pessoas que têm pressão alta não sabem que têm e acaba descobrindo apenas quando tem um infarto ou um derrame. Às vezes a pessoa tem colesterol alto, diabete e começa a praticar uma atividade física como o futebol e é subitamente atacada por um infarto”, reforça.

Problemas no coração podem ser hereditários

Entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento de problemas de coração, o histórico familiar precisa de atenção. Filhos de pessoas cardíacas têm 10 vezes mais chances de ter a mesma doença, mesmo que se exercitem de forma regular e se alimentem bem. 

Existem fatores de risco que a gente muda. Pressão alta, diabetes, colesterol, nós conseguimos controlar. Mas, não mudamos o sangue e a hereditariedade. Pessoas filhas de cardíacos têm mais chances de ter a doença que os pais tenham.

Dessa forma, mesmo que as pessoas não tenham sintomas, é importante consultar um cardiologista e realizar exames médicos periódicos. “Tratar essa doença é evitá-la. É preciso prevenir os fatores de risco. Essa é uma doença evitável. É possível controlar o colesterol e a diabetes, tendo uma alimentação saudável, rica em verduras. Vale lembrar que a comida no óleo mata, então é preciso diminuir. A alimentação é um hábito. Se o hábito é ruim e a pessoa come mal todos os dias, isso não faz bem”, comenta o cardiologista.

Tipos de infarto

O infarto é uma condição médica grave que ocorre quando o suprimento de sangue para o coração é interrompido, causando danos às células do músculo cardíaco. Conforme o Hospital Israelita Albert Einstein, existem diferentes tipos de infarto, cada um com suas próprias características e causas. Conheça a seguir os cinco principais tipos: 

• Infarto por Acúmulo de Gordura:

Este é o tipo mais comum de infarto e ocorre quando há acúmulo de gordura na parte interna das artérias coronárias. Uma placa de gordura pode sofrer fissura, erosão ou ruptura, formando um coágulo que bloqueia o fluxo sanguíneo para o coração. Esse tipo de infarto pode ocorrer a qualquer momento.

• Infarto por Desequilíbrio na Demanda de Oxigênio:

O tipo 2 ocorre quando a demanda de oxigênio pelo coração não corresponde à oferta disponível. Isso pode acontecer em situações como cirurgias não cardíacas, anemia profunda, arritmias frequentes, crise tireotóxica (excesso de hormônios da tireoide) e problemas de pressão arterial, como hipertensão ou hipotensão.

• Infarto Fulminante:

O infarto fulminante é o mais temido, pois pode levar à morte súbita antes que qualquer tratamento seja realizado. Geralmente, ocorre devido à falta de oxigênio e nutrientes para as células cardíacas ou lesões que afetam a frequência cardíaca, resultando em arritmias graves.

• Infarto Relacionado à Angioplastia Coronariana:

Este tipo de infarto está relacionado a procedimentos de angioplastia coronariana, nos quais uma placa de gordura é removida e um stent (um microtubo) é colocado para restabelecer o fluxo sanguíneo numa artéria entupida. No entanto, a eliminação da placa de gordura pode gerar partículas que obstruem vasos próximos. Também pode ocorrer trombose dentro do stent.

• Infarto Pós-Cirurgia de Revascularização do Miocárdio:

O tipo 5 pode ocorrer após a cirurgia de revascularização do miocárdio, também conhecida como cirurgia de ponte de safena. Nesse procedimento, um pedaço da veia safena da perna é usado para criar uma "ponte" entre os vasos cardíacos e a aorta, restaurando o fluxo sanguíneo. No entanto, em alguns casos, pode ocorrer um infarto após a cirurgia.

É fundamental compreender que os diferentes tipos de infarto têm causas e características distintas, exigindo abordagens específicas de diagnóstico e tratamento. A prevenção e o cuidado com a saúde cardíaca desempenham um papel crucial na redução do risco de infarto, independentemente do tipo.

Quais são os sintomas de infarto?

Nosso corpo, muitas vezes, emite sinais de alerta antes que um infarto ocorra, oferecendo a chance de reconhecimento precoce e busca de ajuda. De acordo com o Hospital do Coração (HCOR), os sintomas em homens e mulheres podem ser diferentes. 

Em homens, a dor do infarto geralmente é percebida como uma pressão no peito e pode ser acompanhada de suor frio. Já nas mulheres, os sintomas podem variar mais. As dores são, geralmente, descritas como queimação e pontadas na região do peito. 

Abaixo, trouxemos uma lista de 15 maneiras de identificar os sintomas mais evidentes de um ataque cardíaco:

1. Fadiga persistente: Se você se sente extremamente cansado, mesmo após um dia sem esforço físico significativo, fique atento. A fadiga excessiva pode ser um sinal de alerta que se manifesta dias ou semanas antes de um infarto.

2. Desconforto abdominal intenso: Uma pressão abdominal súbita e intensa, muitas vezes acompanhada por uma dor de estômago aguda e inexplicável, deve ser levada a sério.

3. Dor no peito que se espalha: A dor no peito nem sempre se limita ao lado esquerdo. Ela pode se irradiar para várias áreas do peito, causando sensação de aperto ou rigidez.

4. Náusea, tontura e falta de ar: Se você sentir náusea ou tontura repentinamente, juntamente com dificuldade para respirar, esses sintomas podem estar interligados e indicar um problema cardíaco.

5. Suor frio e repentino: O suor frio que surge sem aviso prévio, especialmente em mulheres, pode ser um indicativo de que algo está errado com o coração.

6. Espasmos no pescoço e mandíbula: A dor aguda no pescoço ou mandíbula, que pode ser gradual ou súbita, não deve ser ignorada.

7. Dor torácica diversificada: A dor no peito não é uniforme; ela pode se estender a diferentes áreas do peito, causando sensações de pressão ou peso.

8. Desconforto nos braços: A dor que começa no peito pode se espalhar para os braços, ombros e cotovelos. Além disso, dormência e formigamento nesses membros podem ocorrer.

9. Tosse persistente: A tosse contínua, muitas vezes acompanhada de escarro sanguinolento, é um sintoma que não deve ser subestimado devido à acumulação de secreções nos pulmões.

10. Inquietação e Ansiedade: Meses antes de um infarto, a pessoa pode experimentar ansiedade, agitação e insônia, que são indicativos de que algo pode estar errado com o coração.

11. Batimentos cardíacos anormais: Batimentos cardíacos irregulares e acelerados, especialmente quando combinados com dificuldades respiratórias, tontura e fraqueza, são sinais de que um ataque cardíaco pode estar prestes a ocorrer.

12. Inchaço Corporal: O inchaço no abdômen, pés, pernas e tornozelos, juntamente com alterações súbitas no peso ou perda de apetite, também são indicativos de que algo pode estar afetando a saúde cardíaca.

Embora o sedentarismo e a obesidade não sejam sintomas de infarto, são fatores de risco que podem agravar o quadro. Portanto, manter um estilo de vida ativo e um peso saudável é fundamental para proteger o coração contra essa condição potencialmente fatal.